sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Os fins justificam os meios

O Senado Federal acaba de escrever mais um fato lamentável nos seus anais, com a vitória consagradora do senador alagoano para presidi-lo, em clara demonstração de prepotência autoritária e de menosprezo aos apelos e protestos da sociedade, que não concorda que o fisiologismo escancarado sirva de base para justificar a sua escolha entre tantos senadores competentes, honestos e dignos. Mais uma vez, fica patenteada a espúria aliança firmada entre os partidos de sustentação do governo, que não tiveram o menor escrúpulo na realização dos seus objetivos políticos, ao colocar o fortalecimento da coalizão política acima dos princípios éticos e morais, deixando de lado as questões de suspeição de irregularidades e corrupção ostensivamente exploradas e denunciadas pelos meios de comunicação. A confirmação do parlamentar alagoano na presidência do Senado apenas mostra que a ética do governo não é exatamente o respeito ao preceito da honestidade no sentido etimológico do termo, mas sim na acepção de apoio aos aliados, não importando os meios para o atingimento dos fins. Segundo a tese defendida pelo famoso Nicolau Maquiavel, o governante somente será bem-sucedido se conseguir equilibrar a virtude e a fortuna, como forma de materializar seus interesses políticos de poder. Na atualidade, o governo brasileiro está seguindo fielmente a cartilha do príncipe maquiavélico, com o uso da sua célebre frase pregada na ideia de que “os fins justificam os meios”, ou seja, tem valido qualquer sacrifício para o atingimento dos objetivos governamentais, inclusive apoiar um político que recentemente foi denunciado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal, pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), com pena prevista de 2 a 12 anos de cadeia; falsidade ideológica, de 1 a 5 anos de cadeia; e uso de documento falso, de 2 a 6 anos de cadeia, segundo a revista ÉPOCA, que teve acesso, com exclusividade e na íntegra, à arrasadora denúncia promovida pelo procurador-geral da República contra o novo presidente do Senado, do PMDB de Alagoas. Constam da denúncia que o senador apresentou, ao Senado, notas frias e documentos falsificados na tentativa de justificar a origem dos recursos que o lobista de uma grande empreiteira entregava, em dinheiro vivo, a título de pensão, à mãe da sua filha. A conclusão da Procuradoria Geral da República é no sentido de que se encontra provado que o político alagoano não tinha condições financeiras suficientes para o pagamento da pensão e que, na realidade, não houve, por parte dele, os pagamentos à mãe da sua filha. Na denúncia, consta também que as apurações levantaram que o parlamentar teria desviado o montante de R$ 44,8 mil do Senado, tendo utilizado, também nesse caso, notas frias para justificar o desfalque nos cofres públicos. Na verdade, o que vem sendo verificado é que o governo, seus correligionários e aliados utilizam suas éticas especiais, que se encaixam apropriadamente na melhor maneira das suas conveniências e em consonância com os seus valores morais, que, na prática, não são exatamente iguais aos que a sociedade costuma adotar como padrão de correção de procedimento, a exemplo do famigerado caso do mensalão e de outras irregularidades semelhantes, todos considerados normais pelos governistas e seus seguidores, embora a sociedade os recrimine, por isso não se enquadrar no conceito de honestidade. Urge que os políticos se conscientizem que os princípios éticos e morais têm como parâmetros padrões de valores aceitáveis como sendo modelo de pudor, decência, honestidade pelo qual são regidos os povos. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de fevereiro de 2013

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