terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Triste fim da Operação Lava-Jato

 

Como estratégia destinada a destruir as bases da mais competente instituição pública que conseguiu detonar organizações criminosas jamais investigadas no Brasil, as pessoas vinculadas aos esquemas ou beneficiadas de alguma maneira, direta ou indiretamente, têm feito de tudo para liquidar a Operação Lava-Jato e seus próceres, como o ex-juiz símbolo da era de ouro da Justiça brasileira, que nunca colocou tubarão na cadeia, e os procuradores do Ministério Público Federal.

As autoridades políticas, estas em especial, os altos empresários e as demais pessoas investigados pela citada operação dedicaram o máximo de empenho para o encerramento dessa maravilhosa equipe de trabalho especializado, que encarnava o verdadeiro sentimento de brasilidade pela moralização do Brasil.

Os incessantes e pesados ataques partiram da parte daqueles que, direta ou indiretamente, foram objeto de investigação, exatamente por suspeita da prática de atos inquinados de irregulares, cujas repercussões legais foram as mais exitosas possíveis, sobretudo com peso enorme nos ombros da trupe da oposição, capitaneada por integrantes do Partido dos Trabalhadores, em cujo governo se tornou o epicentro dos desvios de recursos públicos.

Com o tempo, esse conjunto de indivíduos contrariados pelo rigor da lei atraiu para o seu bando outros importantes políticos de diversos partidos, todos igualmente com a mesma índole aproveitadora e com histórico de envolvimento na Justiça.

Certamente que o clã de insatisfeitos tem a liderança de políticos e empresários espertalhões, que contam com o adjutório de especializadas e caríssimas bancas de bons advogados, naturalmente os preferidos da elite, as quais ganharam milhões de reais defendendo criminosos de colarinho branco, contrários aos interesses do país.

          Ressalta-se que esses advogados devem ser os únicos receosos pela extinção da Lava-Jato, diante da possibilidade de perder milhões de reais com as suas defesas, eticamente indefensáveis por parte do bando de criminosos que desviaram bilhões de reais dos cofres públicos.

Enfim, a terrível contraofensiva desferida contra a importante Operação Lava-Jato, claramente ferrenha oposição à postura da Justiça que primou exclusivamente em defesa dos interesses nacionais, o que vale dizer, em benefício dos brasileiros, em estrita harmonia e observância ao disposto no inciso I do art. 5° da Constituição Federal, que estabelece, verbis:homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos destra Constituição;”, ou seja, todos os brasileiros são iguais perante a lei, inclusive e com maior razão no que diz ao julgamento de atos delituosos.

À toda evidência, com a Operação Lava-Jato, pela primeira vez em nosso país, houve extraordinário avanço do trabalho jurisdicionado pela Justiça, quando poderosos e influentes figurões da República e importantes empresários foram realmente investigados, processados e julgados, indistintamente, e muitos dos quais terminaram na cadeia, diante da condenação de prisão, por desvio de dinheiro dos brasileiros.

A grande proeza dessa revolução no âmbito do Judiciário foi precisamente a quebra do vergonhoso parâmetro da impunidade no seio das elites até antão tratadas como classe de cidadãos intocáveis e muito acima dos efeitos das leis, principalmente penal, que não faz distinção, sob a égide da lei, para o fim da responsabilização inerente aos seus atos, tanto na vida pública ou na privada, ante a predominância do princípio constitucional de que o tratamento entre os brasileiros deve ser estritamente isonômico, sem os privilégios existentes até então, em que pese a vigência da mesma Constituição, o que demonstra a precariedade do cumprimento da relevante missão atribuída ao poder Judiciário, quando ele fechava os olhos para os crimes praticados pela elite política, empresarial e assemelhada, deixando de julgar os casos lesivos ao patrimônio dos brasileiros.

É de se lamentar que esse esforço incessante contra a Operação Lava-Jato tenha conseguido liquidar e desmanchar o operoso, competente e eficiente trabalho de mais de cinco anos de investigações e julgamentos, concluindo, de forma melancólica, projeto revolucionário que se transformou, possivelmente, na única janela de oportunidade, aberta em séculos de impunidade, capaz de mudar os destinos que prometiam ser gloriosos para o Brasil, diante das fantásticas e extraordinárias realizações pela Justiça, sim pela Justiça brasileira, que contabilizou brilhantes resultados no desbaratamento de poderosas organizações criminosas, de altíssima periculosidade contra o patrimônio dos brasileiros, na prisão de influentes políticos, executivos, empresários e principalmente na recuperação de milhões de reais, que retornaram aos cofres públicos, de onde jamais deveriam ter saído, não fosse a ação maligna de aproveitadores antibrasileiros, inclusive de homem público endeusado por parte da sociedade.

O início da tentativa de abalar a credibilidade da Operação Lava-Jato se deu exatamente por meio de fato claramente criminoso, com o grampeamento clandestino das comunicações entre agentes da lei, perpetrado por miríade de oportunistas dos mais diferentes matizes, objetivando a sabotagem das suas investigações, em espúria e nítida inversão de valores ético e moral, fazendo das pessoas da lei e da Justiça, os bandidos e destes, os verdadeiros paladinos da integridade moral e coitadinhos injustiçados, sem que nada tivesse sido provado quanto à inocência dos criminosos condenados, em processos recheados de atos e fatos que comprovam, por meio de robustas provas materiais, o fruto da roubalheira protagonizada por eles.

Não há a menor dúvida de que a extinção da Operação Lava-Jato somente confirma e legitima o poder da hidra que se ressuscita sob a lama pútrida da desavergonhada índole de homens públicos, voltando a viver restaurada como nos bons tempos, quando da perpetuação do antigo regime, em conformidade com o status quo secular da impunidade, onde os aproveitadores desviavam dinheiro público, na claridade solar, ficavam impunes e ainda se passavam por heróis da pátria.

É muito triste que essa pouca-vergonha ressurja justamente no governo cujo titular foi eleito empunhando, abraçando e levantando a bandeira precisamente símbolo da moralidade, quando se emocionava ao se referir ao belíssimo trabalho da Operação Lava-Jato, dando nítida impressão de que o seu exemplo seria a marca registrada da sua administração, visto que havia a garantia de que ela receberia o seu apoio, como medida de consolidação da efetividade de suas ações investigatórias, à vista dos excelentes resultados em benefícios não somente da moralidade, com a descoberta de esquemas criminosos no governos anteriores e colocação de pessoas importantes na cadeia, mas, em especial, dos benefícios agregados ao patrimônio dos brasileiros, com a notória recuperação de milhões de reais.

Muitos brasileiros acreditaram no homem que se transformara em paladino da moralidade, em se projetar como lídimo defensor exatamente do trabalho apoiado pelos cidadãos honrados e de bem, na esperança de que tão importante princípio republicano realmente imperasse para os séculos futuros, com a sua consolidação.

Infelizmente, a força destrutiva e maligna dos vampiros da nação, liderada por quem jurara fidelidade e amor à ética e à moralidade, conseguiu, em muito pouco tempo, pôr por terra as estruturas da formosa Operação Lava-Jato, orgulho e símbolo de verdadeira Justiça brasileira, por ter funcionado na sua plenitude, em benefício do Brasil e dos brasileiros.  

É preciso que os brasileiros honrados, no âmbito do seu sentimento de brasilidade e patriotismo, consigam captar o tanto de sabotagem aos interesses nacionais, com os esforços destinados ao sepultamento da Operação Lava-Jato, que certamente, ao contrário, teria o prestígio e a valorização por parte de governante de país evoluído e civilizado, em termos político, administrativo e democrático, em razão do seu efetivo trabalho de moralização do Brasil.

Brasília, em 23 de fevereiro de 2021

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