terça-feira, 10 de março de 2020

Repúdio à tragédia

A população de Uiraúna, Paraíba, e outros municípios da mesma região deixaram, a partir desta data, de receber água tratada da companhia do Estado, não tendo ainda previsão sobre a volta do precioso líquido a correr nas torneiras das residências.
A deplorável medida foi confirmada aos portais de notícias daquela cidade, pela gerência do órgão, sob a alegação de que não há mais condições técnico-operacionais para a retirada da água da barragem Capivara, diante da constatação de que o manancial não conseguiu captar, no período chuvoso, a água necessária ao abastecimento das cidades, estando com o seu deposito muito aquém da capacidade que é preciso para o fornecimento de água à população.
          A empresa esclarece que inexistem as mínimas condições de captação e tratamento da água, diante de o volume da citada barragem não representar sequer 1% da sua capacidade total, situação esta de completa impossibilidade para o fornecimento de água com o mínimo de qualidade.
À toda evidência, a repentina paralisação da distribuição de água provoca verdadeiro colapso no seio da sociedade de Uiraúna e demais localidades, por dependerem do regular abastecimento por meio do órgão estatal, que, a partir de agora, praticamente transfere para as prefeituras a responsabilidade para a administração do caos que há de se formar a partir de então, principalmente com as indispensáveis improvisações para a população resolver seus dramáticos problemas, com o sacrifício das filas, das esperas, da falta de água e principalmente da péssima qualidade do produto, que certamente deverá ser disponibilizado sem o devido tratamento.
Diante dessa terrível realidade, as prefeituras precisam encontram mecanismos que possam funcionar, com urgência, para o imediato abastecimento de água, com possível improvisações de depósitos nas ruas, obrigando que, de maneira democrática, cada cidadão se vire em levar o precioso líquido para as suas casas.
O pior de tudo isso é a preocupação com as reais condições da qualidade e da segurança dessa água, que deverá ser obtida sem o processamento necessário à potabilidade, ou seja, sem o indispensável tratamento como faz normalmente, em princípio, o órgão estatal, que utiliza os mecanismos mínimos de aferição aconselhável ao seu uso seguro e confiável.
Enfim, trata-se de notícia extremamente lamentável e preocupante, porque o anúncio da suspensão do abastecimento é algo que tem como implicação imediata, em forma de improvisação, de providências por parte das prefeituras, para se encontrar outra maneira para o suprimento da cidade com água e de que maneira isso vai acontecer, com o devido nível de satisfatoriedade,  se é que as medidas emergenciais já tenham sido imaginadas, quanto mais implantadas, diante do surpreendente anúncio, a se considerar que ninguém consegue viver sem o precioso líquido.
Ao saber da péssima notícia, eu me comuniquei com alguns amigos e transmiti o meu real sentimento sobre a situação, dizendo o seguinte: “Tive uma leve pontada no coração com essa maldita notícia, que não poderia ter sido pior, neste momento, para os meus queridos conterrâneos. Bem sei do gravíssimo problema de ordem pública e social que isso representa para o povo. Uma enorme tristeza que é marca indelével da irracionalidade e da irresponsabilidade do poder público perante a população que depende da água para viver com o mínimo da dignidade humana, o qual jamais poderia permitir que calamidade pública dessa natureza batesse de vez às portas dos cidadãos e invadisse às suas casas e as deixando sem um de seus principais e indispensáveis meios de sobrevivência. A população indefesa não tem, agora, para quem recorrer senão a Deus. Peço a Deus que as forças das pessoas de Uiraúna sejam redobradas e fortalecidas, com embargo de alianças políticas sempre maléficas ao povo, porque elas têm contribuído para dificultar a solução dos problemas. É importante que o povo reconheça a gravidade da situação e procure brigar com muita disposição na defesa de seus interesses.”.
Diante dos fatos, nunca foi tão cristalino se perceber o quanto tem sido difícil para a cidade e o seu povo a continuidade da gestão administração sob domínio de grupo político, que consegue implantar cadeias de vícios que vão se consolidado e se acumulando ao longo dos anos, com a possibilidade do fácil somatório de mazelas que se mostram altamente prejudiciais ao povo, ante à falta de interesse à alternância às melhores práticas de gerenciamento público, infelizmente sempre contando com o apoio do povo, que não se preocupa de ser utilizado como massa de manobra, à vista de todas as ruindades que vieram à tona nos últimos tempos.
Na verdade, os fatos mostram a precariedade da gestão pública de Uiraúna, onde o mesmo grupo dominante na política consegue administrar o município de maneira a deixar que faltem alguns serviços públicos extremamente indispensáveis à população, a exemplo da saúde pública, à vista da falta do hospital para o atendimento básico e essencial ao povo, e agora outra terrível e inaceitável desgraça contra os interesses diretos do povo, que acontece em forma de muita maldade, como golpe de misericórdia, com o anúncio da impossibilidade do fornecimento da água tratada e encanada, algo que jamais poderia acontecer diante de tanto tempo que a ameaça tem sido constante e agora se torna inevitável e sofrida realidade.
Ouso fazer indagação da mais pertinente para este momento angustiante, em que o povo tão cordeirinho de Uiraúna recebe de presente de grego, como recompensa por sua indiscutível passividade, duríssima notícia sobre a falta de água, se ela agisse com a devida severidade, em defesa de seus direitos, esse estado desastroso e incompatível com o tratamento que o ser humano merece poderia atingir o grau máximo da maldade, concebida como tal com a falta de abastecimento de água encanada ou se tudo isso seria evitado se a população soubesse brigar, no bom sentido, na defesa de seus interesses, não permitindo tamanho desleixo por parte do poder público?     
Não obstante, apesar dos pesares, tenho resquício de esperança de que esse fragoroso golpe na vida dos uiraunenses sirva de aprendizagem e lição definitivas, no sentido da conscientização sobre o poder do seu voto, que poderá ser muito útil nas próximas eleições, no sentido de se apelar pela eleição dos candidatos que demonstrarem compromisso com a defesa dos interesses do povo de Uiraúna, para tanto sendo preciso a indicação de seus pleitos, a exemplo do hospital, de universidade, da garantia de abastecimento perene de água e de outros serviços e obras públicos essenciais à população.
Finalmente, deixo meu veemente repúdio a todos os homens públicos de Uiraúna que nada fizeram para se evitar mais essa tragédia contra o povo dessa cidade, propugnando para que eles se conscientizem sobre a necessidade de se esforçarem ao máximo no sentido de que esse desastre tenha existência curtíssima, como forma de se encurtar o sofrimento das pessoas.       
          Brasília, em 10 de março de 2020

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