No momento, o PMDB, o principal e preferencial
partido aliado da presidente da República, além de ocupar a vice-presidência da
República, agora comanda o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Em havendo impedimento
momentâneo da mandatária do país, a agremiação detém em suas mãos os três principais
cargos na linha sucessória. Não poderia acontecer algo tão maravilhoso como
esse para o partido, que sempre demonstrou extremo empenho nas negociatas, com
o objetivo de concretizar suas pretensões políticas em se tratando de
conquistar e compartilhar o tão acalentado poder. Não há dúvida de que, no país
tupiniquim, para alguns partidos, a eterna disputa pelo poder e cargos públicos
tem se revelado a verdadeira conquista do anel da rainha. Ao contrário do que
ocorre no Brasil, nas democracias modernas, baseadas na representação política,
as disputas dos partidos se restringem essencialmente à realização das
pretensões políticas dos eleitores, em consonância com os ideários
programáticos dos seus estatutos. No caso específico do PMDB, que preferiu
abdicar das disputas à Presidência da República, como forma deliberada e
apropriada às conveniências político-eleitorais de defender um perfil voltado
ao espúrio e condenável fisiologismo, tendo como fundamento apoio aos governos,
que, de forma igualmente indecente e antiética, se dispõem a conceder cargos
públicos ou facilitar a conquista de cargos importantes no poder, com a certeza
da reciprocidade em termos de sustentação da base governamental no Congresso Nacional.
Não se pode negar que as coalizões e coligações, em tese, podem ser
consideradas legítimas, sob o aspecto político, caso elas não fossem
normalmente costuradas e conduzidas entre paredes, às escondidas, sem a mínima
justificação para os principais interessados nas conversações e suas
consequências, quanto às suas finalidades, que são os eleitores que elegem os
condutores das negociatas, dando a impressão de que tudo visa exclusivamente à
satisfação de interesses políticos, notadamente a garantia da perpetuação no
poder, tendo como moeda de troca a distribuição de cargos públicos, sem nenhuma
vinculação às práticas salutares da realização de políticas públicas, com
evidente ferimento aos princípios ideológicos, éticos, morais ou programáticos
por parte dos envolvidos. Essas coalizões se tornam ainda mais graves,
suspeitas e indecorosas com os apoios explícitos aos novos presidentes do Senado
e da Câmara, em virtude dos seus envolvimentos em escândalos pertinentes à
prática de irregularidades com recursos públicos, com a evidência de que eles
não teriam qualificação moral nem ética para o exercício de tão importantes
cargos da República, incluído o de substituição da presidente da República, mas
nada disso impediu o vergonhoso apoio do Planalto. Embora a lei da Ficha Limpa possa
ser considerada significativo avanço político, com um pouco de moralização ao
sistema político, conviria que a norma fosse mais abrangente e dura, com regra,
a exemplo da Lei Seca, estabelecendo que os políticos envolvidos em casos
irregulares com recursos públicos sejam considerados indignos de exercer cargos
públicos, com automática substituição por pessoas idôneas, como forma de
moralizar a administração pública, tão desrespeitada pelos políticos sem
escrúpulo e descompromisso com os princípios da honradez e honestidade. Urge
que o sistema político-eleitoral seja amplamente reformado, tendo por
finalidade a sua modernização e o seu aperfeiçoamento, com a obrigação de os
partidos políticos funcionarem exclusivamente na consecução dos objetivos políticos
dos eleitores, em consonância com os ideários programáticos dos seus estatutos,
ficando proibidas as absurdas coligações fisiológicas, sob pena da extinção das
agremiações desonestas e sem-caráter político. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de janeiro de 2013
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