Na atualidade, os horizontes da política estão mais
do que sombrios com os movimentos nada democráticos liderados pele presidente
da República, ao promover guinadas estratégicas junto aos seus seguidores, no
sentido da mobilização de apoio a possível golpe institucional, sob o argumento
maquiavélico de que “eu faço o que povo quiser”, para a independência do
Brasil.
Essa
é a fórmula ideal de colocar a decisão presidencial na boca do povo, tem tudo
do populismo no sentido de se afirmar que a medida de exceção pretendida tem a
chancela do povo, como que o presidente do país dizendo e afirmando que foi
obrigado a seguir a vontade do povo, a partir do momento que ele sentir que o
apoio popular é suficiente para respaldar as suas insensibilidades políticas,
em que pese ele ponderar que vem agindo dentro das quatro linhas da Constituição,
quando o seu sonho de consumo só tem um nome: golpe à vista.
A pretensão presidencial fica patente diante da sua
disposição de esticar a corda ao máximo, mesmo sendo alertado por importantes aliados
e especialistas políticos de que as incursões dele contra autoridades da República
estão completamente fora do manual presidencial de prudência e respeito à liturgia
do cargo.
Na verdade, o golpe de Estado, em plena crise
política, econômica e outras da maior gravidade, com o enfrentamento das
questões resultantes da pandemia do coronavírus, é algo bastante indesejável
para os interesses dos brasileiros que têm o mínimo de sensatez e
responsabilidade, que certamente vislumbram sim pela imediata e verdadeira
revolução na administração do Brasil, mas no sentido completamente inverso do planejamento
presidencial, tendo como parâmetro de pensamento a união nacional, no sentido
de que os brasileiros precisam se unir e juntar esforços para o soerguimento dos
valores nacionais, que foram perdidos nos últimos tempos, com o desgaste de discussões
inúteis, que contribuíram para a colocação do caos pelo qual vem atravessando o
país, com fortes prejuízos para a sociedade.
É possível que pouquíssimas sejam as pessoas com a
mesma mentalidade vazia do mandatário do país se interessam em tocar adiante o
golpe no Brasil, que certamente seria coroado com o encaminhamento da nação para
o abismo profundo e desastroso, porque ele é caminho sem volta, com futuro ainda
mais tenebroso e incerto, quando é sabido que tem sido muito difícil a administração
do caos até mesmo no regime de plenas liberdades democráticas.
No momento atual, a ruptura institucional não tem sido
fácil para a obtenção de apoio nem mesmo entre aliados do presidente do pais,
no Congresso Nacional, onde o presidente da Câmara dos Deputados, que é
comandante do famigerado Centrão, já disse que o presidente teria esticado a
corda demais e que precisa recuar nos ataques à democracia, como maneira
necessária para a pacificação nacional.
No outro polo, o presidente do Senado Federal, que o
presidente do pais ajudou a eleger, mandou significativo recado para o
mandatário, com a verdadeira e memorável lição de democracia, ao decidir pelo arquivamento
do absurdo pedido de impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal, sob o
entendimento jurídico de que simplesmente não foi encontrado, no caso, respaldo
constitucional para o seu prosseguimento.
Pelo visto, no Congresso, o presidente do país
encontra pouquíssima guarida para suas tresloucadas e ingênuas ideias de
desestabilização do regime democrático.
À toda evidência, no Poder Legislativo, o apoio
para possível golpe é quase nulo, tendo em vista que o presidente do país
sequer tem partido e o seu comando lá não passa de meia dúzia de parlamentares,
sem força para a aprovação de projeto algum, muito menos desse megalomaníaco
golpe, que seria o tiro de misericórdia nas suas pretensões políticas.
Por seu turno, no Poder Judiciário, o presidente do
país também não pode contar com apoio de absolutamente nada, porque os ministros
têm se mostrado profundos defensores da Constituição e de inabalável
resistência aos atos antidemocráticos.
No fundo, o presidente somente pode contar com o
respaldo de alguns simpatizantes de suas ideias antidemocráticas, entre os
integrantes dessas duas instituições, sendo absolutamente desaconselhável
tamanha aventura em terreno extremamente nebuloso e escorregadio.
À luz da verdade, no âmbito do próprio no Poder
Executivo, a adesão ao projeto golpista do presidente também se mostra incipiente,
começando pelo ministro da Casa Civil, principal integrante do Centrão, que até
já o recomendou que se contivesse e evitasse as manifestações tendentes à desestabilização
das instituições democráticas, cujo entendimento prudencial tem a concordância
dos demais ministros e também da maioria dos oficiais generais das Forças
Armadas, em respeito à continuidade do processo democrático, que realmente é a
linha que precisa ser seguida para o bem do Brasil e dos brasileiros.
Na verdade, o que parece ainda segurar o acelerado
processo à ruptura institucional é o comportamento das Forças Armadas, onde o presidente
não tem absoluta influência, à vista das dissidências ouvidas sobre o seu
insano e retrógrado processo de golpe com o envolvimento dos militares em seu
projeto de se perpetuar no poder, porquanto até agora nenhum integrante do alto
escalão do Estado Maior se manifestou favorável ao rompimento do processo
democrático.
Muitos militares graúdos têm absoluta consciência
de que o regime de exceção de 1964 foi enorme equívoco e que os fardados devem
se ater às suas atribuições constitucionais de cuidar da manutenção da integração
nacional, da ordem pública e da segurança do Brasil, tendo em vista possíveis ameaças
externas ou de instabilidade social, que, felizmente, são fatos que estão
distanciados dos horizontes brasileiros.
Enfim, a única e maior preocupação ainda
remanescente é o ativismo de bando de militantes, ao que parece despreparados
politicamente e insensíveis à realidade dos perigos resultantes do golpe
engendrado por governo insensato e inconsequente, que somente pensa na realização
dos interesses políticos pessoais, depois de ter tramado verdadeiras intrigas
entre os poderes da República, convencendo brasileiros com a mesma faixa de
sintonia obcecada e anticonstitucional, tendente à desestabilização das instituições
republicana e democrática, que levaria o Brasil ao verdadeiro desastre.
Brasília,
em 26 de agosto de 2021
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