segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A vacina da vida

 

De acordo com minucioso levantamento realizado pelo Comprova, não é verdadeira a informação que circula nas redes sociais, dando conta de que a vacina CoronaVac, aplicada contra a Covid-19, tenha provocado a morte do pai do autor da publicação, que tinha 76 anos e morava na cidade de Guaratinguetá, São Paulo.

Segundo a certidão de óbito do idoso, a morte dele foi por decorrência de choque séptico, com suspeita de Covid-19.

O órgão de saúde pública do município confirmou as precisas datas de vacinação e falecimento do idoso.

A relação do óbito com a vacina foi descartada pela administração municipal, após os exames de diagnóstico terem confirmado que o idoso apresentava quadro de infecção da Covid-19, no dia anterior ao do óbito, posteriormente à vacina, a se confirmar que a CoronaVac é imunizante produzido com vírus inativado, que não tem poder para desencadear doença e causar morte.

Apuração junto à prefeitura de Guaratinguetá indicou que houve surto de infecção pela Covid na casa de repouso Lar dos Velhinhos São Francisco de Assis, onde o idoso morava.

Com o diagnóstico da Covid-19 confirmado, a prefeitura descartou as hipóteses de evento adverso da vacina, "pois caso fosse reação vacinal não haveria presença de vírus na amostra coletada, uma vez que a vacina CoronaVac é inativada e não pode causar a doença".

Um virologista da Universidade Federal de Minas Gerais confirmou que o exame positivo de Covid-19 do idoso de fato exclui a possibilidade de efeitos adversos da vacina.

À equipe do Comprova, um virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG afirmou que a nota da prefeitura é bastante precisa, porque “ela explica que o teste RT-PCR detecta o RNA do vírus na amostra do paciente, mas o vírus inativo aplicado na vacina não contém o RNA viral. Dessa forma, a inoculação do imunizante não permitiria ao exame detectar o material do coronavírus.”.

O virologista também fez questão de esclarecer que somente a primeira dose da vacina ainda não é suficiente para conferir imunidade, tendo lembrado que, após vacinadas, as pessoas ainda precisam manter a "guarda elevada contra o vírus e seguir regras de prevenção, como o uso de máscaras e a prática do distanciamento social.”.

Por sua vez, o site do Instituto Butantan também alerta que, mesmo após a segunda aplicação, a imunidade contra o novo coronavírus não é desencadeada imediatamente, tendo esclarecido que, "Caso uma pessoa tenha covid-19 logo após se imunizar, isso não significa que a vacina não funcionou, mas que seu o sistema imunológico ainda não teve tempo para criar a resposta imune".

A página do Butantan reafirma a necessidade de se manterem as importantes medidas de segurança, como o uso de máscara e a higienização constante das mãos.

Diante da importância acerca dos casos envolvendo a aplicação, tem sido muito comum a frequência de desinformação, recheada de notícia sem fundamentação científica, mas tendo por base meras ilações, como nesse caso, em que o filho concluiu, de imediato, que o pai teria morrido por causa da vacina, quando ele foi infectado juntamente com outras pessoas, no local onde morava, uma casa de repouso de velhinhos.

As pessoas aproveitam a fase aguda de imunização justamente para pôr em dúvida a eficácia da vacina e qualquer situação serve de motivação para se tentar o torpedeamento das medidas necessárias e importantes no combate à Covid-19, fatos estes que põem em dúvida o verdadeiro objetivo da vacina, que é imunizar a população e salvar vidas.

Nessa mesma linha de possível desinformação, circulou vídeo nas redes sociais, em que um sobrinho denunciava que sua tia havia morrido por causa da vacina, inclusive sob a afirmação de que ela gozava de plena saúde, mas eu me coloquei em defesa da vacina, exatamente por ter conhecimento de fato acontecido depois da aplicação do imunizante em uma amiga minha.

Pois bem, ela tomou a vacina e tempos depois, o suficiente para chegar em casa, ela sentiu forte dor de cabeça, intensa febre, com suadeira, e fechamento da garganta, fatos estes que recomendavam a procura de hospital, mas ela teve a ideia de tomar analgésico e os sintomas foram sedando progressivamente e só ficou boa de tudo nos dois dias seguintes.

Em  conversa com uma enfermeira, ela disse que fazia tratamento da tireoide e a profissional concluiu que isso pode ter tido influência na violenta reação da vacina no organismo dela.

O Comprova esclarece que já conseguiu desmontar boato enganoso que usava vídeo de 2018, para afirmar que idosa teria morrido após tomar vacina e afirmação de que a imunogenicidade da CoronaVac apresentava riscos à saúde de pacientes, além de ter desvendado mensagem enganosa repercutida por um assessor da Presidência da República, com informações incorretas sobre a eficácia do imunizante.

Enfim, convém que as pessoas não se deixem levar por notícias veiculadas nas redes sociais, contendo informação relacionada com a vacina, quando a base do seu conteúdo pode estar usando dados imprecisos e distorcidos da realidade, com a finalidade de confundir ou até mesmo com ou sem a intenção deliberada de causar dano aos verdadeiros objetivos da imunização.

O caso em referência serve de exemplo clássico, em que o filho achava que a vacina teria sido a causa do óbito de seu pai, mas os dados científicos coletados sobre o caso asseguram que ele teria sido infectado pela Covid-19, pondo por terra, com muita propriedade, a versão dele, que tinha a intenção de cobrar caro do governo, pelo que ele vinha defendendo como situação gerada a partir da vacina.

É preciso que haja conscientização sobre a importância da imunização, que não pode ser influenciada negativamente por informações sem base científica, porque elas podem ter sido criadas com a exclusiva finalidade de prejudicar a essência da campanha que é considerada a salvação milagrosa dos brasileiros, que tanto anseiam pela volta da vida feliz interrompida há quase um ano.   

Brasília, em 22 de fevereiro de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário