quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Desmoralização do princípio republicano

A presidente da República tem fortes motivos para ficar contente com os resultados das pesquisas de intenções de voto à corrida ao Palácio do Planalto, cujos percentuais estão sempre à frente de seus opositores, que praticamente permanecem estagnados em patamares distanciados da petista, exceto na última pesquisa, que aparece a candidata pessebista mais próxima da petista. Não deixa de ser curioso e estranho que esse fato venha ocorrendo, levando-se em conta os altos índices de rejeição da petista - sempre superiores a 30% -, a maneira temerária e até deletéria – vide os escândalos da Petrobrás - como o país vem sendo administrado, a falta de reformulação das estruturas da administração nacional e tantas outras precariedades que certamente contribuíram para que a população tenha se manifestado, também em pesquisa, no percentual de 66%, favorável a urgentes mudanças, naturalmente pelo visível e forte sentimento de que a gestão pública precisa de alternância, na tentativa de que os sucessores sejam capazes de implantar, na administração do país, políticas públicas de vanguarda e de eficiência, com inspiração nos governos de países evoluídos, que têm como pressuposto o aperfeiçoamento e a modernização da forma de administração dos recursos públicos, tendo por base peculiaridades, características e potencialidades do Brasil. Causa enorme perplexidade que se trata de governo marcado pela corrupção e pela incompetência na administração do país, conforme ficou bastante caracterizado com as denúncias de irregularidades nos ministérios e na Petrobras, o julgamento da Ação Penal nº 470 pelo Supremo Tribunal Federal; as ruidosas coalizões de governabilidade; as estrondosas manifestações de protestos; as demais deficiências gerenciais, principalmente das políticas econômicas, mas, nem mesmo diante desse quadro desalentador e de notória demência administrativa, a presidente da República perde fôlego e ainda consegue, de forma inexplicável e injustificável, superar os demais candidatos, que, evidentemente, fato esse somente compreensível por ela dispor das benesses da máquina pública, com as quais os demais candidatos não podem contar, principalmente do poder ínsitos nos ministérios e nas empresas estatais, que são loteados, de forma bondosa e fartamente, entre os partidos que formam a base de sustentação de governo. Os candidatos de oposição ao governo devem mostrar competência para montar seu programa de governo com o antídoto das ruindades e nulidades apresentadas por quem somente tem projeto político voltado para a exclusiva reeleição e a perenidade no poder, fazendo despudorado uso da máquina pública para esse intento, a exemplo da exacerbada e injustificável quantidade de ministérios visivelmente inúteis e dispensáveis, por serem, na maioria, bastantes dispendiosos, improdutivos e inoperantes, mantidos apenas para acomodação e manutenção das ilícitas alianças políticas, visando ao apoio e à garantia de alguns minutos no horário eleitoral e de apoio político. O certo é que, nos países desenvolvidos e evoluídos, não existem politicagem manipuladas com a finalidade de fortalecimento de partidos e da inescrupulosa classe política, conquanto a pureza da política se assenta na consecução nos objetivos primaciais da satisfação dos interesses da sociedade e do país, tendo em conta que as políticas públicas devem ser priorizadas em função apenas das necessidades sociais e do desenvolvimento do país. O povo precisa se conscientizar, com a máxima urgência, sobre a necessidade de exigir que a política e a administração pública sejam praticadas exclusivamente para a resolução das questões de interesse da nação e da sociedade, com embargo das sebosas politicagens destinadas à satisfação dos aproveitadores, que erroneamente as utilizam com desvio de finalidade, em contraposição aos consagrados princípios da probidade, do decoro, da ética, da moralidade, da legalidade e da dignidade, contribuindo ainda para a desmoralização dos conceitos republicano e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de agosto de 2014

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