Com a finalidade de beneficiar as pessoas
cadastradas no programa Bolsa Família, o governo estuda a possibilidade da
doação de conversores digitais para a população de baixa renda, como uma
espécie do que já vem sendo denominado de “Bolsa Novela”. O ministro das
Comunicações disse que o governo pretende acabar com a era do “bombril” na
antena das televisões. Não deixa de ser mais um programa com a finalidade e
motivação eleitoreiras, por ter por meta parcela significativa da sociedade que
já vem se beneficiando com recursos dos brasileiros, sem necessidade de nada
fazer, nem mesmo da obrigatoriedade da realização de cursos de
profissionalização, que teria por finalidade a capacitação dos pais de família ao
trabalho e à dignificação do ser humano. Um pouco de sensibilidade
governamental pensaria na implantação de medidas que visassem ao acesso em
condições favoráveis aos conversores digitais à população em geral, sem
qualquer discriminação social, que funciona apenas como estigma condenável. Não
eixa de ser mais uma iniciativa estranha, porém ela se compatibiliza com o governo abarrotado e atoalhado de órgãos públicos inoperantes, sem terem
realmente com o que se ocupar em busca de benefícios para a sociedade, em todos
seus segmentos. Não há desconhecer que existem infinitas matérias carentes de
execução, notadamente no pertinente às reclamadas reformas estruturais, como meio
para capacitar o país ao crescimento econômico e social, ante ao atual entorpecimento
dos sistemas tributário, previdenciário, trabalhista, político-eleitoral,
penal, judiciário, administrativo, fiscal etc., que estão entravando o
progresso dos mecanismos fomentadores da economia, que se encontra estagnada,
sem estímulos à competitividade com os produtos importados. Essa comprovação da
falta de criatividade demonstra que o governo não tem prioridades para equacionar
as graves questões do país nem interesse em solucioná-las, causando enorme decepção
à consciência nacional. Trata-se de mais uma prova da incompetência do governo,
que é conivente com o crescimento da violência e da criminalidade, que permite
que a população sinta-se desprotegida e alarmada com a insegurança; com a
gritante deficiência do sistema de saúde pública, evidenciada pela ineficiência
do atendimento aos doentes nos hospitais públicos, que estão carentes de
pessoal especializado, instalações e equipamentos apropriados; com a falta de
investimentos no saneamento básico e na infraestrutura, contribuindo para o
subdesenvolvimento e a piora das condições de vida da população; e com tantas
outras deficiências gerenciais, causadas justamente pela falta de governo e de
prioridade, em termos de programas destinados à solução dos problemas
nacionais, em face da sua exclusiva preocupação com o fortalecimento da sua
base de sustentação política, visando à perpetuação no poder, mediante apoios e
coligações espúrios com fins meramente fisiológicos, como moeda de troca, com o
indecente envolvimento de cargos públicos nesses conchavos, que são custeados
com recursos públicos, mas deveriam se destinar à consecução de programas em
benefício socioeconômico. Na atualidade, não há mais margem para incompetência
gerencial nem iniciativas que não sirvam efetivamente para tornar a
administração pública eficiente e capaz de solucionar as questões sociais e
econômicas. A sociedade tem o dever cívico de exigir que os valores dos
tributos sejam empregados com razoabilidade e eficiência, visando à satisfação
das necessidades do povo brasileiro, de maneira uniforme e sem distinção de
segmentos sociais, tendo em conta o bom e regular emprego que deve ser dado aos
recursos públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de fevereiro de 2013
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