O presidente da República tomou atitude bem polêmica
e insensata, ao enviar um humorista caracterizado como ele próprio, para entrevista
coletiva em nome dele, que terminou desagradando os jornalistas que acompanham
as notícias diárias do Palácio do Planalto.
O aludido episódio aconteceu em frente ao Palácio
do Alvorada, residência oficial do presidente do país, quando os profissionais
da mídia o aguardavam para comentar o pífio desempenho de apenas 1,1% do Produto
Interno Bruto (PIB), que foi bem menor que os de 2017 e 2018, cujos
profissionais da imprensa receberam bananas do comediante, em complementação da
cena desprezível e desagradável, à luz dos princípios civilizatórios.
Perplexa com a situação, uma jornalista da SBT
protestou, com veemência, por meio das redes sociais, tendo afirmado que se
trata de “Desrespeito. Não tem limite a falta de compostura, de decoro e de
respeito do presidente da República contra os cidadãos. Neste caso,
contra os profissionais da imprensa. Ataques contra jornalistas, insinuações de
troca de favores sexuais, acusações levianas, linchamento moral nas redes sociais”.
Ela, em tom de indagação, declarou: “E nos
perguntávamos se Bolsonaro poderia ir ainda mais longe. Ele foi. Contratar um
humorista para distribuir bananas aos jornalistas não tem graça. É uma desgraça
ter um presidente que age como um palhaço”.
A jornalista chegou a ponderar que “A imprensa
deveria solenemente ignorar esse senhor. Mas, não somos os donos dos veículos
em que atuamos. Nossa resposta a esse cidadão deveria ser o desprezo,
‘honraria’ concedida aos vazios de sentimentos, aos destituídos de vergonha e
de hombridade”.
Concluindo, a âncora do SBT Brasil disse, de
maneira melancólica: “Eis o governo do CIRCO, sem pão…”.
Ao mandar dar bananas aos jornalistas que ficam à
espera de notícias frescas vindas do governo, o presidente do país demonstra
não somente desprezo a quem ele realmente gostaria de ser deliberadamente indelicado
e extremamente incivilizado, porque não tem outro nome para quem menospreza o
seu próximo nessas condições de pura agressividade, não importando a forma como
ele vem sendo tratado, mas também com relação aos jornalistas que merecem
consideração e tratamento digno, fato este da maior injustiça, que pode muito bem
ser repensado em nome da decência e do respeito aos profissionais da imprensa,
que são considerados o quarto poder da República, pelo primor da divulgação das
notícias que são indispensáveis à sociedade moderna.
Possivelmente,
o presidente brasileiro, ao se comportar completamente destituído da dignidade
de príncipe da República, conforme mais uma vez apronta desprezo à liturgia do
relevante cargo que exerce, que precisa, ao contrário, ser honrado com gestos e
atitudes de nobreza e dignidade modelares diante dos brasileiros e do mundo,
talvez tenha em mente que ele detém o maior e ilimitado poder do Brasil, a
ponto de pode fazer o que bem entende, o que parece ser verdade, à vista do que
se passa, cotidianamente, no âmbito do seu vibrante circo particular e do que
ele vem demonstrando, de maneira visivelmente impensada, indelicada e ridícula,
no dia a dia do seu governo, com a vexatória e despreocupante exposição de
atitudes levianas, pequenas, insignificantes e desprezíveis, comparáveis até mesmo
a quem sequer ocupa cargo público.
É
preciso que o ocupante da principal e mais importante cadeira do país tenha
lucidez sobre a real dimensão da importância do cargo presidencial e se
conscientize, com a máxima urgência, de que ele, com a investidura de
estadista, precisa primar não somente para honrar e dignificar os valores
republicanos, que fazem parte da tradição dos grandes homens públicos de altíssimo
nível de honradez e sensibilidade humana, mas também pela defesa dos princípios
capazes de manter a sustentação das estruturas da República como instituição
que precisa ser respeitada e valorizada como deve ser da sua grandeza nacional.
Provavelmente
nem nas piores republiquetas seus presidentes consigam baixar a tanto o nível
da sua autoridade presidencial, permitindo que a sua avaliação se compare à de
um palhaço, como tal se permitindo que ele próprio promova momento de muita
tristeza representado por palhaço de verdade, como forma de materialização de
cena dantesca e de baixo nível, dando a entender, de maneira cristalina, que
falta seriedade nas muitas de suas atitudes, porque, na vida real, ao contrário,
o trabalho do palhaço é algo de muitas seriedade e responsabilidade, tanto
assim é verdade que os legítimos profissionais palhaços são merecedores de
respeito e consideração por parte da sociedade, por prestarem trabalho sério,
valorizado e construtivo.
Fora
de dúvida, é bem merecedor de repúdio o espetáculo bufo protagonizado pela República,
com a supervisão cenográfica do presidente do país, certamente custeado com
recursos que poderiam ter sido destinos às atividades relacionadas com o
interesse público, como forma de valorização do sacrifício dos contribuintes,
que anseiam fervorosamente por que os governos sejam mais prudentes na aplicação
do escasso dinheiro dos brasileiros, sendo ainda sábios ao evitarem desperdício
com o patrocínio de palhaçada completamente dispensável e fora do contexto econômico-financeiro,
que exige rigor na realização das despesas públicas.
Os
brasileiros anseiam por que as muitas e inúteis lições de palhaçadas já
protagonizadas pelo presidente da República se transformem, com muita urgência,
em algo muito sério e importante e sirvam de verdadeiro paradigma de aprendizagem
para novo estilo de honradez e seriedade, para o fim de enobrecer o espírito de
sensatez e sensibilidade que precisa ser incutido no trabalho do estadista
brasileiro, de modo que ele possa ser definitivamente travestido dos
sentimentos de nobreza próprio do homem público capaz de valorizar os princípios
republicano e democrático, de seriedade e responsabilidade capazes de se evitar
o baixo nível de atitudes presidenciais, que não condizem com a grandeza dos honrados
homens públicos que já dignificaram o relevante cargo.
Brasília, em 9 de março de 2020
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