quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O know-how tupiniquim

Segundo um famoso especialista da área econômica, o país avançou muito em todas as instâncias, já tendo know-how de gestão pública, embora o espírito de vira-lata e a polarização política têm impedido se vislumbrar os avanços nesse setor, que vem enfrentando enorme desafio para domar e coordenar o monstrengo da máquina pública, devido à crônica burocracia nos serviços públicos. O jornalista entente que a organização da Copa do Mundo deu visibilidade a esse trabalho, sendo considerado excepcional por ele, cujo mérito provém da perfeita definição dos objetivos, das responsabilidades, dos pactos de parceria, da complementação de ações e da organização. Para ele, o governo federal vem mostrando avanços expressivos em várias áreas, a exemplo do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, que se tornou instrumento eficiente de articulação dos investimentos públicos. Apesar de reconhecer os avanços na gestão pública, o economista enxerga que ainda há a existência de gargalos, a exemplo da ausência de trabalho sistemático de reformas estruturais, visando à organização dos procedimentos administrativos, fiscalizatórios e ambientais, bem assim da falta de reforma política, de modo a impedir a brutal desorganização do modelo ético e moral por acordos espúrios e inescrupulosos.perior do formulário
Com certeza, o nobre economista deve estar vivendo noutro planeta ou seu comentário se refere a outro país diferente do Brasil, porque, no país tupiniquim, a administração pública ainda continua na idade da pedra lascada, na era paleolítica, por ainda adotar conhecimentos táticos nada recomendados para a solução das questões nacionais. Veja-se a quantidade de ministérios, quase quarenta, em cristalina demonstração de desprezo aos princípios da eficiência e da eficácia, em clara negação à comezinha regra da economicidade e dos princípios científicos da administração pública, ignorando o conhecimento ou o know-how aludido pelo colunista, justamente pelo notório desperdício de recursos públicos com a manutenção da máquina pública inchada, ineficiente, inútil e dispensável, na sua maioria. Contudo, nesse particular, parece haver justificativa plausível para o governo, que não teria condições de atender, de maneira satisfatória, suas alianças indecentes com partidos políticos, mediante o loteamento de ministérios e empresas estatais, em troca de apoio politico no Congresso Nacional e de alguns minutos de horário eleitoral, ou seja, trata-se de vergonhoso know-how somente existente no país tupiniquim, em que o governo, para tentar sua perenidade no poder, incentiva a vil prática do fisiologismo, que ele denominou de coalizão da governabilidade, estabelecida com o envolvimento de cargos públicos, i.e., o governo construiu balcão de negociatas com os partidos políticos, que conseguiram impor condições para se manter o apoiando, como fez recentemente o PR, com a imposição da troca de ministro, em verdadeira desmoralização da administração pública e do falacioso know-how, que é bonito no nome, mas na prática ainda não existe nas terras brasis. Também causa perplexidade a afirmação de que a administração pública domina know-how de eficiência na gestão pública, por se verificar enorme dificuldade e até desorganização na execução das funções da competência do governo, notadamente no que tange às políticas econômicas, com a inflação superando a meta do Banco Central, o descontrole da dívida pública e das contas públicas, o fraco desempenho do Produto Interno Bruto, o desarranjo da política fiscal, a leniência com a corrupção e a impunidade, a perda de credibilidade internacional, a maquiagem de resultados contábeis, o aparelhamento do estado, a perda de competitividade da indústria nacional, a ingerência na Petrobras e os negócios suspeitos e irregulares resultando na quebra do patrimônio dessa estatal, a triplicação da dívida pública, as taxas de juros galopantes, a pretensão de controlar os meios de comunicação, o aumento vertiginoso da criminalidade, associado do livre consumo de drogas, a gravidade da saúde pública, a dependência de parcela significativa da população ao programa assistencialista do Bolsa Família, o aparelhamento da máquina pública, a disseminação de desigualdade social com bolsas raciais, entre muitas práticas que não condizem com a excelência do conhecimento tático, que teria como sinônimo a eficiência na gestão pública, mas os fatos mostram que a administração pública funciona precariamente, sob métodos que contradizem os princípios científicos da otimização e da economicidade, como forma de aperfeiçoamento e melhoramento da gestão dos recursos públicos. Outro exemplo de clamoroso fracasso da gestão pública diz respeito às obras públicas, em especial pela fragilidade do seu planejamento e pela precariedade do controle e da fiscalização governamentais, a exemplo da transposição das águas do Rio São Francisco, que se arrasta desde 2007, com previsão inicial para ser inaugurada em 2012, mas a sua conclusão está prevista para o final de 2016, cujo custo deve atingir os R$ 9 bilhões, tendo começado com o orçamento de R$ 2,5; do metrô da Bahia, que ficou anos e anos em construção, mas a presidente do país acaba de inaugurar alguns poucos quilômetros e haja dinheiro para a sua conclusão; da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, que foi inicialmente orçada em R$ 2,5 bilhões, mas deve superar os R$ 10 bilhões; das obras de contenção contra as secas, que são modelo vivo da incompetência da administração pública; entre outras infindáveis e desastrosas demonstrações de ineficiências gerenciais do governo que contradizem os princípios da eficiência e da eficácia, afastando para bem distante o lídimo sentimento de know-how, que não deverá ser implantado na administração do país enquanto essa mentalidade político-administrativa dominante permanecer instalada no Palácio do Planalto. A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de serem implantados na administração pública brasileira mecanismos capazes de aperfeiçoar e modernizar as atividades político-administrativas da nação, como forma de contribuição para o efetivo desenvolvimento social, econômico, político e democrático do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES 
 
Brasília, em 06 de agosto de 2014

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