terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Prepotência e ignorância

Na mensagem anual enviada ao Congresso Nacional, a presidente da República teve a infelicidade de dizer, entre outras impropriedades, que a atividade política tem sido "vilipendiada" injustamente; a política econômica vem sendo conduzida de forma "ousada"; o papel do Congresso Nacional é "imprescindível"; e as ações do governo são criticadas por não ter garantido maior crescimento da economia em 2012. Ela fez questão de reconhecer a imprescindível importância do Poder Legislativo para a “construção de um Brasil mais democrático, justo e soberano”. À toda evidência, lamente-se que a presidente não esteja a par da atuação dos parlamentares nem sendo informada sobre a desmoralização protagonizada por eles, notadamente com as recentes eleições, pasmem, apoiadas pelo Palácio do Planalto e por toda inescrupulosa tropa governista, de personalidades polêmicas, totalmente atoladas até o pescoço no mar de lama fétida, sob a acusação de envolvimento da prática de atos irregulares, capazes de desabonar a dignidade de qualquer cidadão comum, quanto mais os “nobres” presidentes das mais relevantes Casas do Legislativo. Tudo isso, tendo por meta o espúrio o fortalecimento da base de sustentação do governo. Cabendo frisar a indolência dos ilustres parlamentares que oficializaram três dias de comparecimento semanal ao Congresso; deixaram de aprovar, contrariando determinação constitucional, o Orçamento da União; permitiram a acumulação, por mais de doze anos, dos mais de 3.200 vetos presidenciais; são os parlamentares mais caros e talvez os que menos produzem do mundo; são os políticos mais inescrupulosos em termos de fisiologismo; ou seja, na moral, o vilipêndio, o escárnio, à classe política pela sociedade ainda é pouco para quem pratica enorme desprezo e apatia às funções legislativas e às causas da sociedade, que tem o infortúnio de sustentar o Congresso caríssimo e completamente inconsciente da sua importância constitucional, que pouco produz em benefício social e ainda deixa de fiscalizar o governo, que aproveita esse fato e nada de braçada na incompetência da gestão da administração pública. Na verdade, a mentalidade da presidente da República não poderia ser tão coerente com o pensamento do seu partido, que trata a sociedade como se fosse um bando de imbecis, de otários, porquanto, pela vontade dos prepotentes petistas, ninguém tem o direito de se insurgir contra a malignidade da incompetência gerencial do governo nem de se indignar contra a desacreditada e desonrada classe política, que nada ou quase nada fazem para mudar as gritantes e prejudicais deficiências existentes nos programas constitucionalmente da responsabilidade do Estado, ante o cristalino crescimento da violência e da criminalidade; da precária prestação do sistema de saúde pública; da má qualidade do ensino público; da notória destruição das estradas; e, enfim, da falta de investimentos na infraestrutura e nas obras indispensáveis ao progresso do país. O governo menospreza os pífios resultados da economia, permitindo, entre outras deficiências, a perda da sua competitividade, que impede o crescimento econômico em condições mais favoráveis, apesar das crises além-mar. Para combater o caos da economia, é imprescindível que o governo tenha capacidade gerencial e o mínimo de iniciativa para promover urgentes reformas estruturais nos sistemas tributário, previdenciário, trabalhista, administrativo e naqueles fundamentais à erradicação dos eternos, crônicos e indesejáveis gargalos que impedem que o custo Brasil se liberte das violentas amarras dos procedimentos agressivos de arrecadação de tributos, que têm como finalidade primordial a conquista de sucessivos recordes, como forma de mostrar eficiência da máquina do Tesouro, deixando que os verdadeiros entraves dominem os instrumentos beneficiadores do subdesenvolvimento socioeconômico. Urge que o governo despreze os discursos desprovidos de sustentação, evite os apoios aos conchavos espúrios e interesseiros e passe a governar o país com a competência e eficiência compatíveis com a grandeza da nação e as melhores aspirações do seu povo. Acorda, Brasil!    
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 04 de fevereiro de 2013

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