A
situação do Brasil, devido à incidência da Covid-19, é extremamente preocupante,
à vista do registro da média móvel de 1.180 mortes, que é a maior desde o
início da pandemia, segundo o boletim divulgado pelos veículos de imprensa.
Nas
últimas 24 horas, foram notificados 50.840 novos casos e 1.275 novas mortes por
Covid-19, o que mostra que, segundo o levantamento, o país contabiliza, agora, 10.508.634
infecções e 254.263 óbitos causados pela incontrolável pandemia.
Na
última quinta-feira, foram registrados, no país, 1.582 óbitos por Covid-19, que
é o número recorde desde o início da pandemia, cuja média móvel também bateu o
recorde, tendo atingido 1.150 mortes diárias.
Em
todo o país, 6,5 milhões de pessoas receberam a primeira dose do imunizante, o
equivalente a apenas 3,09% da população brasileira, enquanto a segunda dose da
vacina foi aplicada em 1,9 milhão de pessoas, ou o equivalente a 0,91% da
população.
No
momento de intensa incidência da doença, ao menos treze estados estão com taxas
de internação por Covid-19 acima de 80% nas UTIs da rede pública, havendo
notícia de que, em outros, as taxas ascendem a 100%, o que significa que muitas
pessoas doentes estão sendo atendidas de maneira precária, sem aos necessários equipamentos
apropriados à devida assistência médico-hospitalar, fato este que só confirma a
gravidade que impera na saúde pública do país.
Diante
do indiscutível caos que grassa no país, em verdadeiro massacre sobre a população,
o presidente da Câmara dos Deputados anunciou que vai convocar reunião com os
governadores para ouvir sugestões de medidas para o enfrentamento à pandemia e
para a formulação do Orçamento.
Por
meio de publicação nas redes sociais, o parlamentar disse que a ideia é que
essas sugestões de medidas emergenciais tramitem na Câmara com urgência.
O
parlamentar afirmou que "Neste momento em que inúmeros governadores
estão tendo que tomar a difícil decisão do lockdown, é hora de contribuir,
buscando novas alternativas e novas vias legais para, juntos, mitigarmos essa
crise”.
Sem
a menor preocupação com o suscitamento de ideias no âmbito do governo, que
dispõe de órgão com fantástica estrutura de ministério, que permanece inerte,
completamente omisso diante da gravidade da saúde pública, como se esse gravíssimo
problema não fosse da sua incumbência constitucional e legal, o presidente da
República disse, em tom bastante claro e ainda mais ameaçador, que os
governadores que fecham comércio "é que devem bancar o auxílio
emergencial", não restando nada mais estarrecedor do que a prioridade
do governo federal, nesse caso, mesmo diante do limite do caos, à vista da superlotação
nos hospitais de doentes pela Covid-19, é literalmente o salvamento da economia,
dando a entender que a vida humana não passa de meros números para estatística
oficial de mortes.
Causa
perplexidade ainda se verificar o tanto da insensibilidade demonstrada por muitas
pessoas que ainda conseguem enxergar montanhas de competência em governo que
não tem a mínima iniciativa para tentar encontrar mecanismos dentro da sua
competência institucional, em cristalina evidência de que vale muito mais a
importância do cargo público do que a relevância da vida humana, que vem sendo
tratada em inferioridades aos princípios da economia, porque estes, ao que tudo
indica, têm o peso de ouro na avaliação sobre os componentes necessários à reeleição.
Pobre
Brasil cujo povo consegue subverter, em nome do fanatismo, da ideologia, os verdadeiros
valores dos princípios, em que o econômico se antepõe ao humanitário, quando as
civilizações mais primitivas ainda consideram que o ser humano goza da primazia,
por mais que outros princípios possam ser essenciais à vida das pessoas, porque
são estas as responsáveis pela existência das demais, inclusive da economia.
Enfim,
a importante e urgente iniciativa anunciada pelo presidente da Câmara dos
Deputados apenas demonstra que a principal autoridade incumbida de cuidar diretamente
da saúde e da vida dos brasileiros se encontra para lá de Bagdá, muito mais
preocupado com algo relacionado com a reeleição ou como se livrar de processo de
impeachment, dando azo para que presidente de outro poder da República tente
buscar subsídios para a formulação de políticas capazes de influenciar no
saneamento das questões pertinentes ao combate à pandemia.
Isso
só demonstra a completa falta de sensibilidade administrativa para o
enfrentamento de crise da maior gravidade, ante a incapacidade gerencial
extremamente prejudicial aos interesses dos brasileiros, conforme mostram os
fatos, em que o principal órgão com o nome de saúde não tem condições mínimas de
oferecer qualquer contribuição efetiva para o combate da pandemia, ficando à
mercê das ordens vindas de cima, que são absolutamente inexistentes, cuja consequência
natural é o normal desastre que foi espargida sobre a saúde pública brasileira.
Na
verdade, o que poderia contribuir para minimizar tamanha crise da saúde pública
seria a imunização das pessoas, como medida segura de se contribuir para frear
a onda da incidência da Covid-19, mas as vacinas apareceram tarde demais e, o
mais grave, à conta gotas, totalmente insuficientes para o atendimento da
demanda, o que evidência o tamanho da insensibilidade para com a saúde e a vida
dos brasileiros, que merecem tratamento prioritário, quando a sua saúde se
encontra em jogo.
É
preciso que os brasileiros se conscientizem, com urgência, despojados dos
sentimentos puramente ideológicos, para a defesa dos interesses da vida do ser
humano, no sentido da compreensão quanto à necessidade de se exigir que o
governo atente para a sua primária incumbência de zelar e preservar a saúde dos
brasileiros, que deverá ser priorizada, independentemente de outras
consequências, inclusive econômicas, tendo em vista, que na essência, não
existe nada mais precioso do que a vida humana e todos os empenhos e esforços
precisam ser adotadas em nome da salvação da dignidade dos princípios
humanitários.
Brasília, em 28 de fevereiro de 2021