Em entrevista coletiva concedida no Palácio da
Alvorada, presidente da República disse que a Petrobras está acima de qualquer
crime ou malfeito e que dirigentes ou responsáveis por denúncias de corrupção
devem ser punidos. Ela afirmou que “O
Brasil e nós todos temos que aprender que se pessoas cometeram erros,
malfeitos, crimes, atos de corrupção, isso não significa que as instituições
tenham feito isso. Não se pode confundir as pessoas com as instituições. A
Petrobras é muito maior do que qualquer agente dela, diretor ou não, que
cometam crimes, equívocos e que sejam condenados. Isso não significa condenação
da empresa. Homens e mulheres falham, não as instituições. A Petrobras está
acima disso”. A presidente do país tem absoluta razão, ao afirmar que a maior
empresa brasileira está acima de crimes ou malfeitos – mas o seu governo, que
tinha a incumbência de evitá-los, não conseguiu - e que os envolvidos nas
corrupções devem ser punidos, na forma da lei. Não obstante isso seja pura
verdade, a petista se faz de mal-entendida ao tentar desviar o foco dos
escândalos ocorridos na Petrobras para meras responsabilidades dos dirigentes
protagonistas de improbidades administrativas, como se elas tivessem acontecido
bem longe da estatal, quando as irregularidades se originaram justamente na má
gestão do patrimônio da aludida empresa, no que concerne à desastrada e
deletéria compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, possivelmente por preços
superfaturados e absurdamente injustificáveis, em evidente demonstração de
incompetência atribuível aos servidores que participaram dessa famigerada
aquisição, por serem certamente pessoas da confiança do governo, que foram
colocadas nos importantes cargos de direção sob o seu beneplácito, o qual não
tem como negar que a estatal vem servindo como verdadeiro cabide de empregos de
seus aliados, notadamente em atendimento às espúrias coalizões de
governabilidade, que têm como essencial fundamento a marca do arraigado e
indecente fisiologismo, que envolve o loteamento de cargos dos ministérios e das
empresas estatais, como no caso da Petrobras, que foi aparelhada por afilhados
e apaniguados pelo preferencial partido aliado ao governo, i.e., o PMDB, que
preenche, por seus filiados, cargos de direção na estatal. No caso específico,
a presidente do país não contribui para a melhor maneira de condução das
medidas capazes de facilitar as investigações alusivas às irregularidades
envolvendo a estatal, principalmente compreendendo a compra de Pasadena e a
operação Lava Jato, que estão sendo conduzidas, respectivamente, pelo Congresso
Nacional e pela Polícia Federal. Ao contrário, a imprensa noticia com frequência
as manobras governistas para blindar e dificultar a elucidação dos fatos
denunciados, sabidamente envoltos de enormes gravidades e muito mistério, ante a
tentativa de abafamento dos expressivos prejuízos causados ao patrimônio da
Petrobras, que tem como envolvidos nos “malfeitos” - forma suavizada como são
denominadas as irregularidades pela presidente -, certamente por entender que aquele
termo está imune à recriminação. O certo é que, quer queira ou não a
presidente, não se pode simplesmente falar nas irregularidades com origem na
Petrobras sem relacioná-las à responsabilidade que cabe ao governo, por ser estatal
que deveria ser administrada na gestão do governo sob o prisma da estrita
observância aos sagrados princípios da competência, eficiência e, sobretudo,
responsabilidade, jamais permitindo que o seu patrimônio fosse dilapidado em
quase a metade do seu valor, em razão da má gestão dessa que já foi a empresa
orgulho dos brasileiros, por ter sido, anterior a esse governo, gerenciada com
bastante competência e eficiência, imune à ingerência palaciana, cuja medida
vem sendo praticada, na atualidade, mediante o indevido represamento de preços
dos combustíveis, para evitar reflexo na inflação, e o aparelhamento de seus
principais cargos, por meio do escrachado e vergonhoso fisiologismo ideológico
imperante na classe política, que não demonstra o menor pudor quanto à
necessidade da fiel observância aos princípios republicano e da administração
pública, notadamente acerca da ética, legalidade, moralidade e dignidade. Compete
à sociedade, principalmente à vista da sua responsabilidade cívica e
patriótica, zelar pelo patrimônio nacional, principalmente da Petrobras, e
exigir dos governantes competência, eficiência e responsabilidade sobre a administração
do país, inclusive quanto à gestão dos recursos públicos integrantes das
empresas estatais, que não podem servir de cabide de empregos, em cumprimento
de alianças inescrupulosas, nem de imprudência acerca do gerenciamento
operacional, sob pena de responsabilização dos envolvidos com irregularidades. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de agosto de 2014
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