Com
a finalidade de mostrar a clientes a real situação que a campanha eleitoral
pode refletir no desempenho das aplicações financeiras, principalmente na Bolsa
de Valores, que vem oscilando positivamente com as quedas de intenção de voto
na presidente da República, conforme os pregões subsequentes às divulgações dos
resultados das pesquisas, um banco resolveu expedir nota com o seguinte teor: “A economia brasileira continua apresentando
baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente. A queda de confiança
e o pessimismo crescente em relação ao Brasil em derrubar ainda mais a
popularidade da presidente, que vem caindo nas últimas pesquisas, e que tem
contribuído para a subida do Ibovespa. Difícil saber até quando vai durar esse
cenário e qual será o seu desdobramento final de uma queda ainda maior de Dilma
Rousseff nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas
pesquisas, um cenário de revisão pode surgir. O cambio voltaria a se
desvalorizar, juros longos retornariam altos e o índice da Bovespa cairia,
revertendo parte das altas recentes. Esse último cenário estaria mais de acordo
com a determinação de nossos fundamentos macroeconômicos. Diante desse cenário,
converse com seu Gerente de Relacionamento Select para alocar os seus investimentos
de maneira mais adequada ao eu perfil de investimento.”. Embora o documento
se trate de orientação própria do relacionamento do banco com seus clientes
investidores, tão somente no plano estritamente técnico, evidenciando mera
realidade de mercado, a cúpula do PT veio a público, em peso, para repudiá-lo e
ameaçar o banco de retaliação. O ex-presidente da República petista cobrou da
instituição a imediata demissão da analista, autora do boletim em apreço. Já a presidente
da República, a par de lamentar o episódio, fez velada ameaça, ao afirmar, de
forma misteriosa, que “Eu vou ter uma
atitude bastante clara em relação ao banco. É inadmissível para qualquer país aceitar qualquer nível de
interferência de qualquer integrante de forma institucional. É
inadmissível". O presidente do PT classificou o caso como “terrorismo eleitoral”. “... Isso é proibido.
Instituições bancárias ou financeiras não podem fazer manifestações que
interfiram na decisão do voto.”. As ameaças petistas, que foram feitas
indevida e ridicularmente mediante o escudo e respaldo da máquina pública, não
somente levaram à demissão das pessoas envolvidas com a nota, como resultaram
no pedido de desculpas do banco, em verdadeiro ato de subserviência, que não se
coaduna com os princípios democráticos, em especial porque a nota apenas
refletia a realidade que pode não ser nada simpática aos interesses e modos de
procedimentos petistas, que somente aceitam situações se elas atenderem às suas
causas e conveniências políticas. Não há dúvida de que, se a orientação em comento
tivesse sido favorável à causa eleitoral da presidente, o partido teria ficado
mais do que calado, em agradecimento, e seria capaz até de pleitear a promoção
das pessoas envolvidas. Na verdade, o documento não contém nada além da
situação fática, em que há nítida constatação sobre a oscilação positiva da
Bolsa de Valores, principalmente com a disparada das ações das empresas
estatais, sendo que esse fato é noticiado pela mídia, não constituindo nenhuma
novidade, o qual seria considerado normal se tivesse ocorrido em país
desenvolvido política e democraticamente, uma vez que a mentalidade de seus
políticos já atingiu nível de evolução capaz de compreender com naturalidade a
realidade dos acontecimentos. O certo é que as pessoas inteligentes têm razões
mais do que suficientes para saber que o país não suporta mais quatro anos de
incompetência na administração dos recursos públicos, diante da evidência da pesada
e absurda carga tributária, das coalizões espúrias, da precariedade da
prestação de serviços públicos, do descontrole das contas e dívidas públicas,
da inépcia quanto às reformas estruturais e das demais deficiências que estão
contribuindo, de forma significativa, para o subdesenvolvimento da nação. Não
se trata, em absoluto, de manifestação, como intuiu a mandatária do país, com
poder de interferir na decisão de voto, porquanto o documento apenas menciona e
se baseia sobre fatos sobressaídos de pesquisas eleitorais que estão refletindo
diretamente nos resultados da Bolsa de Valores, com a automática subida das
ações das empresas públicas. Essa é a realidade incontestável que jamais seria
questionada nos países democraticamente desenvolvidos, onde o princípio da
transparência funciona como instrumento benéfico ao aperfeiçoamento e à valorização
dos preceitos fundamentais de civilidade, contrariamente ao que ocorre nas
republiquetas, onde os fatos contrários aos interesses das classes dominantes,
mesmo revestidos de normalidade, são censurados e ameaçados de retaliação e punição.
Compete à sociedade, no estrito cumprimento do seu dever cívico e patriótico,
repudiar com veemência os atos insensatos das autoridades públicas, em razão de
estarem imbuídas do poder de representatividade política-eleitoral, de modo que
possa reinar no país clima de liberdade, transparência e progresso democrático,
em consonância com a salutar evolução da humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 07 de agosto de 2014
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