sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Demonstração de insensibilidade

Com a finalidade de mostrar a clientes a real situação que a campanha eleitoral pode refletir no desempenho das aplicações financeiras, principalmente na Bolsa de Valores, que vem oscilando positivamente com as quedas de intenção de voto na presidente da República, conforme os pregões subsequentes às divulgações dos resultados das pesquisas, um banco resolveu expedir nota com o seguinte teor: “A economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente. A queda de confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil em derrubar ainda mais a popularidade da presidente, que vem caindo nas últimas pesquisas, e que tem contribuído para a subida do Ibovespa. Difícil saber até quando vai durar esse cenário e qual será o seu desdobramento final de uma queda ainda maior de Dilma Rousseff nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de revisão pode surgir. O cambio voltaria a se desvalorizar, juros longos retornariam altos e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes. Esse último cenário estaria mais de acordo com a determinação de nossos fundamentos macroeconômicos. Diante desse cenário, converse com seu Gerente de Relacionamento Select para alocar os seus investimentos de maneira mais adequada ao eu perfil de investimento.”. Embora o documento se trate de orientação própria do relacionamento do banco com seus clientes investidores, tão somente no plano estritamente técnico, evidenciando mera realidade de mercado, a cúpula do PT veio a público, em peso, para repudiá-lo e ameaçar o banco de retaliação. O ex-presidente da República petista cobrou da instituição a imediata demissão da analista, autora do boletim em apreço. Já a presidente da República, a par de lamentar o episódio, fez velada ameaça, ao afirmar, de forma misteriosa, que “Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco. É inadmissível para qualquer país aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante de forma institucional. É inadmissível". O presidente do PT classificou o caso como “terrorismo eleitoral”. “... Isso é proibido. Instituições bancárias ou financeiras não podem fazer manifestações que interfiram na decisão do voto.”. As ameaças petistas, que foram feitas indevida e ridicularmente mediante o escudo e respaldo da máquina pública, não somente levaram à demissão das pessoas envolvidas com a nota, como resultaram no pedido de desculpas do banco, em verdadeiro ato de subserviência, que não se coaduna com os princípios democráticos, em especial porque a nota apenas refletia a realidade que pode não ser nada simpática aos interesses e modos de procedimentos petistas, que somente aceitam situações se elas atenderem às suas causas e conveniências políticas. Não há dúvida de que, se a orientação em comento tivesse sido favorável à causa eleitoral da presidente, o partido teria ficado mais do que calado, em agradecimento, e seria capaz até de pleitear a promoção das pessoas envolvidas. Na verdade, o documento não contém nada além da situação fática, em que há nítida constatação sobre a oscilação positiva da Bolsa de Valores, principalmente com a disparada das ações das empresas estatais, sendo que esse fato é noticiado pela mídia, não constituindo nenhuma novidade, o qual seria considerado normal se tivesse ocorrido em país desenvolvido política e democraticamente, uma vez que a mentalidade de seus políticos já atingiu nível de evolução capaz de compreender com naturalidade a realidade dos acontecimentos. O certo é que as pessoas inteligentes têm razões mais do que suficientes para saber que o país não suporta mais quatro anos de incompetência na administração dos recursos públicos, diante da evidência da pesada e absurda carga tributária, das coalizões espúrias, da precariedade da prestação de serviços públicos, do descontrole das contas e dívidas públicas, da inépcia quanto às reformas estruturais e das demais deficiências que estão contribuindo, de forma significativa, para o subdesenvolvimento da nação. Não se trata, em absoluto, de manifestação, como intuiu a mandatária do país, com poder de interferir na decisão de voto, porquanto o documento apenas menciona e se baseia sobre fatos sobressaídos de pesquisas eleitorais que estão refletindo diretamente nos resultados da Bolsa de Valores, com a automática subida das ações das empresas públicas. Essa é a realidade incontestável que jamais seria questionada nos países democraticamente desenvolvidos, onde o princípio da transparência funciona como instrumento benéfico ao aperfeiçoamento e à valorização dos preceitos fundamentais de civilidade, contrariamente ao que ocorre nas republiquetas, onde os fatos contrários aos interesses das classes dominantes, mesmo revestidos de normalidade, são censurados e ameaçados de retaliação e punição. Compete à sociedade, no estrito cumprimento do seu dever cívico e patriótico, repudiar com veemência os atos insensatos das autoridades públicas, em razão de estarem imbuídas do poder de representatividade política-eleitoral, de modo que possa reinar no país clima de liberdade, transparência e progresso democrático, em consonância com a salutar evolução da humanidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de agosto de 2014

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