O Senado Federal acaba
de escrever mais um fato lamentável nos seus anais, com a vitória consagradora
do senador alagoano para presidi-lo, em clara demonstração de prepotência
autoritária e de menosprezo aos apelos e protestos da sociedade, que não
concorda que o fisiologismo escancarado sirva de base para justificar a sua
escolha entre tantos senadores competentes, honestos e dignos. Mais uma vez,
fica patenteada a espúria aliança firmada entre os partidos de sustentação do
governo, que não tiveram o menor escrúpulo na realização dos seus objetivos
políticos, ao colocar o fortalecimento da coalizão política acima dos
princípios éticos e morais, deixando de lado as questões de suspeição de
irregularidades e corrupção ostensivamente exploradas e denunciadas pelos meios
de comunicação. A confirmação do parlamentar alagoano na presidência do Senado
apenas mostra que a ética do governo não é exatamente o respeito ao preceito da
honestidade no sentido etimológico do termo, mas sim na acepção de apoio aos
aliados, não importando os meios para o atingimento dos fins. Segundo a tese defendida
pelo famoso Nicolau Maquiavel, o governante somente será bem-sucedido se
conseguir equilibrar a virtude e a fortuna, como forma de materializar seus
interesses políticos de poder. Na atualidade, o governo brasileiro está
seguindo fielmente a cartilha do príncipe maquiavélico, com o uso da sua
célebre frase pregada na ideia de que “os
fins justificam os meios”, ou seja, tem valido qualquer sacrifício para o
atingimento dos objetivos governamentais, inclusive apoiar um político que
recentemente foi denunciado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo
Tribunal Federal, pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), com
pena prevista de 2 a 12 anos de cadeia; falsidade ideológica, de 1 a 5 anos de
cadeia; e uso de documento falso, de 2 a 6 anos de cadeia, segundo a revista ÉPOCA,
que teve acesso, com exclusividade e na íntegra, à arrasadora denúncia promovida
pelo procurador-geral da República contra o novo presidente do Senado, do PMDB
de Alagoas. Constam da denúncia que o senador apresentou, ao Senado, notas
frias e documentos falsificados na tentativa de justificar a origem dos
recursos que o lobista de uma grande empreiteira entregava, em dinheiro vivo, a
título de pensão, à mãe da sua filha. A conclusão da Procuradoria Geral da
República é no sentido de que se encontra provado que o político alagoano não
tinha condições financeiras suficientes para o pagamento da pensão e que, na
realidade, não houve, por parte dele, os pagamentos à mãe da sua filha. Na
denúncia, consta também que as apurações levantaram que o parlamentar teria
desviado o montante de R$ 44,8 mil do Senado, tendo utilizado, também nesse
caso, notas frias para justificar o desfalque nos cofres públicos. Na verdade,
o que vem sendo verificado é que o governo, seus correligionários
e aliados utilizam suas éticas especiais, que se encaixam apropriadamente na melhor
maneira das suas conveniências e em consonância com os seus valores morais,
que, na prática, não são exatamente iguais aos que a sociedade costuma adotar
como padrão de correção de procedimento, a exemplo do famigerado caso do
mensalão e de outras irregularidades semelhantes, todos considerados normais pelos
governistas e seus seguidores, embora a sociedade os recrimine, por isso não se
enquadrar no conceito de honestidade. Urge que os políticos se conscientizem
que os princípios éticos e morais têm como parâmetros padrões de valores aceitáveis
como sendo modelo de pudor, decência, honestidade pelo qual são regidos os
povos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de fevereiro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário