quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ócio sem-vergonha

Os deputados estaduais da Paraíba tiveram “altruísta” iniciativa de decidir prorrogar suas férias até o próximo dia 18 de fevereiro, possivelmente como forma de compensação pelo enorme desgaste decorrente do descanso prolongado e penoso período de suas férias regimentais, que são normalmente de 45 dias. Esse novo período de férias “forçadas” somente termina depois dos festejos momescos, para que Suas Excelências possam se divertir à vontade, sem as estafantes preocupações com seus afazeres legislativos, que poderiam ser prejudicados ante a concomitância com as esbornias do Carnaval. A inédita e atrevida iniciativa dos parlamentares paraibanos é mais uma demonstração de desrespeito e desconsideração ao povo, que é duplamente responsável pela sua eleição e pelo pagamento das suas indescritíveis e inexplicáveis remunerações. Além disso, essa atitude não encontra amparo legal nem constitucional. São alegados motivos relacionados com a realização de obras na Assembleia Legislativos para o infausto retardo ao retorno dos parlamentares paraibanos ao trabalho, fato que deve ser refutado de plano, ante a possibilidade de ser previamente planejado o reinício dos trabalhos legislativos para outro local provisório. O certo é que a classe política brasileira é apenas o reflexo da sociedade, que leva a vida na maior tranquilidade e sem a menor responsabilidade. Caso contrário, seus integrantes não seriam os representantes do povo nos Parlamentos ou mereceriam severas contestações sobre atos dessa natureza. Não basta reclamar com insistência dos políticos, no momento em que os congressistas são duramente criticados, por terem a indignidade de eleger os presidentes das duas Casas do Congresso pessoas suspeitas de envolvimento em falcatruas e de cometerem atos indecorosos e incompatíveis com a importância e relevância das instituições em apreço, porquanto a sociedade tem a obrigação de se conscientizar sobre a necessidade de serem escolhidos seus representantes com indiscutível capacidade moral e discernimento político capaz de contribuir para a melhora das condições de vida do povo brasileiro. Na verdade, o adiamento das férias dos parlamentares paraibanos apenas oficializa o que eles produzem na prática em benefício da sociedade, ou seja, muito pouco ou quase nada, como a justificar a sua desnecessidade. Os deputados paraibanos deveriam ter a dignidade de decidir também pela suspensão dos seus vencimentos enquanto estiverem de férias sem amparo legal ou constitucional, bem assim dos vergonhosos e indecentes auxílios, ajudas, verbas de toda espécie e demais mordomias injustificáveis que eles continuam usufruindo mesmo quando estão de férias irregulares. O povo paraibano tem o dever cívico e moral de repudiar mais essa demonstração de descaso dos seus representantes no Poder Legislativo, que tem a sua reputação ainda mais desmoralizada, pelo péssimo exemplo dado por quem deveria trabalhar e dignificar os altos vencimentos e imerecidos penduricalhos remuneratórios. Urge a reformulação da mentalidade dos eleitores, não somente os paraibanos, no sentido de prestigiar a eliminação da vida pública dos políticos inescrupulosos e inconscientes da sua importância no contexto da democracia, que são eleitos com base em promessas que, na realidade, se transformam na consecução de objetivos interesseiros e pessoais, sem a menor preocupação com as causas da sociedade. Acorda, Paraíba!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 06 de fevereiro de 2013

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