quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quem quebrou a Petrobras?

Desde algum tempo, a saúde financeira da Petrobras vinha dando fortes sinais de progressiva perda de vigor, exigindo a adoção de cuidados especiais, diante de fundadas suspeitas de ingerências palacianas. Por ser uma empresa genuinamente brasileira e ostentar prestígio internacional, a Petrobras sempre foi motivo de orgulho dos brasileiros, em virtude dos anúncios, com o regozijo peculiar do governo, dos resultados das explorações dessa empresa, ante as maravilhosas descobertas do pré-sal e pela possibilidade de autossuficiência de petróleo. Mais recentemente, vem a público a desagradável notícia, com forte repercussão no mundo empresarial e no seio dos acionistas de que o seu desempenho econômico passou a nível preocupante, representado pela vertiginosa queda do seu lucro líquido de 36% em 2012, em relação ao ano anterior, e suas ações não resistiram ao tranco e despencaram bruscamente, acompanhando a tendência que vinha mostrando o seu desempenho, ano após ano. Esse resultado influenciou o recuo da Petrobras no ranking internacional de petroleiras e ainda a perda do fantástico primeiro lugar no rol das empresas nacionais para a Ambev, da iniciativa privada. O curioso é que a Petrobras sempre serviu de referência para os governantes, em especial os petistas, que se enchiam de otimismo ao se referirem à empresa, exemplo de eficiência e produtividade. Não obstante, o inexplicável aconteceu com o seu pífio desempenho econômico, que teria sido em decorrência das oscilações da moeda americana; do crescimento das importações do petróleo; e da enorme defasagem entre os preços dos combustíveis comprados no exterior e a cotação internacional. Essa política de compra de petróleo internacional ainda não foi devidamente explicada aos brasileiros, à luz do que tanto se apregoou sobre o que seria a auspiciosa "autossuficiência", que serviu tão somente para iludir os otários dos brasileiros, mediante o marketing de que o país tinha passado a produzir mais petróleo do que a quantidade necessária para o consumo interno, quando, na realidade, esse fato nunca foi mostrado de forma transparente, dando a possibilidade de se inferir de que existiram segundas intenções de se anunciar autossuficiência com objetivos meramente eleitoreiros. O certo é que a culpa pela defasagem nos preços do petróleo teve origem na decisão política do Palácio do Planalto, mostrando a indevida e incompetente ingerência na empresa, causando enormes prejuízos ao seu patrimônio e aos acionistas. Essa desastrosa interferência nos negócios empresariais não foi, como devia, assumida pelo governo, que deve explicações aos acionistas da Petrobras e, em especial, à sociedade, por envolver grave perda do patrimônio dos brasileiros. Não há dúvida de que à irresponsabilidade gerencial petista, que impôs a nefasta política dos preços dos combustíveis, deve ser atribuída à caótica situação econômico-financeira da Petrobras, que preferiu desprezar os reiterados alertas dos especialistas, dos técnicos e da mídia, nos últimos anos, sobre o previsível desempenho econômico negativo da empresa. Não houve, no caso, respeito à realidade empresarial, permitindo que as opiniões e interferências políticas indevidas prevalecessem sobre interesses patrimoniais dos brasileiros, que agora se sentem lesados por causa da absurda incompetência de quem se julga que pode tudo, inclusive interferir na gestão da empresa que, até pouco, era confiavelmente rentável e motivo de orgulho do povo brasileiro. Agora, na parte da pesada tributação sobre os combustíveis, de competência do governo, embora haja bastante margem para tanto, não ouve mexida para beneficiar os donos de veículos, permitindo que os preços pertinentes sejam os mais caros do mundo, o que demonstra que a ingerência do Planalto foi realmente prejudicial à gestão da Petrobras. A sociedade anseia por que o governo se conscientize de que a Petrobras, embora na qualidade de empresa estatal, deve ser administrada sob as regras da iniciativa privada, sem a intromissão da inexperiência política, que já foi capaz de empurrá-la para o atual precipício econômico. Acorda, Brasil!     
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de fevereiro de 2013

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