Diante do iminente esgotamento do estoque das
vacinas contra a Covid-19, governadores e parlamentares estão preparando ofensiva
sobre o ministro da Saúde, para que ele corra e acelere a chegada e a entrega de
novos lotes de imunizantes ao país.
A pressão sobre o ministro aumentou após ele ter prometido
que toda população será imunizada ainda neste ano, mesmo com o governo federal
patinando na desorganização criada por ele, o que tem contribuído para dificultar
a ampliação da oferta de imunizantes.
Os Governadores vão se reunir amanhã com o ministro
da Saúde, para, em especial, cobrar dele, de novo, cronograma ajustado e o mais
preciso possível para a entrega das doses.
Um governador disse que "Nos aproximamos de
30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da
população brasileira vacinada. Neste ritmo, não vai se concretizar o plano do
governo de vacinar, até junho, metade da população".
O
Ministério da Saúde afirmou que 11,1 milhões de doses já foram entregues, cujo volume
serve para vacinar apenas cerca de 6,5 milhões de pessoas, de mais de duzentos
milhões de brasileiros.
Segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos
de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, o número de pessoas
vacinadas no país chegou a cerca de 5 milhões.
Bastante pressionado pela ameaça de instalação de Comissão
Parlamentar de Inquérito, no Congresso Nacional, o ministro da Saúde disse a
senadores que metade da população será vacinada até junho e a outra parte, até
dezembro.
Depois de muita demora para cuidar da imunização e
ainda ao meio de tantos contratempos e desencontros, o ministro da Saúde disse
que o Brasil trabalha para ter "reservas" de vacina e até
mesmo para exportar para países da América Latina.
Não obstante, a falta de doses vem travando e até
parando as campanhas de imunização, com graves prejuízos para a população.
O prefeito do Rio de Janeiro e de outros municípios
anunciaram que a imunização será interrompida pela falta de doses e isso apenas
mostra o descaso do governo federal, que evidencia gravíssima falha no planejamento
quanto à prévia aquisição dos imunizantes, em especial, com relação à quantidade
necessária ao atendimento da população.
No critério de distribuição das doses, muitos prefeitos
reclamaram da demora na entrega das doses e da sua quantidade insuficiente à
demanda.
Diante do caos no processo de imunização, o Congresso
também cobra mais agilidade do Ministério da Saúde para a entrega dos
imunizantes, a exemplo de um deputado federal, que pediu informações sobre
detalhamento do plano de vacinação contra a Covid-19, em termos de volume de
recursos que o governo federal pretende destinar, a quantidade de imunizante, os
prazos de recebimento, a logística, cópia de contratos assinados com os
laboratórios, motivos do andamento lento da vacinação e o planejamento para dar
visibilidade para as campanhas, tudo em conformidade com o princípio da transparência,
que tem sido inexistente por parte do governo.
Há ainda outros pedidos de parlamentares sobre a
campanha de vacinação, a exemplo do que solicita que o Ministério da Saúde
mostre como se "alcançar a quantidade de doses suficientes para que o
plano de vacinação da população brasileira ocorra de maneira satisfatória";
o plano para a aquisição de insumos farmacêuticos para a produção das vacinas,
no Instituto Butantan e na Fiocruz; o suscitamento de dúvidas sobre as
negociações por vacinas, a exemplo da proposta de 70 milhões de doses oferecidas
pela Pfizer, que tem sido tratada com desdém pelo governo.
Segundo o Ministério da Saúde, o governo aguarda a
aprovação de recursos orçamentários para destravar a compra de vacinas, como a
Sputnik V e a Covaxin, desenvolvidas, respectivamente, na Rússia e na Índia.
O Ministério da Saúde afirmou que tem 354 milhões
de doses garantidas para este ano, conforme texto distribuído pela pasta, nos
seguintes termos: "Por meio dos acordos com a Fiocruz (212,4 milhões de
doses), Butantan (100 milhões de doses) e Covax Facility (42,5 milhões de doses)",
mas o envase das doses depende da importação do insumo farmacêutico aos
laboratórios públicos, contando, nesse caso, com a certeza de que já houve
atraso nas primeiras compras.
A verdade é que o governo, como se diz no popular,
dormiu de toca, por ter decidido adquirir imunizante muito tempo depois de os
países que realmente estavam preocupados e interessados em proteger a sua
população, que já contavam com estoque de doses no ano passado, enquanto,
pasmem, o governo brasileiro ainda, agora, depois de ter iniciado a vacinação na
base do empirismo e no improviso, vem negociando a entrega de 20 milhões de
doses da Covaxin e 10 milhões da Sputnik, mas estas negociações ainda pendem de
detalhes e derrapam na burocracia e na incompetência gerencial.
Uma voz oficial disse que "A expectativa do
Ministério da Saúde em oficializar nesta semana compromissos com as
farmacêuticas russa e indiana não se concretizou em função de atrasos nos
repasses de informações por parte das empresas. Ainda há esclarecimentos
pontuais, porém importantes, a serem feitos", ou seja, a marca
patenteada da incompetência oficial tem contribuído fortemente para atrasar e
dificultar a dinâmica da imunização, que apenas se harmoniza com a
extraordinária insensibilidade do governo, no seu conjunto, porque ninguém teve
a iniciativa de cuidar, com a necessária antecipação, para assegurar a compra
de vacinas, seringas e agulhas, de modo a apenas cumprir com competência,
eficiência e responsabilidade, atribuição importante e prioritária de incumbência
do Estado, no sentido de proteger a vida dos brasileiros.
Agora, diante de tamanho desastre humanitário, como
mostra a dinâmica dos acontecimentos lamentáveis, em que o governo não consegue
realizar nada em benefício da população, fica a impressão de que tudo vem funcionando
exatamente em harmonia com o sentimento negacionista disseminado por ele, em todos
os sentidos, a começar pelo comandante do principal órgão incumbido da execução
das políticas de saúde pública, que é leigo em medicina e sanitarismo, a quem se
atribui a gigantesca culpa pela falta de vacinas, em especial, uma vez que elas
deveriam ter sido adquiridas há bastante tempo, já a partir de junho de 2020,
quando a Pfizer garante que ofereceu 70 milhões de doses ao Ministério da Saúde
brasileiro, mas este nem resposta deu ao laboratório, conforme esclarecido por
ele.
Em se tratando de pandemia da maior gravidade como
a da Covid-19, o bom senso, a razoabilidade e a racionalidade recomendam única medida
para chefiar importantíssimo órgão, qual seja, a colocação nele, como diz o
ditado popular, de pessoa certa no lugar certo, em que somente o especialista
com notórios conhecimentos e experiências técnico-científicos em saúde pública poderia
responder pelo Ministério da Saúde, em termos das esperadas competência e
eficiência.
Agindo assim, somente poderia isentar tamanho crime
que comete o presidente da República, por ter mantido pessoa visivelmente despreparada
e incompetente à frente de importante órgão, à vista de os seus atos já
merecerem investigação pelos Tribunal de Contas da União e Supremo Tribunal
Federal e ainda sob suspeita de serem objeto do crivo de Comissão Parlamentar
de Inquérito, a se denunciar precisamente a sua possível desastrosa atuação no
comando de órgão que jamais deveria ter se aproximado dele, o que só demonstra
o nível da insensibilidade humana do chefe dele, que evidencia total desprezo à
vida dos brasileiros, de maneira efetiva e imperdoável.
Ante o exposto, há de se lamentar profundamente que
nós, os brasileiros, só temos condições do repúdio, com veemência, pelo
completo desmando verificado na condução não somente da imunização, como
mostram os fatos, mas da saúde pública em geral, diante da acefalia que se
opera no principal órgão incumbido de cuidar dos problemas decorrentes da
pandemia do coronavírus, que certamente não teria causado tantas mortes se
tivesse havido o mínimo de sensibilidade, em termos humanitários, para se cuidar
com os devidos boa vontade e respeito a vida dos brasileiros.
Brasília, em 16 de fevereiro de 2021
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