domingo, 28 de fevereiro de 2021

A inércia como princípio?

 

A situação do Brasil, devido à incidência da Covid-19, é extremamente preocupante, à vista do registro da média móvel de 1.180 mortes, que é a maior desde o início da pandemia, segundo o boletim divulgado pelos veículos de imprensa.

Nas últimas 24 horas, foram notificados 50.840 novos casos e 1.275 novas mortes por Covid-19, o que mostra que, segundo o levantamento, o país contabiliza, agora, 10.508.634 infecções e 254.263 óbitos causados pela incontrolável pandemia.

Na última quinta-feira, foram registrados, no país, 1.582 óbitos por Covid-19, que é o número recorde desde o início da pandemia, cuja média móvel também bateu o recorde, tendo atingido 1.150 mortes diárias.

Em todo o país, 6,5 milhões de pessoas receberam a primeira dose do imunizante, o equivalente a apenas 3,09% da população brasileira, enquanto a segunda dose da vacina foi aplicada em 1,9 milhão de pessoas, ou o equivalente a 0,91% da população.

No momento de intensa incidência da doença, ao menos treze estados estão com taxas de internação por Covid-19 acima de 80% nas UTIs da rede pública, havendo notícia de que, em outros, as taxas ascendem a 100%, o que significa que muitas pessoas doentes estão sendo atendidas de maneira precária, sem aos necessários equipamentos apropriados à devida assistência médico-hospitalar, fato este que só confirma a gravidade que impera na saúde pública do país.

Diante do indiscutível caos que grassa no país, em verdadeiro massacre sobre a população, o presidente da Câmara dos Deputados anunciou que vai convocar reunião com os governadores para ouvir sugestões de medidas para o enfrentamento à pandemia e para a formulação do Orçamento.   

Por meio de publicação nas redes sociais, o parlamentar disse que a ideia é que essas sugestões de medidas emergenciais tramitem na Câmara com urgência.

O parlamentar afirmou que "Neste momento em que inúmeros governadores estão tendo que tomar a difícil decisão do lockdown, é hora de contribuir, buscando novas alternativas e novas vias legais para, juntos, mitigarmos essa crise”.

Sem a menor preocupação com o suscitamento de ideias no âmbito do governo, que dispõe de órgão com fantástica estrutura de ministério, que permanece inerte, completamente omisso diante da gravidade da saúde pública, como se esse gravíssimo problema não fosse da sua incumbência constitucional e legal, o presidente da República disse, em tom bastante claro e ainda mais ameaçador, que os governadores que fecham comércio "é que devem bancar o auxílio emergencial", não restando nada mais estarrecedor do que a prioridade do governo federal, nesse caso, mesmo diante do limite do caos, à vista da superlotação nos hospitais de doentes pela Covid-19, é literalmente o salvamento da economia, dando a entender que a vida humana não passa de meros números para estatística oficial de mortes.

Causa perplexidade ainda se verificar o tanto da insensibilidade demonstrada por muitas pessoas que ainda conseguem enxergar montanhas de competência em governo que não tem a mínima iniciativa para tentar encontrar mecanismos dentro da sua competência institucional, em cristalina evidência de que vale muito mais a importância do cargo público do que a relevância da vida humana, que vem sendo tratada em inferioridades aos princípios da economia, porque estes, ao que tudo indica, têm o peso de ouro na avaliação sobre os componentes necessários à reeleição.

Pobre Brasil cujo povo consegue subverter, em nome do fanatismo, da ideologia, os verdadeiros valores dos princípios, em que o econômico se antepõe ao humanitário, quando as civilizações mais primitivas ainda consideram que o ser humano goza da primazia, por mais que outros princípios possam ser essenciais à vida das pessoas, porque são estas as responsáveis pela existência das demais, inclusive da economia.

        Enfim, a importante e urgente iniciativa anunciada pelo presidente da Câmara dos Deputados apenas demonstra que a principal autoridade incumbida de cuidar diretamente da saúde e da vida dos brasileiros se encontra para lá de Bagdá, muito mais preocupado com algo relacionado com a reeleição ou como se livrar de processo de impeachment, dando azo para que presidente de outro poder da República tente buscar subsídios para a formulação de políticas capazes de influenciar no saneamento das questões pertinentes ao combate à pandemia.

Isso só demonstra a completa falta de sensibilidade administrativa para o enfrentamento de crise da maior gravidade, ante a incapacidade gerencial extremamente prejudicial aos interesses dos brasileiros, conforme mostram os fatos, em que o principal órgão com o nome de saúde não tem condições mínimas de oferecer qualquer contribuição efetiva para o combate da pandemia, ficando à mercê das ordens vindas de cima, que são absolutamente inexistentes, cuja consequência natural é o normal desastre que foi espargida sobre a saúde pública brasileira.

Na verdade, o que poderia contribuir para minimizar tamanha crise da saúde pública seria a imunização das pessoas, como medida segura de se contribuir para frear a onda da incidência da Covid-19, mas as vacinas apareceram tarde demais e, o mais grave, à conta gotas, totalmente insuficientes para o atendimento da demanda, o que evidência o tamanho da insensibilidade para com a saúde e a vida dos brasileiros, que merecem tratamento prioritário, quando a sua saúde se encontra em jogo.

É preciso que os brasileiros se conscientizem, com urgência, despojados dos sentimentos puramente ideológicos, para a defesa dos interesses da vida do ser humano, no sentido da compreensão quanto à necessidade de se exigir que o governo atente para a sua primária incumbência de zelar e preservar a saúde dos brasileiros, que deverá ser priorizada, independentemente de outras consequências, inclusive econômicas, tendo em vista, que na essência, não existe nada mais precioso do que a vida humana e todos os empenhos e esforços precisam ser adotadas em nome da salvação da dignidade dos princípios humanitários.

Brasília, em 28 de fevereiro de 2021

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