Desde algum tempo, a
saúde financeira da Petrobras vinha dando fortes sinais de progressiva perda de
vigor, exigindo a adoção de cuidados especiais, diante de fundadas suspeitas de
ingerências palacianas. Por ser uma empresa genuinamente brasileira e ostentar prestígio
internacional, a Petrobras sempre foi motivo de orgulho dos brasileiros, em virtude
dos anúncios, com o regozijo peculiar do governo, dos resultados das explorações
dessa empresa, ante as maravilhosas descobertas do pré-sal e pela possibilidade
de autossuficiência de petróleo. Mais recentemente, vem a público a desagradável
notícia, com forte repercussão no mundo empresarial e no seio dos acionistas de
que o seu desempenho econômico passou a nível preocupante, representado pela
vertiginosa queda do seu lucro líquido de 36% em 2012, em relação ao ano
anterior, e suas ações não resistiram ao tranco e despencaram bruscamente,
acompanhando a tendência que vinha mostrando o seu desempenho, ano após ano. Esse
resultado influenciou o recuo da Petrobras no ranking internacional de
petroleiras e ainda a perda do fantástico primeiro lugar no rol das empresas
nacionais para a Ambev, da iniciativa privada. O curioso é que a Petrobras
sempre serviu de referência para os governantes, em especial os petistas, que
se enchiam de otimismo ao se referirem à empresa, exemplo de eficiência e
produtividade. Não obstante, o inexplicável aconteceu com o seu pífio
desempenho econômico, que teria sido em decorrência das oscilações da moeda
americana; do crescimento das importações do petróleo; e da enorme defasagem
entre os preços dos combustíveis comprados no exterior e a cotação internacional.
Essa política de compra de petróleo internacional ainda não foi devidamente
explicada aos brasileiros, à luz do que tanto se apregoou sobre o que seria a
auspiciosa "autossuficiência", que serviu tão somente para iludir os
otários dos brasileiros, mediante o marketing de que o país tinha passado a produzir
mais petróleo do que a quantidade necessária para o consumo interno, quando, na
realidade, esse fato nunca foi mostrado de forma transparente, dando a
possibilidade de se inferir de que existiram segundas intenções de se anunciar
autossuficiência com objetivos meramente eleitoreiros. O certo é que a culpa
pela defasagem nos preços do petróleo teve origem na decisão política do Palácio
do Planalto, mostrando a indevida e incompetente ingerência na empresa,
causando enormes prejuízos ao seu patrimônio e aos acionistas. Essa desastrosa
interferência nos negócios empresariais não foi, como devia, assumida pelo
governo, que deve explicações aos acionistas da Petrobras e, em especial, à
sociedade, por envolver grave perda do patrimônio dos brasileiros. Não há
dúvida de que à irresponsabilidade gerencial petista, que impôs a nefasta política
dos preços dos combustíveis, deve ser atribuída à caótica situação
econômico-financeira da Petrobras, que preferiu desprezar os reiterados alertas
dos especialistas, dos técnicos e da mídia, nos últimos anos, sobre o
previsível desempenho econômico negativo da empresa. Não houve, no caso,
respeito à realidade empresarial, permitindo que as opiniões e interferências
políticas indevidas prevalecessem sobre interesses patrimoniais dos
brasileiros, que agora se sentem lesados por causa da absurda incompetência de
quem se julga que pode tudo, inclusive interferir na gestão da empresa que, até
pouco, era confiavelmente rentável e motivo de orgulho do povo brasileiro.
Agora, na parte da pesada tributação sobre os combustíveis, de competência do
governo, embora haja bastante margem para tanto, não ouve mexida para
beneficiar os donos de veículos, permitindo que os preços pertinentes sejam os
mais caros do mundo, o que demonstra que a ingerência do Planalto foi realmente
prejudicial à gestão da Petrobras. A sociedade anseia por que o governo se
conscientize de que a Petrobras, embora na qualidade de empresa estatal, deve
ser administrada sob as regras da iniciativa privada, sem a intromissão da
inexperiência política, que já foi capaz de empurrá-la para o atual precipício
econômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de fevereiro de 2013
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