quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Indignidade e desmoralização

Dando seguimento ao planejamento estratégico e rigorosamente traçado para o fortalecimento da campanha eleitoral de 2014, o Palácio do Planalto lançou suas fichas políticas no indecente apoio aos parlamentares peemedebistas para presidirem o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, como forma explícita da prática condenável do fisiologismo em prol do maior partido da República e de demonstração de fidelidade aos interesses espúrios, envolvendo órgãos públicos, como moeda de troca. Não à toa, o Planalto se empenhou em chancelar essas candidaturas em função da grandeza do PMDB, para angariar a sua simpatia e o seu apoio, na melhor forma do convencionado jeitinho de se dizer que uma mão lava a outra. O governo não se iluda de que, por sua obra e graça, o PMDB agora se tornou ainda maior e mais forte, ampliando seu poder no Congresso, o que poderá dificultar as pretensões governamentais no Parlamento, porque o abjeto apoio aos parlamentares polêmicos já trouxe enorme deslustre à imagem da presidente, por eles serem alvo de denúncias da prática de atos contrários ao decoro e à probidade. Diante disso, o governo terá que pagar preço altíssimo pelo desgaste de ter se solidarizado com políticos contestados pela mídia e sociedade, que não vislumbram motivos para compactuar com os homens públicos sem escrúpulo, que não têm a dignidade nem interesse de zelar pelo princípio da moralidade, em desrespeito à relevante e nobre função de representante do povo brasileiro. Contrariar os princípios fundamentais da administração pública faz parte da ideologia dessa grande agremiação, que prefere se aliar aos governantes com o objetivo primordial de ser contemplado com cargos públicos, como forma de manter seus apaniguados à custa dos tolos dos contribuintes. O expressivo peso da legenda do PMDB no Congresso vai obrigar o governo a ceder nas suas pretensões políticas, tendo em vista que os acordos feitos com essa agremiação são pagos com sacrifício, sob pena de ruir a poderosa manutenção da base de sustentação do governo, por ser o PMDB o principal e preferencial aliado na próxima campanha presidencial, que tem demonstrado competência para exigir a satisfação das suas pretensões, participando do poder, mediante a estratégica ocupação de cargos públicos, que ainda é a mais fascinante e atraente moeda de troca do apoio político, embora isso tenha demonstrado o quanto os partidos políticos se aviltam, por terem a indignidade de substituírem suas respeitáveis ideologias insculpidas nos seus estatutos de fundação pelo reprovável fisiologismo, ao se acomodarem diante da distribuição de cargos públicos, relegando os planos e os compromissos de bem representarem o povo. Diante desses acordos sebosos e sem-vergonha, principalmente por serem firmados às claras pelas principais autoridades públicas do país, como demonstração de desmoralização das instituições democráticas, para a decepção da sociedade, urge que a consciência nacional exija ampla reforma político-eleitoral, como instrumento capaz de modernizar, aperfeiçoar e moralizar as atividades públicas, possibilitando o banimento da vida pública dos maus políticos que não têm sensibilidade quanto aos relevantes serviços prestados ao país, por preferirem a indignidade de não observar os princípios éticos, morais e de honestidade e de desrespeitar os deveres constitucionais acerca do exercício dos cargos públicos, inclusive deixando de zelar pela economicidade e transparência quanto à aplicação de recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de fevereiro de 2013

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