quarta-feira, 22 de maio de 2024

Deselegância

 

Conforme mensagem divulgada em vídeo, o presidente do país demonstra estranheza sobre a existência de muitos negros no Rio Grande do Sul, tendo afirmado que não sabia que, naquele estado, havia tantas pessoas da raça negra, em demonstração de que ele realmente desconhecia a situação populacional do Brasil e o pior é que o assombro dele evidenciou forma inusitada de avaliação sobre as condições de periferia deles, como se fosse algo degradante.

Na verdade, a forma da estranheza presidencial, contida na sua contundente afirmação de que não sabia da existência de muitas pessoas negras, no Rio Grande do Sul, não deveria causar tamanha perplexidade quanto ao fato da compreensão de que isso se devia ao entendimento torpe, distorcido e discriminatório da primeira-dama, por dizer ao esposo dela ser normal a ignorância do mandatário, de vez que os negros vivem nas periferias inferiorizadas das cidades, evidentemente fazendo alusão à gente subumana e suburbana, indigna da sua convivência com a sociedade.

Agora, parece ridiculamente estranho a forma despreparada como foi recepcionada pelas pessoas a conceituação formulada do episódio pelo presidente do país, uma vez que o nível do preparo e dos nefastos atributos dele jamais poderiam se esperar algo diferente disso, em termos de respeito aos valores da raça humana, posto que isso tem prática normal e corriqueira na vida dele, conforme mostram o seu histórico, na vida pública.

Está certíssimo em haver indignação, em especial por parte de pessoas negras, diante da injusta e desnecessária ofensa às pessoas da sua raça, em veemente repúdio e protesto contra desatinada, desrespeitosa e atrevida manifestação presidencial, que tem obrigação, à vista da relevância do cargo que ocupa, de respeitar a dignidade das pessoas, não importando a cor da sua pele e muito menos os locais onde elas moram.

Na realidade, essa clara indelicadeza esteja em perfeita harmonia com a distorcida índole de incivilidade do político, conforme comprovam as suas horrendas atitudes, na vida política, notadamente no que se refere ao desprezo aos comezinhos princípios da moralidade e da dignidade, na administração pública.

Caso o Brasil fosse um país de povo sério e evoluído, jamais se aceitaria político sem as mínimas qualificações para o exercício de tão relevantes atribuições de mandatário de país com as grandezas dele, sem que não se observasse, rigorosamente, os requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública.

Também no presente caso, cada vez mais se confirma o famoso adágio popular segundo o qual o povo tem o governo que bem merece, evidentemente porque ambos estão sintonizados no mesmo padrão de mentalidade político-social.

Brasília, em 22 de maio de 2024

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