A presidente da
República e seu antecessor foram vaiados, por algumas vezes, quando eles
acompanhavam juntos a missa de corpo presente do ex-governador de Pernambuco. Com
a finalidade de suavizar o desagradável contratempo, assessores procuraram
aplaudi-los como forma de abafar os apupos. A situação teria sido ainda mais
constrangedora se a coroa de flores enviada pela petista tivesse sido arrancada
de perto do caixão, em atendimento a pedidos de pessoas contrariadas com a
presença da presidente do país. Os petistas não quiseram comentar as vaias, mas
o candidato tucano as criticou, afirmando: "Acho que nenhuma hostilidade nesse momento se justifica. Ele (Campos) era um amigo que conviveu com ela (Dilma) durante o governo Lula". Outros
políticos disseram que "Vaiar em
velório é ruim. Pelo que ouvi, foi coisa de uma minoria de militantes mais
aguerrida. Não vejo maiores consequências políticas." e “As vaias à presidente no velório de Campos
refletem a indignação da população. O povo está indignado.". Como não
poderia ser diferente, a presidente dos brasileiros permaneceu o tempo todo com
semblante de tristeza e de irritação, a ponto de, na saída, negar pedido de selfie de um estudante de 15 anos, sob a
alegação de que o momento não permitia fotos. Não há a menor dúvida de as vaias
direcionadas à mandatária do país, não importando se em velório, missa, estádios
ou nas ruas, podem refletir a indignação do povo e o retrato fiel das
precariedades da administração do país, cuja gestão teve o especial cuidado tão
somente de priorizar políticas de cunho assistencialista, e mesmo assim
merecedoras de críticas dos especialistas, que enxergam graves falhas na
condução dos programas pertinentes, em especial no que diz respeito às
deficiências no cadastramento dos beneficiários, onde há caso de pagamento para
servidores públicos, animais domésticos, comerciantes, familiares de políticos
e outras pessoas com renda superior ao mínimo legalmente exigido. Além das
falhas no cadastramento, há a terrível falta de acompanhamento, controle e
fiscalização sobre a execução dos recursos compromissados com o programa, de
modo a agravar e dificultar a certificação sobre a efetividade e a satisfação
da finalidade para a qual esse importante programa foi instituído. Nota-se que
a precariedade não se verifica apenas quanto ao cadastramento, mas ao controle sobre
o cumprimento dos pré-requisitos para o recebimento do benefício, consistentes
na obrigatoriedade da frequência escolar das crianças e da necessidade de
reciclagem dos pais de família, que teria, neste último caso, a finalidade de
especialização e profissionalização dos titilares do benefício, como forma de
estimulá-los à procura de emprego e de sua valorização e dignificação, em face
da capacitação que os assegura a ter a sua própria renda por meio do seu
trabalho e da sua produção. Ao contrário da preocupação com os controles e ao
cumprimento das exigências legais pertinentes, o governo simplesmente estimula
o progressivo aumento dos beneficiários, possivelmente com a precípua finalidade
de mostrar robusta estatística constituída por bolsões de brasileiros que nada
fazem nem produzem, mas são capacitados com higidez para votar e eleger os
homens públicos que se vangloriam de promover a distribuição de renda às
famílias carentes, deixando de se preocupar com outras políticas essenciais ao
desenvolvimento do país, principalmente no que pertine aos programas
econômicos, cujo desempenho passa há bastante tempo por ciclo periclitante e de
declínio, à vista dos resultados apresentados ano a ano, em razão,
principalmente, da incapacidade de reformulação das estruturas que são
indispensáveis ao fomento do crescimento e do desenvolvimento do país. É
inacreditável e até inexplicável que, mesmo tendo desempenho deplorável na
administração do país, conforme demonstram notadamente os resultados
econômicos, a ponto de ser vaiada até em velório, naturalmente em razão do
conjunto da sua obra, a presidente brasileira ainda se mantém na liderança das
pesquisas de intenções de voto. Esse fato é muito estranho, por indicar que
ela, apesar da evidente rejeição pelo povo, conforme acima relatado, ainda se
destaca nas preferências dos eleitores, quando, por coerência, seria normal a
sua desaprovação também para a corrida ao Palácio do Planalto, à vista de a
sociedade opinar por urgentes mudanças, inclusive na administração do país. Os
brasileiros, atentos ao seu dever cívico, precisam perceber que o eficiente
gerenciamento do país não se sustenta apenas na distribuição de renda de forma
deficiente e sem o devido controle, à vista das potencialidades da nação, que
exigem competência e capacidade para a reformulação, o aperfeiçoamento e a
modernização dos sistemas capazes de contribuir para o desenvolvimento do país.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de agosto de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário