À primeira vista, as pesquisas mostram que a
candidata pessebista pode se transformar em novo fenômeno das urnas em outubro,
caso os últimos resultados das intenções de voto não reflitam tão somente o
estado de comoção que tomou conta dos brasileiros após a morte do ex-governador
pernambucano. De repente, ela confirmou a surpreendente preferência das urnas na
última eleição presidencial, quando mais de vinte por cento dos eleitores
sufragaram suas simpatias por ela, mostrando que seu cacife político é
respeitável. É evidente que a sua popularidade somente veio à tona depois da
morte trágica do referido político. É sabido que 66% dos brasileiros desejam que
o futuro presidente da República adote políticas públicas e ações diferentes
das implementadas pelo atual governo, ou seja, que eles sejam efetivamente favoráveis
às mudanças na administração do país. Essa constatação caiu como uma bomba no
colo da presidente do país, que imaginava que as intenções de voto favoráveis à
sua continuidade no Palácio do Planalto tivessem o condão de também concordar
com as precariedades e as deficiências postas em práticas na sua gestão, que já
foi objeto de rejeição pelo povo, nas manifestações de protestos das ruas, em
junho do ano passado, mostrando, com clareza, a desaprovação do desgoverno,
principalmente à vista da péssima prestação dos serviços públicos, em especial
no que diz respeito ao insatisfatório atendimento dos sistemas de saúde pública;
pela falta de modernização e de qualidade do ensino público; pelo sucateamento
das corporações militares e policiais, propiciando o alarmante crescimento da
criminalidade e da violência, em escala incontrolável, deixando a população
apavorada e insegura diante do quadro desolador e sem perspectivas de melhoras do
combate à delinquência; pelos descréditos demonstrados com o fracasso do
desempenho das políticas econômicas, cujos indicadores são melancólicos,
principalmente pela falta de controle das contas públicas, das dívidas
públicas, das taxas de juros e da inflação, bem assim pela falta de
investimentos em obras de impacto, fazendo com que, aliado à
desindustrialização do país, o Produto Interno Bruto tenha desempenho apenas
sofrível e negativo, em contraposição às indiscutíveis potencialidades
econômicas do Brasil. Diante do emaranhado complexo das políticas públicas, que
exige mudanças com profundidade e abrangência, é normal o suscitar da indagação
se a pessebista está realmente capacitada para atender às demandas de tamanha
responsabilidade para governar, com eficiência, o país que se encontra
mergulhado em mazelas e deficiências acumuladas ao longo desse governo, que são
fruto das destrambelhadas medidas administrativas priorizadas para a consecução
do majestoso projeto de perenidade no poder, em detrimento das causas da
sociedade e do país. É bem provável que a possível mudança de titularidade de
governo não passe da troca de seis por meia dúzia, em razão da visível
fragilidade identificada no perfil da candidata pessebista, que nunca
administrou coisa alguma e ainda tem origem no PT, que deve guardar e manter as
ideologias e os ranços do arraigado socialismo, com seus padrões obsoletos e
retrógrados de condenação às atividades desenvolvimentistas da economia, notadamente
pelo culto aos princípios contrários à expansão do agronegócio, que, aliás, tem
sido capaz de contribuir para o efetivo progresso da nação. Não há dúvida de
que é mais do que importante entender e compreender o sentido e a extensão não
só do desejo de mudanças, mas, sobretudo, da sua necessidade, haja vista que as
políticas implementadas pelo atual governo contribuíram decisivamente pelo
atraso social, político, econômico e democrático da nação. No entanto, à toda
evidência, a oposição até agora não foi capaz de mostrar qualidades e capacidades
para se credenciar ao enfrentamento das gigantescas responsabilidades pelas
mudanças pretendidas pelos brasileiros. Não obstante, parece que o favoritismo
das urnas passou para o outro lado do Palácio do Planalto, porém o sentimento
que permanece vivo nos brasileiros é o de que a administração do país poderá
continuar com as mesmas precariedades próprias de nação subdesenvolvida, por
não se vislumbrar qualquer possibilidade da realização de reformas estruturais;
da moralização do fisiologismo ideológico, mantido sob as espúrias coalizões de
governabilidade; do enxugamento da máquina pública; da cessação do espúrio processo
de loteamento dos ministérios e das empresas estatais entre os partidos da base
de sustentação do governo; da quebra das amistosas relações com nações
comandadas por ditadores; da aproximação dos países desenvolvidos e evoluídos; do
fomento à produtividade e à industrialização; da mexida no famigerado custo
Brasil, que vem contribuindo para distanciar a competitividade da produção
nacional; enfim, as mazelas imperantes serão abençoadas pela continuidade da
administração do país, que já demonstrou ter visão míope e focada na
contraposição à modernidade e ao progresso. Urge que os brasileiros se
conscientizem sobre a necessidade de se posicionar quanto à maneira como o
país deva ser administrado, deixando muito claro o seu pensamento como as
políticas públicas devam ser executadas, preferencialmente que elas tenham por
finalidade o exclusivo atendimento do interesse público, em consonância com os
princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de agosto de 2014