No
livro intitulado “O homem que plantava
árvores”, de 1953, o escritor Jean Giono disse que “(…) os homens poderiam
ser tão eficazes como Deus em algo mais que a destruição.”, talvez
insinuando que os homens poderiam, se assim quisessem, imitar o Criador, para cuidar
das formas de vida na Terra, ao invés de promover a destruição, deixando o
rastro de escombros e aridez, que são prejudiciais a eles mesmos.
O
mencionado escritor quis ressaltar, a propósito, a importância do incansável reflorestador
Elzéard Bouffier, que se tornou notável personagem na maior chacina de nossa história, acontecida
na Primeira Guerra Mundial, que plantava, continuamente, dia após dia,
carvalhos, em região visivelmente agreste dos Baixos Alpes Franceses, já
abandonada pela população local, por conta do desmatamento secular promovido
pelos carvoeiros, nessa região.
É
nítido o contraste entre quem recuperava o meio ambiente da região e a irracionalidade
da citada guerra, mostrando, de forma cruel, como os homens podem desprezar completamente a vida, mesmo
tendo consciência sobre essa terrível escolha.
A
aludida mensagem é bem atual e mostra a capacidade do homem de mudar o mundo ao seu redor, tanto para o bem
como para o mal, a depender da sua índole, que tem sido muito maior para a
tendência da destruição, conforme mostram a história.
Nesses
tempos de aquecimento global, o planeta experimenta fenômenos que podem
influenciar na própria existência do homem, constituindo verdadeiro desafio para
a ser enfrentado peles gerações, que precisam se consciência sobre a defesa do
planeta.
É
importante que o homem se preocupe em saber o preciso significado para as
árvores, porque até parece que não existe nenhum, cuja tarefa se impõe como desafio
que pode comprometer o futuro da humanidade.
No
caso, o desafio gigante realizado por um só homem, durante mais de 30 anos, em
que plantou milhões de árvores, pode ser uma das respostas mais alvissareiras para
esse enorme dilema da atualidade.
Na
verdade, parece tarefa impossível a recuperação do planeta da degradação
imposta pelas consequências dos avanços da Revolução Industrial, centrada na
sua impiedosa ânsia por matérias-primas, mas o referido livro mostra a
importância da persistência de apenas uma pessoa para mudar a realidade local.
Ou
seja, conforme escreveu o escritor: “Um único homem, reduzido a seus
recursos físicos e morais, foi capaz de transformar um deserto em uma terra de
Canaã”.
Convém
que o homem atual tenha a capacidade de resistir e se adaptar às mudanças, a
depender da sua vontade de querer restaurar a natureza, desde que haja
interesse e oportunidade em agir em defesa dela.
Ou
seja, trata-se de fenômeno que muitos o classificam como um sinal e uma semente
da própria vida, é que podem sinalizar para a redenção da humanidade.
Há
alguns exemplos que podem ajudar à inspiração para se promoverem as mudanças
necessárias e urgentes que o momento exige, ante tantas degradações da natureza,
cujas consequências são desastrosas, conforme mostram os registros históricos.
Ressalte-se
que grandes obras têm início exatamente com base em inspiração trazida por importantes
exemplos bem-sucedidos.
A
verdade é que o primeiro passo das grandes obras é dado com as ideias, que
aparecem ainda em forma embrionária, na mente dos projetistas, mas é preciso
que elas apareçam, por iniciativa, no caso de ambientalistas.
A
propósito, o continente africano, uma das regiões mais pobres, espoliadas e
sofridas na história da humanidade, em termos econômicos e sociais, oferece um
dos muitos e bons exemplos para a salvação do planeta.
Trata-se
do trabalho feito na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele
continente, em que o governo empreendeu importante jornada, tendo conseguido,
em apenas 12 horas, sob a forma de força-tarefa, plantar mais de mil áreas, em
cerca de mais de 350 milhões de árvores, sendo considerado fato extraordinário,
por se tratar de recorde mundial.
A
Índia, país também bastante castigado pelos desflorestamentos, vem empreendendo
enorme esforço para recuperar importante parte de suas florestas, sendo que, na
última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores
e prosseguem plantando.
Na
China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta, tem sido
deslocada para semelhante tarefa no Norte do país, com a mobilização de mais de
60 mil soldados empenhados nessa importante missão de reflorestamento.
Na
verdade, como se vê, são esforços pontuais que podem contribuir para fazer importante
diferença em futuro bem próximo, em termos de preservação da natureza.
Tudo
indica que, na forma do atual estágio de degradação do planeta, haverá
necessidade do plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, com vistas somente
à garantia do arrefecimento da Terra, na tentativa de livrá-la dos danosos efeitos
do aquecimento global, que já vem agindo de forma maléfica entre a humanidade.
Essa
preocupante realidade já é do conhecimento da Organização das Nações Unidas,
que vem estimulando intensas ações, em todo o mundo, com vistas à criação de projeto
com a finalidade de reflorestamento global, tendo por meta principal o plantio
de 4 bilhões de árvores, muito em breve.
Tem-se
conhecimento sobre a existência de projetos semelhantes espalhados por diversas
regiões do planeta, sendo que uns são ambiciosos e outros nem tanto, mas são todos
de muita importância quando avaliados no seu conjunto.
Um
dos projetos de plantio de árvores pelo planeta mais ambicioso é o que vem sendo
implementado nas regiões do grande deserto do Saara, na África.
Esse
projeto é da maior importância, tendo em vista que em nenhum lugar do planeta
as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países
margeados por esse colossal deserto, que vem aumentando de área num ritmo
progressivo e assustador, nos últimos anos, tornando, por consequência, o clima
cada vez mais inóspito à vida em geral, que não sobrevive em temperaturas que atingem
média próxima aos 50 graus centígrados.
Diante
desse absurdo fenômeno climático, acrescentem-se também a escassez e até a
inexistência de água, cada vez mais preocupantes e motivadoras de conflitos
permanentes na região.
O
reflorestamento do deserto do Saara conta com o financiamento do Banco Mundial,
da União Europeia e das Organização das Nações Unidas, que já ergueu gigantesca
barreira verde de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil
quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto, contemplando
enorme muralha verde reflorestada, destinada à contenção do avanço da areia e
da acidez na região.
Enfim,
há esperança de que a humanidade se mobilize em defesa das florestas, com o
empreendimento de ações necessárias ao plantio de árvores, principalmente nas
regiões mais degradadas e castigadas pelo próprio homem, tudo em harmonia com a
consciência voltada para a necessidade de se investir no florestamento do planeta,
posto que essa importante missão é de incumbência prioritária de todos, para o
bem global.
Brasília, em 17 de maio de 2024
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