Desde a conquista do
poder, o governo não faz outra atividade em potencial senão cuidar da coalizão
de governabilidade e das reformas ministeriais, tudo visando ao apoio político
e à sua manutenção, com vistas ao fortalecimento das alianças, não importando
os fins para se alcançar os meios pretendidos. Com vistas ao atingimento desses
objetivos, foram ampliados os espaços na esplanada mais importante do país, com
a criação de vários ministérios para a acomodação dos apaniguados indicados
pelos partidos contemplados com os cargos, sendo que a maioria dos ministérios
foi entregue ou loteado entre os partidos de porteira fechada, ou seja, os
partidos aliados têm o direito de nomear os cargos principais e seus
assessores, sem necessidade de concurso público, como seria normal, à luz das
exigências insculpidas na Constituição Federal. O resultado desses acordos
espúrios e inescrupulosos de governabilidade teve como entendimento e
convergência selados com o respaldo e o envolvimento de recursos públicos, sob
a forma absurda do inchamento da máquina pública para a consecução das
ilegítimas alianças, com a finalidade de sustentação e de apoio ao governo, em
evidente desmoralização dos princípios republicanos da ética, do decoro e da
dignidade que devem imperar na administração pública. É bastante lamentável que
existam dezenas de ministérios, muitos dos quais inúteis e dispensáveis, mas
todos têm a mesma finalidade de atendimento ao fisiologismo implantado pelo
governo, como ideologia de conveniência política, tendo o exclusivo objetivo de
possibilitar a perenidade no poder, que tem sido a principal meta perseguida
sob o apanágio sacrifício dos cofres públicos. Não há dúvida de que os aliados
visam em especial ao usufruto das benesses e das influências que são traficadas
com a maior desenvoltura no governo, que são propiciados ilimitadamente e os
aproveitadores também são pródigos nos apoios, sempre incondicionais aos
projetos políticos do governo. Por certo, a degeneração da administração
pública subsiste sob o beneplácito do povo, que não demonstra a menor dignidade
para recriminar e repudiar as indecentes práticas de distribuição de
ministérios para escrachado fortalecimento do apoio político ao governo. Este é
o momento ideal para o eleitor se manifestar, por meio de seu voto, mostrando total
repúdio e reprovação às coalizões vergonhosas e indecentes, por não se
harmonizarem com os princípios da moralidade e da legitimidade na administração
pública. Nos países sérios e imbuídos
de responsabilidade na gestão dos recursos públicos, as alianças seriam
implementadas tão somente envolvendo a governabilidade voltada para a
consecução de objetivos indispensáveis ao atendimento das questões
exclusivamente relacionadas ao interesse público e às políticas públicas, como
forma de satisfazer as finalidades precípuas de incumbência constitucional e
legal do Estado. Enquanto o governo fica cuidando das coalizões para a
consolidação do apoia à reeleição e à perpetuação no poder, as deficiências gerenciais
do país se acumulam, em evidente prejuízo ao sofrido povo, notadamente o
nordestino, que já está submetido, mais uma vez, aos efeitos de nova terrível seca, com
consequente falta de água, o bem precioso que jamais falta nos confortáveis
palácios governamentais, que ainda são cercados das amplas e melhores regalias e mordomias, à
custa dos tolos dos contribuintes. Os fatos demonstram que os integrantes dos
partidos aliados no governo são incapazes da realização de medidas diferentes
da gestão minimamente corriqueira, por não terem apresentado, até agora nenhum
projeto novo, em termos de investimentos em obras de impacto e muito menos a
iniciativa de reformas estruturais, permitindo que as precariedades e os
empecilhos ao desenvolvimento sejam a marca da incapacidade de realizações do
governo, justamente pela cristalina deficiência de sua equipe, que é composta
apenas com a finalidade de assegurar a perenidade no poder, enquanto as crises
na economia se aprofundam e se agravam, conforme evidenciam os indicadores
econômicos, apontando crescimento sofrível e vergonhoso do Produto Interno
Bruto, que tem sido inferior ao desempenho dos países sul-americanos, cujas
potencialidades econômicas são incomparáveis às do Brasil, que patina na
incompetência gerencial e não consegue vislumbrar os caminhos que o levam aos
rumos do desenvolvimento. O povo precisa se conscientizar, com urgência, sobre
a conveniência ou não da continuidade das enormes deficiências e precariedades na
prestação dos serviços públicos de competência constitucional e legal do
Estado, basicamente em razão das manifestas incompetências representadas pelas ilegítimas
coalizões - formalizadas com a cristalina finalidade de contribuir para a
continuidade no poder - e das ineficientes políticas econômicas, em indiscutível
detrimento das causas nacionais e afronta aos princípios da administração
pública, em especial a moralidade, legitimidade e dignidade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de agosto de 2014
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