É preciso que algo seja feito com
urgência por parte das autoridades e da população em defesa do nosso “irmão”, o
jumento, que, nos tempos áureos ele prestou inestimáveis serviços do homem, no
carregamento de materiais pesados, como água, lenha, tijolo, telha, rapadura,
legumes, verduras e tudo que se colocasse no seu lombo.
O alerta foi feito por
pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade
de São Paulo (FMVZ/USP) e também pelo Conselho Regional de Medicina
Veterinária da Bahia, sendo que a tristeza maior da previsão é que os jumentos
podem desaparecer já no próximo ano, ou seja, logo ali em 2022.
Vejam-se que coisa mais triste, absurda e violenta,
conforme levantamento do Ministério da Agricultura, somente no mês de abril
último, foram abatidos para o consumo quase 5,4 mil jumentos, tão somente no
estado baiano.
Dados do governo mostram que, no período de 1995 a
2017, o número de jumentos no estado da Bahia — que sozinho reúne 90% da
população do animal — teve expressiva queda de 300 mil para 93 mil, o
equivalente à redução de quase 70%.
A explicação para esta
deplorável perseguição ao animal está no abate para a venda da pele do animal,
que tem em países como Portugal, Espanha, China e Itália seus principais
destinos.
A pele do jumento tem o composto
principal na produção do ejiao, que é uma espécie de gelatina da medicina
tradicional chinesa, usada para o tratamento de problemas de saúde como
insônia, tosse seca e problemas de coagulação sanguínea.
Uma médica veterinária, que é
diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, fez importante
alerta, no sentido de que “O jumento está no Brasil desde o tempo do
descobrimento e foi se reproduzindo, desenvolvendo espécies que só existem aqui
e que vão acabar. Pelos números apresentados nos levantamentos do próprio
Ministério da Agricultura, a partir do ano que vem, não teremos mais jumentos
na Bahia e nem no Nordeste inteiro”.
A mencionada diretora disse que “Sabemos
que existem interesses econômicos que beneficiam alguns segmentos e fazem essa
prática continuar permitida, apesar dos alertas que já foram feitos. Essa
prática está acabando com os jumentos. A gente não pode admitir uma situação
como essa. Estamos vendo uma verdadeira chacina de uma espécie fundamental”.
Um dos motivos pelos quais o
jumento é muito procurado está no baixo preço cobrado pela venda, cuja
possibilidade da sua extinção conta com a baixíssima taxa de reprodução desses
animais, o que impede que haja maior equilíbrio
entre os abates e os nascimentos, havendo alta progressividade favorável ao seu
desaparecimento.
Registra-se que o abate de
jumentos havia sido proibido em 2018, após intensa movimentação de organizações
de proteção aos animais, mas, em 2019, a prática do abate voltou a ser autorizada,
por meio de regulamentação que não vem sendo fiscalizada de forma eficaz, em
natural prejuízo para a preservação dessa raça tão importante para os sertanejos.
Confesso que tomei sentido
choque quando vi essa terrível notícia, logo envolvendo o amiguinho do coração,
que foi meu companheiro desde tenra infância e por longo tempo, tendo sido meu
fiel companheiro no carrego de tudo que fosse preciso e ele até se acostumava com
o trabalho praticamente rotineiro do dia a dia e da maior importância, justamente
porque ele era insubstituível.
Fico muito triste e desapontado
em ver que a ganância econômica do homem possa contribuir para a extinção de
animal que, pelos menos na minha época, fazia parte da companhia de todas as
pessoas da rocha, justamente porque o jumento era pau para toda obra, tendo
contribuído de forma extraordinária com o carregamento das pequenas cargas, na sua
docilidade de animal que só faltava dizer da sua felicidade de servir ao homem,
pelo menos era isso que eu sentia com a minha efetiva e inseparável parceria
com ele.
Queira Deus que seja possível, o
mais urgentemente, a conscientização das autoridades, das entidades de defesa
dos animais e da população nordestina, no sentido de que se encontre verdadeiro
milagre que resulte na proteção e na salvação da raça dos “irmãozinhos”, que
vivem exclusivamente para fazer o bem e seria muito dolorosa a notícia do seu
desaparecimento logo pela ação do bicho homem, a quem o jumento foi eterno escravo,
que jamais deveria contribuir para a efetividade dessa terrível desgraça.
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