Nos
últimos momentos, vem ecoando com ventos fortes, no seio da sociedade, com
força máxima entre empresários, juristas, religiosos, políticos, cidadãos comuns a autoridades da República, vozes
favoráveis ao impeachment do presidente da República.
Os
apelos vicejam vigorosos à vista da negligência explícita e intolerável materializada
pelo mandatário, desde a política de saúde pública até a indiscutível irresponsabilidade
congênita na administração da nação.
O
presidente do país vem dando provas gigantescas que sedimentam as
justificativas cada vez mais claras em indiscutível caracterização de crimes de
responsabilidade, previstos em lei que respaldam seu afastamento do cargo,
diante da notória perda das condições de governar, pela evidente confirmação de
incompetência administrativa, em prejuízo para o interesse público.
Na
verdade, passados mais de dois anos no cargo, o presidente não consegue descer,
instante algum, do palanque da campanha eleitoral, tendo como principal evangelho
político o incentivo à disputa entre adversários, a anarquia e a vandalização
da ordem nacional, com o intuito de potencializar o seu poder, por meio de
atitudes e palavras com ímpeto autoritário próprio da insensatez incompatível
com os princípios republicanos de equilíbrio e moderação, como devem proceder
os verdadeiros e modernos estadistas.
O
que deveria representar os atos efetivos de governança aparecem em público o presidente
sempre dando declarações confusas normalmente em defesa de omissão ou incompetência
do governo, com tanta veemência a tentar, inutilmente, justificar o
injustificável, quando deveria aparecer menos e cuidar mais das relevantes funções
inerentes ao cargo.
Percebe-se
que a autoridade do presidente, ao contrário do desejável, vem progressivamente
murchando graças à incompetência administrativa, com maior destaque no combate
à pandemia do coronavírus, quando afastou, do principal órgão incumbido da adoção
das medidas indispensáveis, as pessoas especialistas da área, permitindo que o
caos reinasse favorável ao Covid-19, diante da falta de políticas efetivas contra
o alastramento da doença.
À toda evidência, o
presidente comanda o país de costas para a Constituição Federal, em que pese ele
ter jurado fidelidade aos seus ditames, por ocasião da posse no cargo, mas,
mesmo assim, ele segue impoluto no cargo, evidentemente com o consentimento de congressistas,
que ignoram o mar dos desmandos e da incompetência administrativos, à vista da
existência, na Câmara dos Deputados, de 61 pedidos de impeachment engavetados,
os quais jamais seriam protocolados ou nem existiriam caso a prática administrativa
do presidente fosse de comprovada eficiência e, igualmente, inquestionável.
Até
mesmo representantes das alas católica e evangélica formalizaram pedido de
impeachment do presidente, cujo movimento, denominado “Frente da Fé”, reúne de
líderes católicos a anglicanos, luteranos, metodistas e até pastores, sob o entendimento
de que o governo já foi longe demais com as suas diabruras, por terem enxergado
muitos pecados graves nesse autodenominado “Messias”.
Na
verdade, há também, nesse caso, o outro lado da moeda, que entende que inexiste
motivo para se chegar a tanto, principalmente no grupo de políticos aliados que
comungam dos mesmos ideais e da corrente presidenciais.
Não
obstante, a verdade é que a existência de fatos conduz, literalmente, à aplicação
da lei que rege a matéria e ela está aí para ser usada, em especial, diante de
tantas afrontas aos princípios previstos na Constituição, quanto ao quesito
apropriado, para merecer o afastamento do cargo.
À
toda evidência, a bandeira do instituto do impeachment volta a ser desfraldada,
na presente conjuntura, diante de fatos graves protagonizados por personalidade
que imagina estar acima da lei, conquanto muitos atos de gestão, por ação ou
omissão, estão em desconformidade com a cartilha da legalidade, em evidente
prejuízo do interesse público e somente medida amarga consegue a retomada da ordem
constitucional e legal, para o bem dos brasileiros.
A
popularidade do presidente vem despencando ao sabor do sonoro grito do
impeachment, sob a forma do alastramento do vírus da Covid-19, em
correspondência ao alucinante ritmo desse vírus, que vem asfixiando o sistema
sanitário, em acompanhamento do colapso imprimido pela gestão destacada pela
inação de medidas em combate à pandemia, à vista de mais de 220 mil mortes, cuja
quantidade poderia ser minimizada se houvesse demonstração de maior e decidido interesse
por parte do governo.
O
presidente do país é responsável pela nomeação do intendente das aberrações
sanitárias, na pessoa de general sem credenciais para conduzir o Ministério da
Saúde, que já é alvo de investigação pelo Supremo Tribunal Federal, passando a responder
por supostas gravidades de desmandos e omissão, que certamente não seriam
praticadas sem a orientação superior.
Por
mandamento do chefe ou na confiança dele, houve autorização para a propagação da
cloroquina; a estúpida demora para a aquisição dos tubos de oxigênio para a
população de Manaus e regiões, que morria, em dezenas, por falta de ar; a
injustificável demora para a compra das vacinas e seringas e agulhas, cujo
conjunto de maldade precisa ser atribuído, na forma da lei, ao desgoverno.
O
presidente chegou a afirmar que não compraria determinada vacinas, de jeito nenhum,
mas, por falta de outra, ela passou a ser “a vacina do Brasil”, fato esse que
confirma incompetência, pelo atropelo da afirmação que poderia ter sido
evitada.
Segundo
juristas, há sim identificação de violações tão diversas como a quebra de
decoro, interferências indevidas, irresponsabilidade com a vida alheia e abusos
de poder, em termos passíveis de enquadramento no ordenamento jurídico que
normatiza o impeachment.
A
verdade é que os apoiadores do presidente do país entendem que a sua maneira de
agir deva ser exatamente como ela vem sendo, porque há o atendimento sim dos interesses
nacionais, ficando patente a resignada aceitação do avanço da maldade atribuída
ao governo, assim vista pela outra parte da população, que enxerga só desgraça emanada
pelo Palácio do Planalto.
Os
defensores do presidente insistem no principal argumento, embora falacioso, de que
não existem motivos para o impeachment dele nem corrupção no governo e, por
conta disso, o mandatário deva permanecer ser intocável no cargo.
Ocorre
que a aliança do presidente com o Centrão é forma explícita de corrupção, com a
clareza de que o presidente entrega cargos para a ocupação de indicados de
liderança desse grupo político, que tem como índole histórica o indigno e
vergonhoso fisiologismo, tão criticado, há até pouco tempo, pelo próprio
mandatário, que o denominou de velha política, na afirmação de que jamais se aproximaria
dele.
Com
as iminentes ameaças de impeachment, o presidente tratou de colocar no seu colo
as lideranças do abominável Centrão, que reúne congressistas suficientes para
se evitar a abertura do processo pertinente, usando, de maneira estratégica, o emprego
de cargos públicos e de emendas parlamentares, com o detalhezinho de que essa
condenável artimanha foi arquitetada em benefício pessoal do mandatário e é precisamente
nesse ponto que reside a fraqueza moral do presidente e a sua aderência à
efetividade da prática de corrupção..
Ou
seja, a aliança imoral, suja e desprezível que o presidente fez com o Centrão
teve o propósito da compra da consciência de fisiologistas parlamentares, envolvendo
recursos públicos, para votarem contra o processo de impeachment, que se trata
de interesse direto do presidente, que usa dinheiro público em sua defesa.
Esse
procedimento, meus senhores, caracteriza-se desvio de finalidade do dinheiro público,
ou seja, para melhor entendimento, isso é ato ilegítimo, porque se trata de procedimento
sob o manto da corrupção, de devassidão no serviço público, porque o presidente
comprou os parlamentares do Centrão, com dinheiro público, porque os cargos envolvidos
são pagos pelos contribuintes, para que eles votem contra processo de
afastamento dele do cargo.
Esse
processo se torna tão nojento diante da absoluta certeza de que, não fosse essa
sem-vergonhice, aqueles congressistas votariam a favor do impeachment do
presidente, porque ele sempre criticava o comportamento dos integrantes do
Centrão, quando, repita-se, os considerava a avelha política, se aproximava dos
governos, em coalizão, para se beneficiar do poder e da sua influência.
Diante
desse contexto, parece não ter consistência alguma por parte de alguém, com a
cara mais ensaboada de óleo de peroba, para dizer que o presidente do país é o
símbolo da honestidade, quando ele lança a sua assinatura nessa criminosa
aliança com o Centrão, para benefício pessoal e não do interesse público, que
deve ser a destinação exclusiva dos recursos públicos.
Anote-se
que o presidente fez campanha eleitoral condenando, com severidade, o Centrão, por
entender que se tratava da máquina perfeita do abominável fisiologismo, sob o deplorável
título da velha política.
Enfim,
em se tratando de afastamento do cargo de representante do povo, parece que seria
mais justo que o procedimento tivesse o rito contrário ao da votação para
elegê-lo, sob a incumbência da vontade popular, que melhor, em princípio, pode
avaliar se os atos suspeitos de irregulares são passíveis da perda do mandado.
Como
inexiste legislação nesse sentido, outra alternativa poderia ser por meio de
ampla consulta popular, para se auscultar se a população estaria de acordo que
as instituições competentes procedessem ao que prevê a legislação sobre a espécie,
dando prosseguimento do impeachment.
Como
também isso não é possível, por falta de regramento jurídico apropriado,
espera-se que as autoridades públicas competentes sejam sensibilizadas sobre a
gravidade ou não dos atos praticados pelo presidente do país, submetendo-o, se
for o caso, ao penoso processo de impeachment, caso seja realmente para o bem
do Brasil.
Assim,
para o bem dos brasileiros, convém que, se realmente existe o entulho
autoritário, com consequente deformidade administrativa capaz de prejudicar o
interesse público, não há qualquer forma de justificativa, nem mesmo ideológica
ou de outras motivações, em condições de se impedir que o desempenho do presidente
da República possa ser reavaliado pela população, por meio das instituições
próprias, na forma do ordenamento jurídico do país, de modo que não se permita
que o caos seja instalado em definitivo e que se ponha termo, de vez, em algo que
esteja prejudicando o bem-estar da sociedade.
Brasília, em 1º de fevereiro de 2021
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