Em entrevista ao
Jornal Nacional, a candidata petista à reeleição disse que os governos dela e
do seu antecessor prepararam o país para novo ciclo de crescimento e consolidação
da classe média. O repórter também fez perguntas a ela sobre sucessivos
escândalos de corrupção na administração federal e sobre a posição do PT na
defesa dos condenados no mensalão. Ela afirmou que "Criamos as condições para o país dar um salto colocando a educação no
centro de tudo. E isso significa que nós queremos continuar a ser um país de
classe média, cada vez maior a participação da classe média. Mais oportunidades
para todos". O jornalista, referindo-se ao julgamento do mensalão pelo
Supremo Tribunal Federal, que condenou e levou à prisão de dirigentes do
partido, perguntou à petista se ela não teria sido "condescendente" com a corrupção, uma vez que o PT é partido
com "um grupo de pessoas
comprovadamente corruptas, mas que são tratadas como guerreiros, como vítimas".
Embora esse mesmo questionamento tenha sido repetido por quatro vezes, a
presidente não respondeu, preferindo enveredar sistematicamente pelo caminho da
embromação, apenas dizendo que "Eu
sou presidente. Eu não faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados
pelo Supremo Tribunal. A Constituição exige do presidente da República que nós
respeitemos e consideremos a autonomia dos outros órgãos. Eu não julgo as ações
do Supremo. Eu tenho opiniões pessoais. Durante o processo inteiro não
manifestei nenhuma opinião. Não vou tomar nenhuma posição que me coloque em confronto,
em conflito, aceitando ou não. Eu respeito as decisões da Suprema Corte
brasileira". A presidente fez questão de ignorar, de forma reiterada, que
a indagação sequer tangenciada por ela se dirigia diretamente à pessoa da candidata
à reeleição, que se encontrava na bancada do JN, naquele momento, nessa
condição e não à pessoa da presidente da República, que são duas figuras distintas
e, como tais, deveriam ter sido consideradas para o fim da entrevista, que se
insere no contexto da campanha eleitoral. Trata-se de evidente comportamento antagônico
ao princípio da transparência que deve ser fielmente observado nas relações
entre candidatos e eleitores, sendo que estes certamente gostariam de conhecer
a posição de candidato sobre tema que diz respeito aos conceitos de
honestidade, ética, decoro e moralidade. A falta de resposta à questão de
fundamental importância para o exercício do não menos relevante cargo de
presidente da República não contribui para o aperfeiçoamento dos princípios
democrático e republicano, podendo, ao contrário, permitir à ilação de que a
candidata não pretende opinar sobre a corrupção que se alastrou, à toda
evidência, no seio do seu partido, ou de que ela pode entender que os malfeitos
são normais e insignificantes na administração pública, já que não teve coragem
de exonerar nenhum ministro denunciado por ato de corrupção, porquanto todos se
afastaram dos ministérios pelas portas dos fundos, por iniciativa própria, por
não terem suportado as pressões da imprensa e da sociedade. Ao se esquivar da
pergunta em causa, com insistência e de forma visivelmente injustificável, a
candidata petista demonstrou intolerância e prepotência, ao contrariar as
saudáveis práticas política e democrática, pela tentativa de transformar, sem
pertinência, pergunta sobre questão relacionada à sua candidatura em tema de
nível presidencial, ao alegar questão de ética entre as instâncias dos poderes,
em clara manobra para fugir do cerne do assunto abordado na entrevista, que se
restringia à dignidade e à honorabilidade dos cidadãos, por dizerem respeito à
corrupção tão disseminada no âmbito do PT, principalmente pelos mensaleiros,
que o partido da candidata os acolheu com exagerado mimo somente deferido aos
heróis protagonistas de algo relevante e meritório. Em suma, a candidata se
esquivou de responder sobre a falta da ética que foi consolidada por lideranças
do seu partido e se espraiou no seu governo, a exemplo dos escândalos da
Petrobras que estão sendo investigados por CPIs do Congresso Nacional. Os casos
de corrupção se alastraram no governo dela com a mesma voracidade com que o
fisiologismo, que é forma de ramificação de corrupção com recursos públicos,
expandiu-se e se firmou na esplanada mais famosa do país, por permitir que a
ineficiência e a ineficácia predominassem e se enraizassem, de forma deletéria,
na administração pública, mantendo-se firme mesmo sob a recriminação da
sociedade mais esclarecida, que não comunga com práticas de desgoverno,
representadas, notadamente, pela falta de qualidade na prestação dos serviços
públicos, evidenciada na degeneração da segurança pública, da saúde pública,
dos transportes, da educação e dos demais programas de competência constitucional
e legal do Estado. No rol das precariedades devem ser incluídas as políticas
econômicas, representadas pela nítida retração das atividades econômicas do
país, a exemplo dos desalentadores crescimento do Produto Interno Bruto e
indicadores econômicos, que apontam para sérias crises do desempenho da equipe
econômica do governo, por terem deixado de adotar as medidas compatíveis com a
contextualização da economia mundial. Urge que a população se conscientize
sobre a necessidade de transparência, sinceridade e autenticidade dos homens
públicos, para a competente administração do país, como forma de contribuir não
somente para o aperfeiçoamento e a modernização dos princípios democrático e
republicano, mas principalmente para o desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de agosto de 2014
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