quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Merecimento à continuidade?

A presidente da República afirmou, em entrevista concedida à rede de jornalismo Catari Al Jazeera, que merece ser reeleita para dar continuidade ao processo de transformação do Brasil. Ela disse que “Eu acredito que o povo brasileiro deve me dar a oportunidade de um novo período de governo pelo fato de que nós fazemos parte de um projeto que transformou o Brasil. O Brasil tinha 54% da sua população entre pobres e miseráveis em 2002. Hoje, (...) todos aqueles que vivem na classe C para cima representam esses 75%. Três em cada quatro brasileiros. Nós transformamos a vida dessas pessoas.". A presidente fez defesa do montante investido na preparação para a Copa do Mundo, afirmando que se trata de valores irrisórios diante dos gastos totais do governo nas áreas mais reivindicadas por críticos da realização desse evento. A petista declarou que, "No que se refere à infraestrutura, US$ 4 bilhões não é o que faz a diferença em relação à educação e à saúde no mesmo período em que os estádios começaram – os estádios começaram em 2010. Se você considerar de 2010 até 2013, o Brasil, em educação e saúde, gastou mais de US$ 850 bilhões. Os quatro bilhões de dólares gastos para fazer os estádios é algo muito pouco significativo no que se refere ao gasto geral. O Brasil é um país que tem demorado muito para modernizar seu Estado. Nós precisamos de um país sem burocracia, um Estado muito mais amigável tanto para os cidadãos quando para os empresários, os empreendedores, e para os trabalhadores. (...) Nós estamos preparando o Brasil para um momento. (...) Nós estamos em uma fase de baixa do ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em uma outra fase do ciclo econômico, e temos de nos preparar de forma a melhorar a competitividade do nosso país.”. Quem lê a entrevista da mandatária brasileira tem nítida impressão de que ela se refere à outra administração e não à sua gestão. Em primeiro lugar, ela já desperdiçou a excelente oportunidade que teve nesse seu primeiro mandato, por não ter conseguido realizar absolutamente nada no seu governo, com exceção da inauguração do porto de Mariel, em Cuba, com recursos dos otários dos brasileiros, e da famigerada Copa do Mundo, com a construção e a reforma de faraônicos, inúteis e dispensáveis estádios, também com verbas públicas, cujo resultado constituiu verdadeira frustração para o povo brasileiro, ante o fiasco protagonizado pela decepcionante desempenho da seleção Canarinha. O processo de transformação a que ela se refere não condiz em absoluto com a realidade brasileira, porquanto a ascensão social por ela decantada até pode ter ocorrida noutro lugar, menos no Brasil, porque, no governo petista, os bolsões de pobreza apenas se acentuaram, que lastimavelmente foram acompanhados pela precariedade da prestação dos serviços públicos, evidenciados com a deficiência da educação, da saúde, da segurança pública, dos transportes, da infraestrutura, do saneamento básico e dos demais programas governamentais de competência do Estado, por força das atribuições constitucionais, que simplesmente foram desprezados a planos secundários, atropelados que foram pelo megalomaníaco projeto de continuidade no poder, para o qual foram empregados métodos nada republicanos, em especial mediante as alianças com os políticos da pior estirpe, que no passado eram considerados pela cúpula do PT como ladrões, corruptos, aloprados, picaretas etc. Também não é verdade que os recursos empregados nas obras da copa tenham sido de menor significância, em relação aos gastos com saúde e educação, porque os valores referidos pela presidente dizem respeito às despesas normais, os chamados gastos de manutenção e de funcionamento dessas atividades, não tendo havido investimentos significativos nesses setores, que continuam sucateados e carentes de melhorias, ante suas péssimas condições de funcionalidade. A presidente também foi bastante infeliz e contraditória quando se referiu à nova fase do ciclo econômico, aduzindo sobre a melhoria da competitividade do país, tendo em vista que nada se transforma sem que haja a adoção de medidas competentes e capazes para haver mudanças. Na verdade, na gestão petista sequer foi aventada qualquer espécie de mudança estrutural com vistas ao ganho de competitividade. Ao contrário, o país se manteve refratário e arredio às reformas de mecanismos que poderiam contribuir para o desenvolvimento da nação, que se manteve sob o obsoletismo e o anacronismo próprios dos sistemas socialistas, que se preocupam primacialmente com a igualdade social, não importando os fins para serem atingidos seus objetivos, em completo desprezo à eficiência e a eficácia da produtividade. A sociedade tem o dever cívico e patriótico de repudiar as indevidas colocações de seus governantes e exigir imediatas reformulações das estruturas do Estado, como forma capaz de possibilitar efetivo desenvolvimento social, político, econômico e democrático do país. Acorda, Brasil!
 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de agosto de 2014

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