quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Dez anos de atrasos

O Partido dos Trabalhadores comemora, hoje, 10 anos no comando da nação, em grandioso evento com a participação da cúpula petista, reunida em São Paulo, tendo a presença do ex-presidente e da presidente da República. Nas dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília, foi montada uma exposição de fotografias para celebrar o aniversário da sua fundação, que se transformou em ato de indignação por parte de parlamentares oposicionistas, que não gostaram do destaque dado às fotografias de estrelas do partido, entre elas figuram o ex-ministro da Casa Civil da PR e o ex-presidente do PT, ambos condenados pelo Supremo Tribunal Federal, por envolvimento no esquema do mensalão. Alguns líderes de partidos de oposição criticaram que os dois petistas foram condenados em ação penal pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, não sendo razoável que eles sejam homenageados em espaço nobre da Casa Legislativa, ou seja, no túnel que liga o salão verde da Câmara aos plenários das comissões. Para alguns parlamentares, o destaque aos citados petistas evidencia “acinte” e “agressão” à consciência cívica da sociedade. Não há a menor dúvida de que, apesar de se tratar de espaço público, tem que haver bom sendo no sentido de que as pessoas públicas, punidas com penas por crimes graves contra a administração pública, não têm o direito de ser exaltadas e homenageadas nos espaços especiais da Casa do povo, por haver nisso clara demonstração da banalização da indignidade moral e do desrespeito aos parlamentares e à sociedade. O fato é que, além de se homenagear corruptos reconhecidos pela Justiça, a exposição tem o respaldo dos bestas do povo brasileiro, que é obrigado a custear os gastos com ela, mediante o abastecimento do fundo partidário, de onde são tirados os recursos para o pagamento das despesas do evento. Não deixa de ser contraditório que o PT tenha sido criado com a retórica da moralidade e agora festeje seu aniversário com a exposição de ilustres petistas condenados justamente por corrupção com recursos públicos, mas, mesmo assim, defendendo que eles fazem parte da sua história de muita sujeira, o que não deixa de ser verdade. Um parlamentar petista disse que “O PT não quer renegar sua história nem o seu legado.”. Essa exposição mostra muito bem a petulância de quem afronta a dignidade do povo brasileiro, com a incompetência retratada nas contratações superfaturadas das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da transposição do Rio São Francisco; na ingerência na gestão de estatais importantes, fragilizando a sua administração, como a Petrobras e a Eletrobrás; no gerenciamento de omissão e deficiência na educação, na segurança pública, na saúde, nos transportes, na infraestrutura, no saneamento básico; e, enfim, na falta de reformas estruturais, que contribuíram para o subdesenvolvimento do país, notadamente pelo reflexo na produtividade, ante a perda da competitividade com os produtos importados, cada vez mais prejudiciais ao parque produtivo do país, que foi estrangulado pelo custo Brasil, evidenciado pelas pesadas cargas tributária e previdenciária e por outros tantos componentes que poderiam ter sido modernizados e aperfeiçoados, com o objetivo de compatibilizar os preços da produção interna com a concorrência internacional. Comemora-se dez anos de poder, com o país progredindo ao inverso, com a perda de competitividade da indústria nacional, com a incompetência gerencial, desde o inchaço da máquina pública, sem saber o que fazer em termos de prioridade para a nação; o loteamento dos órgãos públicos e empresas estatais entre os partidos da coalizão para manutenção do poder; os conchavos e politicagem políticos, para a consolidação da base parlamentar; os atos ignóbeis de corrupção; entre outras deficiências éticas e morais, fazendo com que sejam festejados, nesta data, os monumentos da ineficiência do serviço público, do descalabro da incompetência, da desfaçatez dos bons costumes, ao deboche da dignidade, da falta de pudor da coisa pública e de tudo que a probidade deixou de fazer parte da organização do Estado. Tudo isso permitiu que, no governo petista, o Brasil perdesse a credibilidade também no cenário internacional. Urge que a sociedade desperte da letargia cívica e perceba que o país ainda pode recuperar o precioso tempo perdido, desde que a nação seja governada com competência e respeito aos princípios constitucionais da administração pública, entre os quais a ética, moralidade, legalidade, economicidade e transparência. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de fevereiro de 2013

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