Diante da crônica intitulada “A
democracia em perigo?”, onde discorri sobre os encrespamentos presidenciais, notadamente
com relação aos planos para a reeleição ao cargo, em que praticamente vale tudo
que tem vindo à cabeça do mandatário, inclusive a encenação bufa de tanques
militares pela Esplanada dos Ministérios, um cidadão fez importante explanação
enfatizando as qualidades do governo, em recriminação aos abusos havidos em
outras gestões e ainda reinante por parte dos antipatriotas, segundo a avaliação
dele.
Ele disse, entre muitas coisas, que “...o
perigo para a Democracia é a corrupção dessa escória de ladrões, de vagabundos
imorais, dessa politicalha que tenta destruir, sob a égide da Lei, um governo
legitimado pelo sufrágio universal... Esse sistema vil criado por uma corja de
enganadores... Uma pena que a base da pirâmide social deste país defende os
crápulas da politicalha, defende ladrões, corruptos e a escória enganadora... Abram
os olhos! O Brasil é supra partidário e merece ser honrado, defendido e amado!
Estou com quem o ama, defende e mostra que o país tem solução. É só ver o
superávit nacional, mesmo nessa fase difícil, imputada por péssimos
brasileiros, para saber onde está o lado bom nacional... Sou brasileiro e não desisto
nunca! Brasil, amei-o ou deixe-o!”.
É preciso que fique muito
claro que eu focalizo e comento casos específicos, o que é bem diferente de se
falar sobre generalidades e de maneira ampla.
Os casos favoráveis aos
brasileiros precisam sim ser ressaltados, mas eles se inserem na obrigação de
todo governante que se elege justamente para a execução e o desenvolvimento de
boas ações, em benefício da população e do Brasil.
Nesse ponto, merece o
devido reconhecimento, embora, repito, não constitui nada além da normalidade,
em termos de previsibilidade, porque elas se compatibilizam com as metas
prometidas ainda pelo candidato.
Agora, é preciso que se
mostre as falhas gritantes e inaceitáveis do governo, como os atos
dispensáveis, as despesas desnecessárias, os abusos, enfim, tudo que não
satisfaçam ao interesse público, porque a obrigação do governo não pode ser
diferente dos saudáveis princípios da competência, eficiência e
responsabilidade na execução dos orçamentos públicos.
A propósito, eu não
faço a menor ideia quanto custou esse passeio absolutamente inútil de tanques
na cidade, mas acredito que deve ter sido uma fortuna, a serem considerados os altíssimos
preços dos combustíveis.
Acredito até, em previsão
bem realista, que o comandante da Marinha poderia ter ido no carro dele ao
Palácio do Planalto, entregar o convite, sem necessidade do aparato absurdo e
absolutamente inconveniente, em momento de graves crises política,
administrativa, econômica, democrática, entre outras, e o efeito seria
precisamente o mesmo, sem essa presepada que somente contribuiu para onerar o
orçamento, sem nenhuma utilidade resultante para a população, que às vezes
precisa, por exemplo, de esparadrapo ou remédio ou ainda algo que o valha, lá
no interior do Brasil, mas não é atendida porque faltou dinheiro para comprar.
Ora, esse dinheiro foi
usado, gasto no "magnifico" desfile de tanques (esse é apenas um
exemplo, entre muitos semelhantes, onde normalmente se joga dinheiro no lixo,
sem nenhuma avaliação sobre a sua real utilidade) possivelmente sem manutenção,
fazendo zoada e soltando fumaça, em meio de muitas despesas inúteis que poderiam
ter sido evitadas, em benefício dos brasileiros.
Ou seja, criticam-se os
gastos desnecessários, mas há a cegueira com relação às despesas quando se tem
necessidade de se entregar um convite ao presidente do país, em comboio de
tranques - parece no total de 66 -, em claríssima demonstração de como se joga
dinheiro pelo ralo do desperdício, em claro desprezo, em especial, aos
sacrificados contribuintes, que pagam escorchante carga tributária, considerada
uma das maiores do mundo, para verem seu dinheiro sendo esbanjado, pasmem, na
entrega de mero convite, que poderia ser enviado, pensando ou sopesando sobre a
existência do importante princípio da economicidade, até mesmo pela internet,
que faria o mesmo efeito produzido pela convocação de comboio de veículos de
combate militar, em exibicionismo comparável, se bem com a maior pobreza
possível, às Repúblicas socialistas, que adoram expor seus arsenais de guerra,
para mostrarem o seu poderio bélico.
É preciso se
compreender que a crítica tem o sentido de se tentar mostrar exatamente o que
está errado, evidentemente na visão pessoal de cada brasileiro, para que as
falhas possam ser evitadas de futuro, sob a presunção que isso seja para o bem
do país e dos brasileiros.
Convém se aceitar com
normalidade as boas ações do governo, porque todas as metas constantes do
programa de candidato só contêm a realização de bondades, com vistas ao
progresso socioeconômico, ou seja, nada de errado ou falho é previsto nele, o
que significa dizer que tudo de ruim que ele faz diz com a contrariedade do que
foi planejado e é exatamente por isso que é importante a crítica, no sentido
primacial, se possível, do saneamento, do acerto, em benefício da sociedade e
do Brasil.
Impende se ressaltar,
ao contrário do que muitos imaginam, que as boas realizações do governo não têm
o condão de compensar os atos falhos, desviados da finalidade pública, porque
ambos precisam ser avaliados com a devida normalidade e de maneira independente,
merecendo, conforme o caso, o elogio e a condenação, principalmente neste última
situação, porque o seu objetivo é precisamente o sentido do saneamento, em
benefício da sociedade, a exemplo do que é feito nos países sérios e evoluídos,
em termos políticos, administrativos e democráticos.
Assim, parece que nem
precisa ser especialista em psicologia humana para se compreender a realidade
dos fatos, mas é bem provável que as pessoas que se preocupam em criticar os
atos passíveis de avaliação nesse sentido, quanto ao seu melhor aproveitamento
social, com vistas à satisfação do interesse público, podem estar demonstrando,
salvo melhor juízo, muito mais amor ao Brasil do que aquelas que preferem
fechar os olhos para os desvios de finalidade pública e se conformarem com o status
quo, abonando tranquilamente tudo que é feito pelo governo, mesmo que alguns
de seus atos não se enquadrem nos padrões de qualidade referentes ao indispensável
atendimento dos salutares princípios da competência, eficiência, efetividade e
responsabilidade, que são exigidos na administração pública que se preocupa em
realizar a satisfação do bem comum da sociedade.
Brasília, em 11 de agosto
de 2021
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