quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Inexistência de mérito

Em recente entrevista concedida a uma rede de televisão estrangeira, a mandatária brasileira declarou, com muita ênfase, que merece ser reeleita para continuar o processo de transformação do país. À luz do seu desempenho, que não devem ter sido levados em conta os pífios resultados da economia, notoriamente impregnados pela persistência de alta da inflação; falta de controle das contas e das dívidas públicas, comprometendo o resultado orçamentário-financeiro da União; pelo inchamento da máquina pública, com quase 40 ministérios e incontáveis empresas públicas, cujos cargos, na sua maioria, foram loteados entre os partidos, com vistas ao apoio político no Congresso Nacional; fisiologismo implantado no seu governo; pelas alianças espúrias com partidos políticos visando às benesses e ao tráfico de influências propiciados pelo poder; e, principalmente, pela inexistência das reformas dos instrumentos capazes de contribuir para o desenvolvimento do país, que vem sendo penalizado, com dureza, pelo insuportável custo Brasil, turbinado pela pesada carga tributária e por outros fatores que poderiam ser racionalizados mediante a reformulação das estruturas do Estado, como forma de ajudar a produção nacional a conquistar competitividade, que vem sendo perdida nos últimos anos, principalmente nesse governo, por insensibilidade política, incompetência e resistência à modernidade dos princípios econômicos. Os brasileiros, à vista da acumulação de precariedades na gestão do país, não têm motivos para conceder nova oportunidade para novo período de gestão, que teria o condão de o governo continuar com suas transformações que apenas satisfazem seus objetivos de perenidade no poder, em completo desprezo aos interesses da sociedade e da nação. Os brasileiros anseiam, com avidez, pela ética, moralidade e legalidade na administração do país, compreendendo a comprovação da efetiva implementação, sem a finalidade de se aproveitar de seus resultados, das ações e das políticas governamentais, em estrita consonância com os princípios da honestidade e imparcialidade que se impõem na gestão dos recursos públicos, de modo que se permita a avaliação, pelo povo, as reais qualidades e competências do administrador público quanto ao seu desempenho em benefício do país e da população, com embargo de o próprio político se considerar merecedor da sua continuidade no cargo, cujo juízo de valor sobre o seu mérito compete exclusivamente à sociedade, a quem incumbe eleger seus representados e arcar com os escorchantes tributos. A avaliação sobre a real importância do conjunto das responsabilidades atribuídas à administração do país não pode ficar sob o talante do governante ou da classe política dominante, haja vista que, em harmonia com os saudáveis princípios democráticos, essa competência é privativa do povo, na forma prevista na Carta Magna. No caso do Brasil, a maioria significativa da população – 74% - se manifestou por urgentes mudanças, o que vale dizer que isso implica a salutar alternância de poder, como forma inteligente de se possibilitar a busca de novas fórmulas de gerenciamento do país em consonância com os princípios de modernidade e eficiência capazes de conduzi-lo aos horizontes do progresso tão ansiado pelos brasileiros. Não há dúvida de que as absurdas avaliação e aprovação do desempenho do governo, que efetivamente não correspondem à realidade dos fatos, vêm causando brutal distorção perante a opinião pública, por demonstrar, de forma também precipitada, que elas têm o condão de transmitir informações irreais à presidente, que passa a acreditar, com base nelas, que estaria governando de verdade e satisfazendo às finalidades pertinentes à satisfação do interesse público, quando, na realidade, os fatos não passam de mera pantomima para iludir a ingenuidade de parcela expressiva dos brasileiros, que se conforma com as benesses dos programas assistencialistas, com viés eleitoreiro, as quais não passam de engodo, em demonstração de populismo ditatorial, em consonância com os princípios socialistas, que cuidam primacialmente com a igualdade social, em detrimento dos preceitos da produtividade e da eficiência na administração pública, com claro desprezo ao aprimoramento dos conceitos de democracia e de civilidade, ante a privação dos indispensáveis direitos humanos e de liberdade de expressão. Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de expressar, nas urnas, o seu verdadeiro sentimento quanto à forma ideal de o país ser administrado, tendo em mira a observância dos princípios fundamentais da democracia e da República, com a consecução dos conceitos de honestidade, legalidade, transparência, economicidade e dignidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de agosto de 2014

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