sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Respeito à livre manifestação

 

Em crônica onde analisei a aliança do presidente do país com o Centrão, eu disse que ele não tinha o mínimo pudor para se aliar ao que existe de mais nefasto na política, em termos de moralidade, com a finalidade de tentar se proteger contra o afastamento do cargo presidencial, fato este que só demonstra a sua real insignificância, por não ter dignidade para pessoalmente se defender perante o Legislativo, em caso de denúncia sobre a prática de crime de responsabilidade, porque, se tivesse, ele não precisava se inferiorizar moralmente ao se juntar a grupo político questionável.

Depois de já ter feito comentário anterior e que mereceu meu agradecimento, uma sempre atenta conterrânea minha escreveu o seguinte texto: “Não precisa agradecer amigo, eu quem te agradeço pelos textos que nos enriquecem de conhecimentos. Fico grata e feliz pelas suas palavras de apoio aos meus comentários. Gosto muito de ler e comentar seus textos, recebo muitas críticas no privado e elogios tbm, muitos comentários apaguei devido às críticas, não sei se o senhor notou, mas por isso não vou deixar de comentar fazer o que gosto de escrever o que acho e que sinto. Boa tarde amigo. Jesus lhe abençoe sempre.”.

Em resposta à carinhosa eu digo que é sempre salutar a mensagem ou o comentário sobre a opinião das pessoas sobre os meus textos, que leio com atenção as opiniões, diante da sua importância como feedback, sendo que, em alguns casos, em se tratando de opinião pessoal, sem relação com o tema neles versados, procuro não comentar e respeitar a citação que ali consta.

Não obstante, procuro agradecer a sempre prestimosa contribuição, em forma de apoio ou incentivo, porque realmente ela evidencia a aceitação daquilo que eu tenha dito sobre o assunto analisado, exatamente para suscitar discussão construtiva sobre a matéria de que se trata.

Não tenho notado que a comentarista, por respeito ou temor às opiniões contrárias, apagou algum comentário seu.

Particularmente, tenho respeito por todos os comentários feitos sobre minhas crônicas, exatamente porque o meu propósito é o de que se possa discutir, em alto nível, na forma e com o devido respeito, em harmonia com o princípio democrático, todos os assuntos colocados em evidência, em especial porque eu exponho a minha opinião, a minha verdade, que é bem diferente das verdades de cada pessoa, que tem todo direito do livre pensar sobre os fatos da vida, tendo a melhor compreensão que achar sobre eles, que devem ser vistos sob a sua ótica, o seu prisma ou a maneira que lhe melhor convier.

Agora, isso não concede a ninguém o direito de contestar as opiniões alheias por meio de agressão pessoal e muito menos ainda se atribuir, a quem quer que seja, atributo que não corresponda à realidade, tendo em conta exatamente a riqueza da liberdade de expressão, que confere aos brasileiros o direito sagrado de se manifestar sobre todos os assuntos, inclusive com crítica à administração do Brasil, cujos dirigentes exercem cargos públicos eletivos, por força de delegação do povo, por meio do sufrágio universal.

Os representantes do povo, quer queira ou não, estão sujeitos às críticas e aos elogios, conforme a aceitação ou não sobre o seu desempenho, à vista de que, segundo a égide do princípio que sustenta o Estado Democrático de Direito, trata-se de governo do povo que precisa estar em harmonia com a vontade do povo, tendo sim necessidade de se manifestar sobre os atos praticados na administração pública, que é mantida pelo contribuinte e, por isso é dever, por força da lei, da prestação de contas à sociedade sobre a regularidade das atividades desempenhadas pelas pessoas investidas em cargos públicos eletivos, as quais precisam, sobretudo, se alinharem em satisfação ao interesse público.

Na minha opinião, as pessoas que aceitam com naturalidade os deslizes, as omissões ou as falhas do governo e dos representantes do povo estão prestando desserviços à pátria, precisamente porque nenhum delegado político do povo é eleito com carta branca para descumprir o regramento jurídico pátrio, porquanto em toda cartilha do homem público só existe a regra da regularidade, da conduta ilibada e da decência.

É óbvio que a minha opinião não significa condenação nem crítica a ninguém que pense diferentemente de mim, porque eu estaria exatamente negando a prevalência do saudável direito à liberdade de expressão e pensamento, em defesa dos princípios individuais, inclusive quanto às crenças, às ideologias e todas às preferências pessoais, segundo as quais todos são autônomos e donos das suas opiniões e deus pensamentos, não se esquecendo, como regra salutar, de se respeitar os mesmos sentimentos das demais pessoas, em sentido contrário.

Enfim, a precisa importância das opiniões sobre os fatos da vida reside, basicamente na compreensão de que o seu objetivo é agregar algum esclarecimento pertinente ao assunto, na tentativa de se contribuir para ajudar na condução do seu melhor entendimento, evidentemente sem necessidade de descortesia nem agressão, ante o respeito à livre manifestação.

Brasília, em 19 de fevereiro de 2021

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