Os deputados estaduais da Paraíba tiveram “altruísta”
iniciativa de decidir prorrogar suas férias até o próximo dia 18 de fevereiro,
possivelmente como forma de compensação pelo enorme desgaste decorrente do descanso
prolongado e penoso período de suas férias regimentais, que são normalmente de
45 dias. Esse novo período de férias “forçadas” somente termina depois dos
festejos momescos, para que Suas Excelências possam se divertir à vontade, sem
as estafantes preocupações com seus afazeres legislativos, que poderiam ser
prejudicados ante a concomitância com as esbornias do Carnaval. A inédita e
atrevida iniciativa dos parlamentares paraibanos é mais uma demonstração de
desrespeito e desconsideração ao povo, que é duplamente responsável pela sua eleição
e pelo pagamento das suas indescritíveis e inexplicáveis remunerações. Além
disso, essa atitude não encontra amparo legal nem constitucional. São alegados
motivos relacionados com a realização de obras na Assembleia Legislativos para
o infausto retardo ao retorno dos parlamentares paraibanos ao trabalho, fato
que deve ser refutado de plano, ante a possibilidade de ser previamente
planejado o reinício dos trabalhos legislativos para outro local provisório. O
certo é que a classe política brasileira é apenas o reflexo da sociedade, que
leva a vida na maior tranquilidade e sem a menor responsabilidade. Caso
contrário, seus integrantes não seriam os representantes do povo nos
Parlamentos ou mereceriam severas contestações sobre atos dessa natureza. Não
basta reclamar com insistência dos políticos, no momento em que os
congressistas são duramente criticados, por terem a indignidade de eleger os
presidentes das duas Casas do Congresso pessoas suspeitas de envolvimento em
falcatruas e de cometerem atos indecorosos e incompatíveis com a importância e
relevância das instituições em apreço, porquanto a sociedade tem a obrigação de
se conscientizar sobre a necessidade de serem escolhidos seus representantes
com indiscutível capacidade moral e discernimento político capaz de contribuir
para a melhora das condições de vida do povo brasileiro. Na verdade, o
adiamento das férias dos parlamentares paraibanos apenas oficializa o que eles
produzem na prática em benefício da sociedade, ou seja, muito pouco ou quase
nada, como a justificar a sua desnecessidade. Os deputados paraibanos deveriam
ter a dignidade de decidir também pela suspensão dos seus vencimentos enquanto
estiverem de férias sem amparo legal ou constitucional, bem assim dos
vergonhosos e indecentes auxílios, ajudas, verbas de toda espécie e demais
mordomias injustificáveis que eles continuam usufruindo mesmo quando estão de
férias irregulares. O povo paraibano tem o dever cívico e moral de repudiar mais
essa demonstração de descaso dos seus representantes no Poder Legislativo, que
tem a sua reputação ainda mais desmoralizada, pelo péssimo exemplo dado por
quem deveria trabalhar e dignificar os altos vencimentos e imerecidos
penduricalhos remuneratórios. Urge a reformulação da mentalidade dos eleitores,
não somente os paraibanos, no sentido de prestigiar a eliminação da vida
pública dos políticos inescrupulosos e inconscientes da sua importância no
contexto da democracia, que são eleitos com base em promessas que, na
realidade, se transformam na consecução de objetivos interesseiros e pessoais,
sem a menor preocupação com as causas da sociedade. Acorda, Paraíba!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de fevereiro de 2013
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