segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Significativas transformações?

Nos tempos considerados de transformação apenas pelos governantes, os problemas brasileiros se agravaram em volumosa intensidade que contribuem para afetar seriamente o desempenho da administração pública, que não consegue se desvencilhar dos malfeitos responsáveis pela contaminação da capacidade dos agentes públicos, por terem perdido as reais condições de realização das políticas inerentes à sua privativa competência constitucional e legal. A demonstração da crise de governabilidade se sustenta nas falseadas afirmações de que o país passou por significativas mudanças, principalmente na classe social, com a distribuição de renda, consistente no sistemático assistencialismo, que, em princípio, trata-se de benefícios decorrentes tão somente em razão da própria evolução normal e natural dos novos tempos, que seriam promovidos necessariamente por força da obrigação primacial do dever da administração pública, que tem a responsabilidade de atender às famílias e às pessoas carentes de ajudas financeiras e materiais, em consonância com a modernidade dos princípios humanitários. Ao contrário do que vem sustentando a classe dominante, o presidencialismo de coalizão praticado no Brasil tem sido responsável pela geração de profundas e crescentes crises de governabilidade, permeadas por constantes atos de corrupção, e de demonstração de visível incompetência, que são responsáveis pelo consequente e inevitável declínio da economia e pela destruição das instituições político-administrativas. Esses fatores estão refletindo na perda da confiança do governo, que é obrigado a aceitar altíssimo índice de rejeição, com superação de 35% dos eleitores pesquisados, que se encontram inconformados com o desempenho desastroso da gestão dos recursos públicos, que não satisfaz aos reais anseios da sociedade, por não concordar com a falta de qualidade da prestação dos serviços públicos de competência institucional do Estado. Os fatos demonstram que a lamentável profissionalização da política tem contribuído para o rápido e ilícito enriquecimento na vida pública, sem a menor preocupação com o fiel cumprimento dos princípios democráticos inspiradores da representatividade, que é a razão do sistema político. Não há dúvida de que o maior indicativo da perda de confiança na administração do país ficou evidenciada nos movimentos de protestos das ruas do ano passado, quando a população deixou muito claro seu inconformismo com as mazelas e as precariedades da prestação dos serviços púbicos, notadamente na acentuada deficiência do atendimento à saúde pública, onde se constata os hospitais assoberbados de doentes, muitos dos quais morrendo por falta de assistência; na banalização do combate à violência e à criminalidade, incrementadas pela falta de investimentos no aperfeiçoamento e aparelhamento das forças policiais, que não encontram estímulo para o estrito cumprimento institucional; na desqualificação do ensino público, que se distancia dos avanços alcançados por países que não têm as potencialidades econômicas do Brasil; no sucateamento das estradas, onde morrem muitos brasileiros ainda na limiar de suas vidas; e nas variedades de insuficiências que são responsáveis pelo emperramento do desenvolvimento do país.  Assiste razão à sociedade ao se revoltar e protestar contra a injustiça pela farra da ocupação, por aliados políticos, de ministérios e empresas estatais sem o cumprimento de exigência dos indispensáveis critérios do mérito e da competência, que se impõem na administração pública responsável, ante o envolvimento de recursos públicos, que cobram a observância dos princípios da dignidade, legalidade, moralidade, transparência e economicidade, entre outros. Embora o governo entenda de forma diferente, é totalmente relevante para incrementar a crise econômica do país a manutenção do altíssimo custo da multiplicidade de ministérios inúteis e dispensáveis, por serem recheados de cargos supérfluos e de perda de eficiência e de eficácia, que são contrários ao interesse público. Além de haver notório déficit nos cofres públicos, decorrente do descontrole das contas e das dívidas públicas, o governo não tem condições, por falta de recursos, de investir em obras de impacto. Também é induvidoso que o desgaste do elevado custo político, promovido com a espúria coalizão de governabilidade, tem contribuído para a perda de eficiência, a irracionalidade no emprego de verbas orçamentárias, a falta de competência na indicação de projetos importantes, a escassez de ideias e de investimentos, que são medidas capazes para fomentar o progresso inexistente no país. Por sua vez, sabe-se que as reformas dos sistemas estruturais do Estado não são promovidas em razão do elevadíssimo custo político, por haver necessidade de se mexer com os interesses dos políticos e dos partidos da coalizão. A sociedade tem o dever cívico de se conscientizar de que as anunciadas transformações do país não passam de engodo, porquanto permanecem intocáveis por longo tempo os fundamentos econômicos que seriam capazes de contribuir para o desenvolvimento da nação, notadamente no que diz respeito aos investimentos em obras de impacto e às reformas dos sistemas estruturais do Estado. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 24 de agosto de 2014
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