sábado, 30 de agosto de 2014

Descompromissos com o Brasil?

Momentos depois da divulgação da pesquisa Ibope, os presidenciáveis que estavam na dianteira da preferência dos eleitores pesquisados perderam o rumo e a concentração, passando a acusar o despreparo da candidata pessebista, fenômeno de intenções de voto na aludida pesquisa e a apontar possíveis defeitos dela. A candidata petista afirmou que a campanha eleitoral será "baseada na mentira", na tentativa de alfinetar a candidata do PSB, que foi rebatida pela presidente, que disse que não basta trazer pessoas boas para governar, mas que são necessárias pessoas "compromissadas com distribuição de renda". A petista afirmou que "Na primeira eleição de Lula a gente dizia 'a esperança vai vencer o medo' e venceu. Agora nós estamos diante de uma campanha que vai estar baseada na mentira. Na mentira como eles fizeram durante a Copa do Mundo, que disseram 'não vai ter Copa, não tem aeroporto, não tem estádio, não tem rua, não tem nada', e teve Copa". Até então, a petista havia priorizado a polarização com o PSDB, insistindo na comparação do governo tucano com os 12 anos da gestão petista. A petista ironizou a possibilidade de a pessebista ser simpática à ideia de procurar pessoas do PT e do PSDB para participar no governar dela, sob o argumento de que pretende administrar o país "com os melhores". A presidente disse que "Essa história que você acha os bons ou os melhores sem aferição não está certa não. Como é que eu vou fazer uma política da agricultura familiar com quem não defende a agricultura familiar? A pessoa pode ser ótima, mas ela não tem nenhum compromisso com agricultura familiar. Ela não fará. Não é uma questão de a pessoa ser boa ou ser ruim, é uma questão de que compromisso ela tem. É melhor ter pessoas boas e compromissadas do que pessoas boas e sem compromisso". É evidente que a pesquisa, que nem pode ser tão realista como ela foi interpretada no pé da letra, mas teve a capacidade de pôr lenha na fogueira da campanha, atiçando as mentes, principalmente dos marqueteiros, que levaram a candidata petista a recorrer a recurso bastante usado no governo petista, que foi embasado na falta de verdade, mais precisamente com relação às corrupções, notadamente no que diz respeito ao mensalão, que sequer é admitido pela cúpula petista, embora o Supremo Tribunal Federal, composto por alguns ministros indicados pelo governo petista, tenha atestado, de forma categórica, com base nas robustas e substanciais provas constantes dos autos, que se trata do maior escândalo da história republicana, tendo julgado os mensaleiros pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, cujos fatos constituem verdades irrefutáveis, mas os petistas insistem em caracterizá-los como mentiras, justamente para fugir da fama de fraudadores dos cofres públicos. Talvez impactada pelo resultado da última pesquisa, muita gente desandou a falar, raivoso e confuso, sem perceber que suas palavras poderiam estar refletindo a própria imagem no espelho. Também não existe maior mentira do que a utilização de recursos públicos para potencializar a distribuição de renda entre famílias carentes de ajuda financeira, em obediência a planejamento estritamente de governo populista, com nítido viés eleitoreiro, conforme demonstram os fatos. É mais do que notório que, enquanto o governo prioriza seu compromisso com a distribuição de renda, tendo por objetivo a visível perenidade no poder, a nação padece com a falta de compromissos com os programas desenvolvimentistas, mais precisamente pela inexistência de investimentos em obras de impacto e pela precariedade como a política econômica vem sendo gerenciada, à vista da evidenciação dos pífios resultados, em especial do Produto Interno Bruto, que teve desempenho negativo no primeiro semestre deste ano. O certo é que as demais políticas do governo não condizem, nem de longe, com as riquezas e as potencialidades do Brasil, que merece administrador com sensibilidade capaz de entender que não basta ter compromisso somente com a distribuição de renda, quando os programas essenciais e imprescindíveis ao progresso do país ficam renegados a planos subalternos, sem a real importância que eles representam para o desenvolvimento nacional. Não há dúvida de que só o fato de ressaltar a importância da distribuição de renda, em plena campanha eleitoral, denota claro indicativo de que essa prática funciona como forte apelo eleitoreiro, como forma de sensibilizar o eleitorado beneficiado com os benefícios do Bolsa Família, porque as classes mais esclarecidas entendem perfeitamente que o país não tem condições de se desenvolver sob a gestão de quem tem compromissos e competências somente para o assistencialismo, em detrimento dos demais projetos maiores e expressivos chamados Brasil. Compete aos brasileiros se conscientizarem, com urgência, de que as mentiras e os compromissos somente com assistencialismos não têm a menor possibilidade de projetar nenhum futuro promissor para o país, porque suas riquezas e potencialidades reclamam por gerenciamento com a qualidade e eficiência que englobem as possibilidades de efetivo e verdadeiro desenvolvimento social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de agosto de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário