sábado, 6 de fevereiro de 2021

Final feliz?

 

"Meus amigos de trincheiras, em um momento de instabilidade nacional em que o País passa, eu colocarei aqui alguns pontos muito importantes que estão engasgados na garganta.

Com 41 anos de Carreira Militar, desde que ingressei ainda em nosso glorioso Regime Militar Democrático, aos 18 anos, no Exército e por meritocracia cheguei a General de Brigada do Exército, e agora sigo atuando pelo Comando de presidir o nosso Clube Militar. 

Eu nunca vi o que está acontecendo com a nossa Pátria.

Entre tantas preocupações e anseios que a Sociedade necessita nesses tempos difíceis e sombrios que passamos, ainda existem aqueles que insistem em nos provocar e nos intimidar pelas Vias Radicais e Ditatoriais.

Esse Tribunal que se diz ser Supremo, afronta a Nação de uma forma irresponsável, podando e talhando os Direitos Constitucionais adquiridos na constituição de 1988. 

Querendo mostrar uma força que nós, Militares desconhecemos. 

E há aqueles que dizem ainda que: 

"Os 21 anos de Ouro foram de trevas e repressores". 

Mas então eu coloco aqui a pergunta: 

"O que estamos vivendo agora?" 

"DEMOCRACIA"? 

Em um gesto covarde e absurdo de um homem que se acha Deus Supremo, aplica inquéritos de censuras a liberdade de imprensa, e de seu povo que absolutamente não quer mais esses homens no Poder e tem o poder e direito de manifestar-se. 

E simplesmente dois bandidos de toga se acham no direito de reprimir e cassar pessoas, Jornais, Jornalistas, e Generais, como se fossem animais selvagens.

Querendo amordaçá-los com suas focinheiras escrotas de autoritarismo barato. 

Isso é um absurdo!

Quero alertá-los que dentro do Clube que estou a servir, isso caiu como um martelo no centro dos Generais, que já se levantaram e intimaram até mesmo o chefe de Estado que esteve conosco semana passada.

Viu-se no próprio Presidente da República, o temor e o medo de se expressar contra essa corja de canalhas. 

Sabendo disso Senhores, o próprio Chefe de Estado, se assim posso usar essa expressão: 

"Está em um mato sem cachorro".

Alguém terá que parar esses inescrupulosos homens deuses. 

Nós juramos defender a Pátria! 

Começou em 1964. 

Os senhores meus amigos sabem muito bem.

Uma coisa leva a outra!!! 

Assim estou expressando meu maior sentimento de repúdio a esse Supremo Tribunal da vergonha. 

Será que também vão invadir minha casa? 

Nem em uma Ditadura mais opressora, viu-se o que está acontecendo em nosso País. 

Uma população que está acomodada em berço esplêndido e ao mesmo tempo oprimida ao seu maior medo. 

"O direito de se expressar".

Nós das FFAA sabemos muito bem o que devemos fazer para impedir tudo isso, mas agora cabe saber o que a Sociedade de bem deseja. 

Porque quero já alertá-los, se isso começar, não terá mais volta, e todos nós sabemos muito bem disso.

Convoco aqui, como Chefe de Instituição Militar, uma grande mobilização dos nosso amigos oficiais patriotas e que essa carta se espalhe para todos vocês e se unam ao meu sentimento, porque depois que as lagartas se moverem, não reclamem de quem tem o poder de verdade de recuperar essa Nação. 

Mais uma vez alerto que: 

Quando tudo está parado e sequestram o direito de um Presidente de governar, não há mais o que fazer, a não ser agirmos em prol e em defesa da Nação.

Que pena, que pena que nos tiraram esse poder institucional. Será que teremos que ver o País ser dominado por completo por meia dúzia de raposas Comunistas e não fazermos nada?

*Aonde está a sociedade que não nos outorga isso?*

          Ao mesmo tempo que a sociedade está cansada de tantas falácias e declarações nossas, nós também estamos cansados de ver o País afundar sem poder mover o pino da granada.

Me perdoem as palavras ríspidas e diretas, mas o momento é oportuno em se fazer esse alerta urgente! 

Meus amigos de farda, levantemo-nos agora, e estejamos em QAP total de prontidão. 

Um grande abraços a todos.

Nosso exército nunca dorme! 

Aço, selva.

General de brigada Gilberto Pimentel - Presidente do Clube Militar.

*SOMOS TODOS FFAA.*

Vamos fazer a limpeza, já passou da hora. 

Se você concorda, compartilhe muito. 

Eles só poderão começar algo se forem convocados por nós, a maioria do povo brasileiro.”. 

 

Por certo, as pessoas inteligentes que apoiam o presidente da República  concordam plenamente com o teor da aludida carta.

Eu ainda estou bastante distante de alcançar essa maturidade intelectual e me explico.

O general faz análises com palavras agressivas e inapropriadas ao princípio da civilidade e dos bons costumes, justamente diante do alto posto alcançado na vida militar, de oficial general que lhe atribui especializações e conhecimentos capazes de vislumbrar situações e questões como as devidas racionalidade e ponderação, como fazem as pessoas educadas e inteligentes, procurando demonstrar o mesmo respeito em reciprocidade a ele que se considera o dono da razão, com o direito de se expressar com o pleno domínio dos raciocínios e conhecimentos, de modo à propugnar pela incitação à “retirada do pino da granada”, como o remédio para a crise

Na qualidade de autoridade militar, de posto elevado, a sua primordial função é exatamente a busca da paz, do entendimento, enfim, da pacificação entre os homens.

Na verdade, o general tem o direito de discorrer sobre os fatos em linguagem de respeito, exatamente em compatibilidade com a elevada patente por ele representada, mesmo que ele considere que integrantes do Supremo Tribunal Federal tenham exorbitado das  suas competências constitucionais, mas certamente nada que eles tendam feito de errado seja capaz de afetar os direitos dele, acredita-se.

É bem possível que o general escreveu sob a impressão que tenha o máximo de razão e que as suas sentenças sejam as mais abalizadas para a melhor solução das crises enfocadas com tanta ênfase para a sua intelectualidade de general.

Longe se se insinuar a culpa ou a inocência de ninguém, nem mesmo de se afirmar que ministros do Supremo não tenham extrapolado os limites da competência constitucional e legal deles, porque não é nada disso, sob o enfoque dos fatos.

Só que, com relação aos casos suscitados pelo general, é bem possível se imaginar que, no Estado Democrático de Direito, em que é o caso vivenciado no Brasil, por força de princípios assentados na Lei Maior do país, antes de quaisquer críticas, por mais razoáveis que elas possam ser, até mesmo para se demonstrar repúdio e reprovação contra os fatos denunciados, todo cidadão ou instituição, pública ou privada, objeto da ofensa ou da agressão gozam do precioso direito constitucional de recorrer e mostrar que o ato ou a decisão prolatada por quem quer que seja fere os direitos fundamentais de cidadania ou políticos ou o que seja e isso é  basilar, também no resto do mundo.

Na peça recursal, deve-se mostrar exatamente os pontos do abuso praticado pela autoridade agressora, além dos argumentos fáticos e jurídicos, a se evidenciar a inadmissibilidade do ato impugnada, a par de se solicitar a sua revisão, por força das garantias previstas no ordenamento jurídico do país.

É exatamente dessa maneira que se procede nos países evoluídos e civilizados, em termos de amadurecimento da consciência cívica e de cidadania, inclusive com relação à administração pública, tendo-se por objetivo precisamente dirimir as questões por caminhos da legalidade e da melhor maneira possível, à luz dos conceitos da juridicidade, da inteligência e da razoabilidade.

Em princípio, não se tenha conhecimento que alguém ofendido por ministros do Supremo, inclusive o presidente da República, tenha recorrido contra atos proferidos por eles, mas tenho visto muitos brasileiros, certamente todos se achando cobertos de razão, criticando severamente, com o uso de palavras duras e mais ainda fazendo ameaças de explodir o mundo, sem antes empregar os mecanismos normais da racionalidade, que o caso exige, por meio de recursos apropriados e aconselháveis em situação questionável.

É pena que os intelectuais e as pessoas inteligentes pensem apenas à sua maneira, à sua conveniência, exatamente porque elas não estão gostando do que veem, quando há maneira prudencial para se tentar a busca do saneamento das questões, como os citados recursos.

É preciso que os fatos sejam enxergados como eles são de verdade, sem sensacionalismo ou algo que não contribua para ajudar na solução do problema, como nesse caso, em que um militar, que acha ser suprema autoridade e ter o direito de criticar com palavras extremamente insensatas, embora seja compreensível que as outras pessoas concordam perfeitamente com o que ele pensa, afirma e sugere, inclusive a incitação para pôr a termo tudo que ele entende de errado, por meio do uso da força bruta, quando seria apenas inteligente e racionalmente se impetrar recurso em cada caso, de modo a se buscar a preservação dos direitos, pela via apropriada, como se fazem normalmente nos países evoluídos e civilizados.

A carta do general traz à lume tristes lembranças dos arroubos do presidente da República, quando ele, ao invés de recorrer ou orientar para o Caminho dos devidos recursos, simplesmente achava mais interessante e conveniente fazer ameaças e incitar a mesma via para as pessoas.

Muitos textos comprovam a forma irracional de procedimento que estavam levando o país não à simples crise institucional, mas à ruptura da democracia, em razão da insensibilidade por parte de quem precisava ter prudência nos seus atos.

O presidente da República chegou a pronunciar os seguintes textos, in verbis: “Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas. Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade do dos brasileiros”. “Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando. Isso está (a) olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, no dia de hoje, quebrando sigilo de parlamentares, não tem história nenhuma visto numa democracia por mais frágil que ela seja. Então, está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar.”. “Por pouco não teve uma crise institucional ontem, por muito pouco”. "Vamos tocar o barco. Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Tá ok? Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla-mão. Não é de uma mão de um lado só não. Amanhã nomeamos novo diretor da PF.". “Acabou, p....”.  “Acabou a paciência”.

Por ter atingido o limite da irracionalidade, como provam os pronunciamentos acima, o mandatário do país pode ter chegado à conclusão de que as suas desmedidas e insensatas reações poderiam levar o país ao abismo e resolveu agir com a normalidade exigida para o exercício do cargo, não mais reagindo às agressões com declarações de puro descontrole emocional, que até pudessem refletir o momento da indignação, mas  a sua atitude não condizia com a liturgia do cargo presidencial, a ponto de servir de péssimo exemplo para a sociedade, que precisa também entender que as questões se resolvem por meio do diálogo, ou melhor, com o emprego de recursos, nas vias adequadas.

Aliás, as estratégias aventadas pelo general poderiam ser empregadas, apenas como último apelo, coso fossem esgotados os recursos cabíveis aos casos abusivos, com resultado desfavorável aos apelantes.    

Enfim, aproveito o ensejo para concitar os brasileiros a refletirem, com o máximo de racionalidade, quanto ao momento crucial que atravessa o Brasil, onde tudo se potencializa por meios, muitas vezes, que não sejam à melhor opção capaz de solucionar o impasse, quando os salutares princípios da racionalidade, da prudência e da sensibilidade podem contribuir, de maneira precisa, muito mais para se chegar a final feliz.

Brasília, em 6 de janeiro de 2021 

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