segunda-feira, 23 de março de 2020

A verdade dos fatos

O presidente da República, vez por outra, declara não temer os efeitos do temível coronavírus, dando a entender forma claríssima de consciência pessoal sobre a desvalorização da importância do novo câncer mundial, que vem causando verdadeiro estrago por onde tem passado, a exemplo de muitíssimas e inevitáveis mortes.
Em conferência de imprensa, o presidente do Brasil voltou a ser bastante enfático e polêmico, tendo afirmado, segundo a mídia, que "Depois da facada (que sofreu em 2018, durante a campanha eleitoral), não vai ser uma gripezinha que me vai derrubar.". 
Por sua vez, o ministro brasileiro da Saúde revelou, de acordo com o último balanço disponibilizado, que, no Brasil, já morreram mais de vinte pessoas e as estatísticas revelam mais de mil casos em acompanhamento de suspeitas de infecção por conta do coronavírus. 
Na verdade, o ministro da Saúde tem sido destaque de dedicação e demonstração no trato dos assuntos relacionados com a evolução dos casos registrados de contágios com o coronavírus.
O ministro revelou que, em abril vindouro, o sistema de saúde brasileiro deve entrar em colapso, embora a verdade é que esse estado de precariedade de atendimento à população já vem sendo a permanente regularidade há bastante tempo, diante da continuada insatisfação manifestada por parte de quem depende da prestação dos serviços públicos da saúde, que são de péssimas qualidades.
A propósito, o governo até que precisa, sem perda de tempo, aproveitar esse solavanco dado, muito oportunamente  (como força de expressão) pela visita do indigesto coronavírus, para pensar e agir no sentido de completa reformulação sobre o sistema de saúde pública brasileiro, de modo que ele possa ser modernizado com a real condição de passar a satisfazer plenamente à sua finalidade de cuidar e zelar da saúde dos brasileiros, em que o Sistema Único de Saúde seja reestudado e reformulado à luz dos princípios operacionais de competência, eficiência e efetividade, exatamente como nos moldes do figurino em prática nos países sérios e evoluídos, em termos de preocupação com o bem-estar da população.  
As notícias mais atualizadas sobre a tragédia causada pelo novo coronavírus dão conta de que, pelo menos, mais de 11.500 pessoas, em todo mundo, já perderam a vida, após a sua identificação, em dezembro recente, de acordo com o último balanço da agência noticiosa France-Presse, o que deve ser motivo de muita preocupação não somente por parte da população em geral, mas em especial para os governantes do planeta, que têm a responsabilidade de adotar as políticas públicas voltadas para a garantia da integral proteção da vida humana, notadamente no caso de pandemia, por se tratar de situação que normalmente não tem sido possível o devido controle sobre a incidência dos casos de infecções e doenças graves.
Ainda bem que as notórias afirmações do presidente do país, no sentido de ser refratário à aceitação da ideia de temor ao coronavirus, sejam completamente antagônicas às atitudes e medidas que estão sendo adotadas por seu governo, em termos de políticas públicas da incumbência das autoridades de saúde e saneamento públicos, que estão sendo, até o momento, em absoluta sintonia com as reais necessidades inerentes ao enfrentamento e ao embate ao poderoso e letal vírus, inclusive no que diz respeito à disponibilização de recursos públicos, quando já foram aprovadas medidas legislativas liberando os gastos do limite imposto ao superávit financeiro, quando o governo não pode ultrapassar os valores estabelecidos nos orçamentos públicos, sob pena da incidência do crime de responsabilidade.
          Ou seja, menos mal que o presidente do país tenha entendimento pessoal sobre determinado assunto, mesmo que seja da maior relevância possível, isso pouco importa quando as políticas públicas do seu governo estejam exata e precisamente em harmonia com a plena satisfação do interesse público, como no caso da pandemia causada pelo famigerado coronavírus, em que a sua equipe de governo vem trabalhando, com zelo, cuidado e competência, para se minimizarem, ao máximo, os estragos que a passagem desse abominável vírus pelo Brasil possa causar à população, a despeito de que não passa de leviandade autoridade pública não ter a consciência sobre o real poder de agente extremamente perigoso e perverso contra a humanidade.
          Em situação de guerra declarada contra ferrenho e brutal inimigo, o que importa senão o que vem fazendo o governo, quando o responsável direto pela saúde pública vem liderando as ações pertinentes ao combate ao coronavírus, mediante as devidas orientação e conscientização sobre as medidas essenciais a serem adotadas pela população, de modo que não é a voz de quem precisa se proteger no mesmo nível do povo que deve ser ouvida, principalmente porque a sociedade sabe perfeitamente o que é melhor para se proteger contra seu desagradável opositor.  
Por sua vez, é muito importante que os brasileiros se mantenham com a plena consciência, para o seu bem, sobre os reais perigos que o temível coronavírus possa causar à vida humana, independentemente da opinião pessoal de quem pensa diferentemente, respeitando o sentimento individual, à luz dos princípios democráticos, em que pese isso não possa refletir exatamente à verdade.
Nesse caso do coronavírus, diante das robustas evidências vindas, em especial da China e da Itália, onde as estatísticas são assombrosas e chocantes, qualquer opinião diferentemente da cruel realidade precisa apenas ser imediata e definitivamente descartada, em benefício do fortalecimento das medidas necessárias ao enfrentamento desse gigantesco e invisível inimigo do ser humano, que sonha em voltar a viver em plena tranquilidade, na certeza de que foi possível a superação desse monstruoso pesadelo, graças à união e ao esforço dos bravos brasileiros, que acreditaram no seu potencial de fé, que é capaz de derrotar seus piores inimigos.      
Enfim, espera-se que não seja preciso nenhuma forma de exemplo para que o presidente da República tenha que mudar de ideia, o mais rapidamente possível, sobre os efeitos inconvenientes e maléficos do coronavírus, porque a pior situação enfrentada pelo homem público de verdade é ter que precisar dar a mão à palmatória.
          Brasília, em 22 de março de 2020

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