domingo, 31 de agosto de 2014

Miopia à eficiência e ao desenvolvimento

À primeira vista, as pesquisas mostram que a candidata pessebista pode se transformar em novo fenômeno das urnas em outubro, caso os últimos resultados das intenções de voto não reflitam tão somente o estado de comoção que tomou conta dos brasileiros após a morte do ex-governador pernambucano. De repente, ela confirmou a surpreendente preferência das urnas na última eleição presidencial, quando mais de vinte por cento dos eleitores sufragaram suas simpatias por ela, mostrando que seu cacife político é respeitável. É evidente que a sua popularidade somente veio à tona depois da morte trágica do referido político. É sabido que 66% dos brasileiros desejam que o futuro presidente da República adote políticas públicas e ações diferentes das implementadas pelo atual governo, ou seja, que eles sejam efetivamente favoráveis às mudanças na administração do país. Essa constatação caiu como uma bomba no colo da presidente do país, que imaginava que as intenções de voto favoráveis à sua continuidade no Palácio do Planalto tivessem o condão de também concordar com as precariedades e as deficiências postas em práticas na sua gestão, que já foi objeto de rejeição pelo povo, nas manifestações de protestos das ruas, em junho do ano passado, mostrando, com clareza, a desaprovação do desgoverno, principalmente à vista da péssima prestação dos serviços públicos, em especial no que diz respeito ao insatisfatório atendimento dos sistemas de saúde pública; pela falta de modernização e de qualidade do ensino público; pelo sucateamento das corporações militares e policiais, propiciando o alarmante crescimento da criminalidade e da violência, em escala incontrolável, deixando a população apavorada e insegura diante do quadro desolador e sem perspectivas de melhoras do combate à delinquência; pelos descréditos demonstrados com o fracasso do desempenho das políticas econômicas, cujos indicadores são melancólicos, principalmente pela falta de controle das contas públicas, das dívidas públicas, das taxas de juros e da inflação, bem assim pela falta de investimentos em obras de impacto, fazendo com que, aliado à desindustrialização do país, o Produto Interno Bruto tenha desempenho apenas sofrível e negativo, em contraposição às indiscutíveis potencialidades econômicas do Brasil. Diante do emaranhado complexo das políticas públicas, que exige mudanças com profundidade e abrangência, é normal o suscitar da indagação se a pessebista está realmente capacitada para atender às demandas de tamanha responsabilidade para governar, com eficiência, o país que se encontra mergulhado em mazelas e deficiências acumuladas ao longo desse governo, que são fruto das destrambelhadas medidas administrativas priorizadas para a consecução do majestoso projeto de perenidade no poder, em detrimento das causas da sociedade e do país. É bem provável que a possível mudança de titularidade de governo não passe da troca de seis por meia dúzia, em razão da visível fragilidade identificada no perfil da candidata pessebista, que nunca administrou coisa alguma e ainda tem origem no PT, que deve guardar e manter as ideologias e os ranços do arraigado socialismo, com seus padrões obsoletos e retrógrados de condenação às atividades desenvolvimentistas da economia, notadamente pelo culto aos princípios contrários à expansão do agronegócio, que, aliás, tem sido capaz de contribuir para o efetivo progresso da nação. Não há dúvida de que é mais do que importante entender e compreender o sentido e a extensão não só do desejo de mudanças, mas, sobretudo, da sua necessidade, haja vista que as políticas implementadas pelo atual governo contribuíram decisivamente pelo atraso social, político, econômico e democrático da nação. No entanto, à toda evidência, a oposição até agora não foi capaz de mostrar qualidades e capacidades para se credenciar ao enfrentamento das gigantescas responsabilidades pelas mudanças pretendidas pelos brasileiros. Não obstante, parece que o favoritismo das urnas passou para o outro lado do Palácio do Planalto, porém o sentimento que permanece vivo nos brasileiros é o de que a administração do país poderá continuar com as mesmas precariedades próprias de nação subdesenvolvida, por não se vislumbrar qualquer possibilidade da realização de reformas estruturais; da moralização do fisiologismo ideológico, mantido sob as espúrias coalizões de governabilidade; do enxugamento da máquina pública; da cessação do espúrio processo de loteamento dos ministérios e das empresas estatais entre os partidos da base de sustentação do governo; da quebra das amistosas relações com nações comandadas por ditadores; da aproximação dos países desenvolvidos e evoluídos; do fomento à produtividade e à industrialização; da mexida no famigerado custo Brasil, que vem contribuindo para distanciar a competitividade da produção nacional; enfim, as mazelas imperantes serão abençoadas pela continuidade da administração do país, que já demonstrou ter visão míope e focada na contraposição à modernidade e ao progresso. Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade de se posicionar quanto à maneira como o país deva ser administrado, deixando muito claro o seu pensamento como as políticas públicas devam ser executadas, preferencialmente que elas tenham por finalidade o exclusivo atendimento do interesse público, em consonância com os princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de agosto de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário