sábado, 28 de março de 2020

À espera da vacina


Continua repercutido pessimamente, no Brasil afora, o estrondoso e surpreendente pronunciamento do irrequieto presidente da República, feito em cadeia nacional de rádio e televisão, acerca de medidas pertinentes ao coronavírus.
Há quem diga que o discurso foi cuidadosamente preparado com a serventia do potente combustível para inflamar mais ainda o que estava em estado de efervescência no momento político, com o foco direcionado para  o embate entre os defensores da livre circulação de pessoas, como forma de estímulo à combalida economia, e os que são favoráveis ao isolamento da população, considerado a única maneira de se evitar o estrangulamento do já precário e combalido sistema de saúde do país, que não suporta demanda extraordinária, caso não houvesse esse rígido controle social, diante das elevadas ameaças por parte do poderoso coronavírus.
Não há a menor dúvida de que estão em discussão duas questões bastante complexas e de suma importância, que passaram a fazer parte das atenções da sociedade, preenchendo os assuntos nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp,  em razão da diversidade de fortes argumentos favoráveis e contra a ambas as medidas, sobressaindo a eterna falta de consenso sobre o tema, diante da prevalência de apenas pura paixão ou convicção política, eis que inexiste base científica segura para se garantir a certeza sobre qual medida é a mais adequada ao caso, embora seja certo que deva ter maior peso de preferência a que se recomenda o isolamento total, exatamente diante do fator temor, no sentido de que é mais seguro e melhor se adotar prudência do que se arriscar, em se tratando de questão que não se conhece.
À toda evidência, o combate à Covid-19 tem se mostrado verdadeiro desafio que a saúde pública brasileira encara com muita disposição e com todo cuidado, no sentido de não cair no pecado mortal  do erro, em razão do emprego de mecanismos que não seja tão eficaz ao combate ao apavorante vírus, que realmente tem se mostrado que não é nada comparável à mera “gripezinha”, à vista dos estragos já causados por ele, com legado de muitas perdas de vidas humanas, mundo afora.
Esse temor se torna ainda intenso quando há o envolvimento da saúde mental de parte das pessoas, em razão do isolamento social imposto quase que generalizado, tendo como natural consequência mudanças bruscas de hábitos, em que as questões passaram a ser discutidas e decididas por meio do auxílio virtual, a merecer cuidados especiais e apropriados ao momento, porque há situação em que somente pode ser solucionada pessoalmente, como forma de se assegurar a eficácia dos fins colimados.
Há vários procedimentos ou atividades que somente se resolve com a presença física, que se torna fundamental no processo aplicado, em forma de interação social que tem a capacidade capaz de construir efeitos positivos, com a expectativa de efetividade do custo-benefício.
Na verdade, ao propugnar pela flexibilização do confinamento, o presidente brasileiro sabia perfeitamente que suscitaria colossal onda de repúdio e protesto por parte da maioria absoluta dos cientistas, médicos, economistas e parcela expressiva da sociedade, por terem a consciência de que esse método pode não ser o que melhor contribui para se minimizar os drásticos efeitos do coronavírus.
Especialistas, cientistas, professores universitários e demais estudiosos da área de saúde pública asseguram que as medidas de restrição adotadas em diversos países, para se evitar a circulação de pessoas, também é perfeitamente aconselhável para o Brasil, tendo por base estudos científicos que apresentam resultados concretos.
Alguns pesquisadores pediram por que os brasileiros “Acreditem na ciência! Ela pode nos ajudar a reduzir o sofrimento e salvar vidas. Permaneçam em casa”.
Com absoluta certeza, os citados pesquisadores evidentemente que  levaram em conta estudos realizados em outros países, quando o ideal seria que eles seguissem as experiências colhidas no próprio país, com a observância sobre as próprias peculiaridades, sabendo-se que cada nação, principalmente as mais evoluídas do que o Brasil, apresentam sintomas que não servem de modelo para o país tupiniquim, o que se pode afirmar que esses cientistas podem cometer equívocos, ao recomendarem a aplicação de protocolo estranho às características do Brasil.
Ou seja, é até possível que manual de procedimento aplicado em outras nações dê certo no Brasil, mas isso precisa ser revisto urgentemente, de modo que o país tenha a sua própria cartilha, evidentemente quando isso for possível, ficando entendido que não é de bom tom que os pesquisadores se valham de estudos feitos fora do Brasil para a recomendação do uso deles, porque certamente as características entre as nações podem ser dissonantes e os resultados não serem os mesmos.
Quanto ao coronavírus, os pesquisadores estão usando a Ciência na busca de respostas para se tentar entender melhor o tanto da destruição provocada por ele, mas as experiências ainda são insuficientes para destrinchar os seus mistérios.
Na verdade, já há muitas importantes pistas sobre alguns de seus comportamentos, mas não a certeza para a sua real origem, por meio da qual seria possível a descoberta de vacina para combatê-la, que certamente é a forma milagrosa para a tranquilidade da população mundial.
O certo mesmo é que muitas e importantes questões permanecem sem resposta, em especial a forma como o coronavírus se espalha; como dificultar a sua propagação entre as pessoas, de modo que ele se alastre mais lentamente; qual a proporção de assintomáticos; quais as melhores maneiras de tratamentos; qual seria o ideal distanciamento social, levando-se em conta forma de isolamento, que se pode evitar a taxa de transmissão; enfim outras informações úteis que possam contribuir para o combate de tão perigosa e desconhecida chaga mundial?
Acredita-se que os governantes, pesquisadores, cientistas precisam se conscientizar de que a sua contribuição possa ser capaz para evitando agitação que levem à balbúrdia e à confusão, na esperança de que somente a Ciência poderá dar luz sobre os próximos passos, com vistas ao tratamento pertinente ao coronavirus, inclusive no milagre que há de surgir, a curto prazo, com a descoberta da vacina contra a peste do século.
Brasília, em 27 de março de 2020

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