Um jornalista da CNN fez avaliação sobre o governo do presidente da República, tendo afirmado que o quadro mental do mandatário é “para lá de preocupante”, além de detonar os apoiadores dele, os chamando de “fanáticos e imbecilizados”.
O jornalista afirmou precisamente que “Bolsonaro
acha que manda, mas não comanda nada a não ser fanáticos imbecilizados em redes
sociais que não sabem até agora muito bem onde está o ‘Palácio de Inverno’ a
ser tomado e ocupado. Eles são contra um monte de coisas, mas ainda aguardam
uma ordem específica do ‘mito’ sobre em qual direção marchar e qual inimigo
precisam aniquilar”.
Nas redes sociais, as referidas declarações
causaram polêmica, porque apoiadores do presidente rebateram afirmando que
existe uma conspiração contra o mandatário brasileiro.
A aludida declaração foi prontamente rebatida por um comentarista da Jovem Pan, que se inclui como defensor do presidente, tendo
dito que “William Waack ridiculariza a tese de conspiração contra Bolsonaro,
chama seus apoiadores de ‘fanáticos imbecilizados’ e afirma que o ‘arruaceiro
institucional’ pode se tornar inelegível pelos tribunais superiores. Ah, e diz
que Bolsonaro não tem as ruas também. Será que não?!”.
O presidente do país realmente estabeleceu linha de
comando extremamente personalista, tendo inclinado para a construção do pensamento
próprio do que se denominou de bolsonarismo, que tem como princípio enorme
dificuldade para entender o real significado do que seja presidir a nação com
as grandezas do Brasil, na compreensão convencionada de estadista, que normalmente precisa se
amoldar aos princípios republicanos do respeito à liturgia inerente à relevância
do cargo de mandatário da nação, em estrita obediência às condutas de
tolerância, sensatez, serenidade e respeito às instituições do Estado.
Até o presente momento, depois de quase de três
anos que se deu a sua posse, o presidente, com vistas àqueles mandamentos, ainda
não conseguiu fazer as pazes com o trono presidencial, posto que ele foi de
fato investido no relevante cargo, mas até agora não conseguiu assumir, em especial, as
verdadeiras atribuições previstas constitucionalmente para serem desempenhadas
como o estadista predestinado a unir os brasileiros em um só propósito de unidade
nacional, para a conquista do progresso socioeconômico, tão ansiado por todos.
A verdade é que até agora o presidente não passa um
dia sem criar polêmica, confusão, atrito com integrantes de outros poderes, talvez
para se manter na mídia, tendo desempenho notória e absolutamente incompatível com
as suas funções presidenciais, que seriam exatamente na incessante perseguição dos
bons propósitos de pacificação e união nacional.
Enquanto o presidente se preocupa em se manter em
evidência no noticiário, por meio de suas notórias aparições, certamente que muitas
matérias de interesse da sociedade poderiam realizadas no seu governo, em
especial com a construção de obras e serviços em benefício da população.
Não há dúvidas de que há enorme perda de tempo com muitos de seus pronunciamentos, alguns dos quais inúteis e improdutivos, por que eivados de agressões e acusações que somente servem para evidenciar o tamanho do seu nível como homem público, que consegue, com suas atitudes, muitas vezes, inadequadas à relevância do cargo presidencial, fazendo com que ele se distancie do verdadeiro estadista que se espera dele.
É mais do que sabido que, para o estadista, é
reservada a missão nobre de cuidar e zelar, com competência, sensatez, eficiência,
efetividade e responsabilidade, em especial, as funções estritamente reservadas
à sua incumbência presidencial, que é algo que o atual presidente do país realmente demonstra desconhecer, evidenciando completo interesse em se especializar em conseguir
mecanismos capazes de engendrar a ruptura das estruturas das instituições da
República.
Sob
esse prisma, o presidente do país se encaminha para conseguir se consagrar em sucesso,
depois de conscientizar seguidores para encampar o seu projeto político, com o abraçamento
da sua grandiosa causa, no sentido de marcharem em direção à sonhada ruptura institucional,
tendo como pretexto a mobilização de seus fiéis apoiadores, logo na data
comemorativa do Dia da Independência do Brasil, diante da evidência de que eles
não também conseguem raciocinar o suficiente para enxergar os reais perigos que
isso pode resultar em negativo para os interesses do Brasil.
Pelo que se anunciam, por meio de lideranças com origem
nas casernas, o surgimento, no embalo dessa mobilização, da exigência, na base
da imposição, de ordem expressa, para se fazer na marra, com o claro aviso
de "ou resolve ou resolve", como dessa maneira estão falando os brutos, segundo os
intelectualizados do movimento, no sentido de que eles vêm a Brasília com o
exclusivo intuito de resolver apenas dois probleminhas, quais sejam: a implantação
do voto impresso e a deposição, ou seja, o afastamento definitivo de ministros
do Supremo Tribunal Federal.
O preciso exemplo da barbárie que está prestes a
acontecer no Brasil, com o respaldo do presidente do país, pelo menos em termos
de planejamento, é mostrado pelos líderes do movimento que elegeu dia especial para
anunciar a sua loucura ao mundo, conforme a síntese a seguir.
“(...) O poder emana do povo. E é isso que nós vamos fazer valer. (...) O que nós queremos são duas coisas muito claras. Essas coisas em Brasília. (...) O voto impresso com contagem pública de cem por cento dos votos, nas sessões eleitorais, (...) e a retirada, por impeachment ou outra forma qualquer, dos nove que rasgam a Constituição, mentem, tramam, conspiram e cometem crimes diversos, a todo tempo. (...) Essas duas causas são inegociáveis. Vão ser resolvidas dia 7, de uma forma ou de outra. (...) O mundo vai saber que o povo que quis, que foi necessário. Não foi golpe coisa nenhuma, porque povo não dar golpe. O povo é o patrão. (...) Isso é serviço para os brutos. No dia 8, nós vamos resolver o problema. Vai ser resolvido em dois dias. Tem que acabar com essa palhaçada. As duas propostas têm que ser imediatamente aceitas. (...) Nós queremos que eles sejam calados e afastados. Eu não tô pregando agressão, mas a imposição. (...) Nós vamos chamar o cara do fuzil. Nós vamos entrar e as Forças Armadas vão atrás. (...) Dia 7 vai ser resolvido. Depende do povo brasileiro. (...) O presidente está chamando para São Paulo, porque Brasília vai ficar para os brutos (...)”.
Causa espécie que nem o presidente do país e muito
menos os chamados fanáticos conseguem perceber que isso tem o nome de golpe e
essa palavrinha somente funciona fora das quatro linhas da Constituição, que o
chefe do Executivo prometeu observar e cumprir, com rigorosa fidelidade, no ato
solene de posse, perante a nação.
Pode-se até se alegar que a imposição de medidas
extravagantes, porque de nítida exceção democrática, como aquelas que se
pretendem aprová-las na marra e em caráter de urgência, em, no máximo, dois
dias, segundo o anunciado por lideranças do famigerado movimento, é somente da
vontade da população.
Acontece que os apoiadores do presidente do país estão
se esquecendo de que o mandatário já anunciou a sua disposição de participar da concentração
de pessoas em Brasília, pela manhã, e em São Paulo, à tarde, fato este que tem
o condão de caracterizar a cumplicidade dele nesse infame e tresloucado ato com
a presença de apoiadores insensatos e inconsequentes, em especial porque são todos
que participarem desse movimento mais desastroso que se poderia imaginar para nação
séria, evoluída e civilizada, em que seus dirigentes devessem ter o mínimo de
consciência sobre o tamanha da loucura que jamais poderia ser aprontada contra o
Brasil.
É possível que as medidas pretendidas, conforme indicadas acima, estejam em harmonia com a vontade de brasileiros, que as elegeram como necessárias, mas a sua implementação jamais pode ser na ponta do fuzil, como eles estão querendo, porque isso fere os direitos adquiridos e a ordem jurídica, a ferir de morte os princípios constitucionais.
Os princípios do bom senso e da racionalidade aconselham que, para esses casos, à luz do Estado Democrático de Direito, é preciso seguir os caminhos rigorosamente recomendados pelo ordenamento jurídico do país, diante da irremediável caracterização de golpe, que não se admite, por hipótese algum no genuíno exercício da democracia.
Espera-se que os deuses da democracia, da
sensibilidade, da inteligência, da razão e de tudo o mais que possa contribuir
para abrir e escancarar as mentes do presidente da República e de seus
seguidores, de modo que o espargir dos fluidos generosos e benfazejos seja capaz
de mostrar a realidade dos fatos monstruosos que eles pretendem promover contra
os princípios republicano e democrático.
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