segunda-feira, 30 de março de 2020

O caminho de maior segurança


Um renomado especialista da Ciência Farmacêutica fez projeção estatística sobre as possibilidades de a população de Uiraúna, Paraíba, que tem aproximadamente 15 mil habitantes, vir a precisar de atendimento médico-hospitalar, em razão de acometimento do vírus Covid-19, mostrando que, em pior cenário de contaminação, 240 pessoas precisariam de UTI; em isolamento social brando, 195 precisariam de UTI; em isolamento social e controle dos idosos, 150 precisariam de UTI; em isolamento social, supressão da circulação e barreiras sanitárias, 15 pessoas precisariam de UTI, sendo que, em todos os casos, a duração de internação ficaria em torno de 7 dias, em média.
É preciso ficar muito claro que a cidade precisaria recorrer aos hospitais das cidades vizinhas, porque ela não dispõe de tantas UTIs para o atendimento da projetada demanda de internação, nem mesmo no caso mínimo de 15 doentes, que também seriam socorridos fora da cidade, ou seja, ninguém de Uiraúna está autorizado, perante a saúde pública, a ser infectado pelo coronavírus, sob pena de precisar recorrer a hospital distante, que deverá, provavelmente, ser abarrotado rapidinho de doentes e não encontrar o devido atendimento médico—hospitalar, sabendo-se ainda que a duração da internação varia, nesses casos, em média, de 7 dias ou mais, tempo muito longo para quem precisa de prioridade e urgência de atendimento.
À vista do cuidadoso trabalho de projeção feito sobre situação que poderá vir a acontecer, em Uiraúna, convém ser explanada visão sobre esse importante tema, como maneira de se oferecer mais elementos sobre ele, em detalhe, para que a população fique um pouquinho mais inteirada acerca da sua responsabilidade cívica e humana, diante de questão de extrema importância, por se tratar de pandemia, ou seja, epidemia generalizada por consequência do esparramamento, em todo mundo, do famigerado vírus Covid-19, popularmente conhecido como coronavírus.         
É evidente que se trata de possibilidade que isso possa vir a acontecer, mas só em se pensar que uma única pessoa seja acometida desse violento vírus já é extremamente preocupante, porque os hospitais precisam atender os doentes da região, o que significa dizer que não se pode ter a garantia da existência de leitos e UTIs para todo mundo, a depender da situação precária de atendimento nas condições normais, quanto mais em estado de emergência, com poucos profissionais da saúde e a deficiência das demais estruturas materiais e financeiras, para o suprimento satisfatório dos equipamentos, remédios, materiais básicos de uso geral e para a assepsia etc.
Vejo a situação com bastante preocupação e aconselho que a população não somente de Uiraúna, mas em especial de toda região do Sertão e do Brasil procure se prevenir com a maior cautela possível, porque as notícias sobre os efeitos do famigerado coronavírus podem ser sim de simples "gripezinha", na maioria dos casos afetando gente forte, atleta, jovem, e com possível reserva de imunização contra incidência maior de judiações ao ser humano.
O tem sido bem diferente principalmente quando pessoas menos resistentes e pouca ou nenhuma imunidade, principalmente as mais velhas e ainda que tenham alguma deficiência orgânica, como diabetes, pressão alta, doenças do coração, pulmão, submetidas a tratamento regulares de doenças etc., quando a situação pode se agravar para pneumonia, com consequência devastadora no organismo, que pode implicar internação em UTI, em tratamento de difícil recuperação, conforme mostram à saciedade os resultados noticiados pela mídia.
À toda evidência, é sabido que os hospitais não vão ter condições de oferecer UTIs fáceis e fartamente para todos doentes em situação complicada, ficando, desde logo, alertados a todos que a melhor e aconselhável alternativa é não se correr o risco de testar a capacidade do sistema de saúde pública, porque ele já é mais do que conhecido, ou seja, jamais terá condições de atender com presteza e satisfatoriamente os doentes, mesmo em situação normal, quanto mais em estado de guerra, em que todo atendimento é urgente e prioritário, em demanda muito superior à capacidade de satisfazer com precisão e tranquilidade a todos.
Diante da realidade sobre o atendimento dos doentes acometidos pelo coronavírus, em caso da sua enorme incidência e da impossibilidade dos satisfatórios atendimento e tratamento, resta o aconselhamento amigo às pessoas para que façam sacrifício obsequioso, se for o possível, de ficarem em casa, em conformidade com o rigoroso, mesmo que penoso, isolamento recomendado pelas autoridades públicas.
Aconselha-se o embargo à tresloucada sugestão para o retorno à vida normal, pelas pessoas mais jovens e saudáveis, porque isso pode contribuir para a retomada das atividades econômicas, considerando que muitos pais de família precisam sustentá-la com o seu trabalho, mas isso abre enorme flanco para a possibilidade da maior proliferação do coronavírus.
Isso poderá contribuir, em muito, para a superlotação dos hospitais e, consequentemente, para a potencialização dos riscos de mais mortes, em razão do aumento progressivo de doentes que deixarão de ser atendidos, em termos de qualidade e presteza, se a quantidade de casos fosse bem menor, tendo em conta que as condições operacionais permanecem limitadas pela quantidade de médicos, enfermeiros e demais estruturas físicas, que talvez fossem suficientes para atender e salvar a vida daqueles em menor quantidade da incidência do coronavírus, sob o rigoroso controle do isolamento generalizado.
Por fim, convém que a população brasileira se desperte, o quanto antes melhor, para o fato de que o isolamento vertical, com a proteção somente dos idosos e pessoas de risco, poderá, a depender das circunstâncias, que são absolutamente imprevisíveis, contribuir para verdadeira catástrofe da saúde pública, cujos resultados, se forem extremamente prejudiciais à humanidade, dificilmente haverá de ser atribuída a alguém, que também não terá a mínima dignidade para assumir seus atos de muita irresponsabilidade, diante de tamanho desastre que ficará apenas registrado nos anais da história brasileira.
Compete aos brasileiros a decisão por qual caminho eles querem trilhar, se da incerteza e do risco ou do bom senso e da razoabilidade, devendo ponderar, com inteligência, no sentido de ser perseguido o que se vislumbra ser o  melhor para o seu destino, em termos de mais segurança e integridade da vida, na forma preconizada pelas autoridades da saúde pública, enquanto ainda é possível, porquanto, depois de ser falseado o passo dado, o futuro da população brasileira poderá estar definitivamente sacramentado e só Deus sabe o que poderá acontecer.
Brasília, em 30 de março de 2020

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