segunda-feira, 1 de março de 2021

A urgência de normativo?

 

Em muitas crônicas, venho escrevendo tendo como destaque a forte e preocupante crise que se abate sobre a população, mostrando o quanto o povo sofre na tentativa de sobreviver quase que exclusivamente no amparo do principal recurso do isolamento social, como forma de se evitar contrair a Covid-19, ante às deficiências cruelmente apresentadas pela assistência à saúde pública, que só demonstra precariedade e muito pouca iniciativa para minorar a destruição de vidas humanas, que vem ocorrendo em escala desoladora.

Custa acreditar que, no ápice da incidência da contaminação da Covid-19, somente vem do governo do Brasil críticas às medidas adotadas pelos governadores, no sentido de conter as pessoas em casa, dando a entender que é o único remédio emergencial que se dispõe no momento, ante a impotência das iniciativas do governo federal, que somente tem disposição para criticar.

É sabido que é da incumbência constitucional do governo federal não somente a adoção das medidas inerentes à saúde pública como a liderança de movimentos e medidas necessárias à busca de solução para a desastrosa calamidade de prevalência na saúde pública, inclusive com a mobilização, se necessário, de entidades especializadas, já que seu principal órgão que deveria se preocupar com a terrível situação, permanece inerte em berço esplêndido, como se ele não tivesse nada com a defesa e a preservação da vida dos brasileiros.

          Diante de um dos meus textos, uma cidadão sempre preocupada com os problemas que afligem os interesses da população, com destaque para a saúde pública, escreveu a seguinte mensagem: “Parabéns pelo texto!! A realidade é essa o que a gente tá vendo, uma crise e decadência de um país, ver um presidente agir da maneira errada, todos os governadores fazem medidas restritivas para conter o vírus do covid, e o presidente ao invés de estar conectado aos governadores, ele age ao contrário criticando e se declarando contra as medidas dos governadores e propagando o vírus. Fico cada vez mais triste em ver o sofrimento de tantos brasileiros que estão sofrendo com parentes e amigos em busca de atendimento, famílias arrasadas sofrendo com a perda dos seus entes queridos. Lamentável a imprudência de tantos e a desordem de nosso governo, pois sem um programa de vacinação rígido. Só Deus em sua misericórdia para nos protegermos!!”.”

Em resposta à importante mensagem em defesa dos interesses dos brasileiros, que precisam realmente se preocupar com a lastimável situação de abandono pelo qual se encontra a saúde pública brasileira, jogada que foi à própria sorte, que não tem sido a melhor, como se esperava de governo que foi eleito exatamente com as promessas de mudanças, evidentemente na esperança de que elas fossem para melhor e em benefício dos brasileiros, ao contrário do que vem ocorrendo, conforme mostram os fatos, em explicita e inaceitável condição de calamidade.

Acredita-se que a insensibilidade à gravidade da pandemia diz muito com o fanatismo que impera na atualidade, em que muitas pessoas acham engraçado o presidente patrocinar aglomerações em regiões onde é visível o surto da Covid-19 e, o pior, onde os hospitais já estão lotados de doentes.

Ou seja, a população tem parcela importantíssima nesse processo de estímulo ao desprezo à triste realidade do caos que impera na saúde pública.

Por certo, caso a população tivesse o mínimo de conscientização sobre a tragédia que vem dominando a atual situação, com a saúde pública incapaz da própria sobrevivência, ela não participaria dessa patifaria de comícios patrocinados pelo presidente do país, tendo por finalidade o encaminhamento da sua reeleição, promovidos por onde ele aparece, sempre muito festejado e não se importando com os cuidados essenciais de afastamento das pessoas, quando se sabe que as aglomerações são focos vivos de contaminação da Covid-19.

Diante disso, nesse caso, não tem como isentar o presidente do país de grave culpa, porque ele poderia, à vista do princípio da sensatez, pedir a compreensão das pessoas que, nas suas visitas, em respeito às orientações de saúde pública, conviria se evitar as aglomerações, em especial porque ele precisa dar bons exemplos nesse sentido, inclusive com vistas à preservação da vida humana, que é de suma importância.

No caso, trata-se apenas do emprego dos princípios do bom senso e da sensibilidade humanos, em benefício da vida dos brasileiros, o presidente entende que todos vão morrer, mas não custaria contribuir para se evitar precipitações desnecessárias.

A verdade é que o adágio popular apenas vem se confirmando no dia a dia, no sentido de que o povo tem o governo que merece, porque os brasileiros se sentem muito felizes com o governo populista que está aí, que se mostra muito à vontade, mesmo diante do risco de contaminação pela Covid-19, que parece não ter a menor importância para a vida humana, infelizmente.

Quanto ao isolamento social, penso que o governo federal já perdeu excelente oportunidade para normatizar os procedimentos minimamente necessários ao seu emprego, à luz do disposto no art. 196 da Constituição Federal, que estabelece: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.”.

Como visto acima, o Estado tem a incumbência de cuidar primariamente pelas políticas de saúde, com vistas à integridade da vida dos brasileiros, fato este que tem como implicação a adoção das medidas visando ao cumprimento do ditame constitucional.

No caso, compete ao governo federal normatizar as políticas de isolamento social, de modo que, por meio de instrução apropriada, devidamente levantada sob o emprego de experiência, com base na longa existência da pandemia do novo coronavírus, e contribuições coligidas junto aos órgãos e às entidades, estas públicas e privadas, o país pudesse contar com valioso regramento para o norteamento das atividades pertinentes ao trabalho e mais especificamente ao funcionamento do comércio, das escolas, das indústrias, dos clubes sociais, esportivas, enfim de tudo que envolvesse as questões de interesse dos brasileiros, inclusive, além da vida humana, no que se refere à economia, objeto principal do interesse do presidente do país.

Nesse estudo, é imprescindível que se leve em conta a situação dos idosos e das pessoas possuidoras de comorbidades, com vistas a se evitar contaminações, para que seja possível o relacionamento cuidadoso e saudável entre quem estiver em atividade e essas pessoas.

Urge que o governo federal tenha importante iniciativa de promover estudos com vistas ao disciplinamento do isolamento social, à luz do disposto no art. 196 da Constituição Federal, ao invés de ficar apenas criticando as medidas adotadas por governadores, porque a falta de orientação nesse sentido somente evidência indiscutíveis omissão e incompetência, em prejuízo dos interesses da sociedade e do próprio governo, que tem incumbência constitucional para a promoção de ações nesse sentido.   

Brasília, em 1º de março de 2021

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