Como é o caso de um
coronel da Polícia Militar de São Paulo, que fez ruidosa manifestação explícita
sobre a situação, tendo sido alertado, em consequência da sua exposição além do
manual militar.
De acordo com a
reportagem publicada em importante jornal, os coronéis ouvidos minimizam a hipótese
de levante generalizado a favor do presidente da República, que se encontra na
expectativa de que o movimento tome o rumo em seu apoio, não importando as
consequências.
Na verdade, alguns
oficiais enxergam as iniciativas do presidente como forma de “cooptação” de militares.
Segundo um coronel da
reserva, que foi chefe do Estado Maior da PM do Rio de Janeiro, o projeto político
do presidente para os militares tem fortes sinais de “arruaceiro” e os
policiais não vão embarcar nesse tipo de ideia, muito mais com viés aventureiro.
Outro coronel, que foi comandante
da PM fluminense, acredita que há “identidade” entre policiais militares
e o presidente do país, tendo ainda o entendimento de que o presidente possa
semear “indisciplina” na corporação.
De acordo com um ex-secretário
nacional de Segurança Pública e coronel reformado da PM de São Paulo, o “entusiasmo”
das tropas em relação ao presidente do país não gera insubordinação.
Por último, um coronel que
foi comandante da PM de São Paulo acredita que o presidente tem índole que “não
consegue viver de forma pacificada” e tenta sim radicalizar parcela das
polícias militares.
Na verdade, nem precisa
de muita experiência sobre militares para se concluir que política é matéria
que precisa ser tratada e cuidada precisamente por quem se dedica às suas
atividades, de modo que o exercício de suas funções possa contribuir para o
benefício da sociedade.
Agora, o militar precisa
se encarregar de cuidar das suas obrigações institucionais, tendo por escopo o
bom desempenho das suas atribuições inerentes à manutenção da ordem pública e
das demais funções da maior relevância para as quais jurou desempenhar com o
amor e o carinho que são próprios dos
heróis nacionais.
Essa ideia insensata do
presidente do país de aceitar a participação de militares no seu plano de
salvação nacional somente demonstra a sua plena incapacidade de raciocinar em
termos realistas sobre as questões nacionais, quando, do contrário, é preciso
se entender a realidade sobre a dicotomia das funções do Estado, no sentido de
que a aceitação de militares fora das suas atividades institucionais pode
perfeitamente comprometer a efetividade do seu trabalho normal, de segurança
pública, na sua essência.
Diante da situação, nem
precisa que o presidente seja alertado sobre a gravidade da participação de
militares fazendo as vezes da população, exatamente porque eles têm incumbência
definida de segurança pública e manutenção da ordem, condição que pode ser
impedida se eles estiverem integrados à multidão como povo.
Convém que se ressalve
que nada impede que os militares que estiverem na reserva fiquem absolutamente
livres para se manifestarem e participarem de todas as formas de apoio ao
presidente, mas os militares da ativa precisam se conscientizar sobre a
natureza especial vinculantes das suas funções de segurança pública, com
maneira da dignificação da sua destinação constitucional de protetores da
sociedade, que não deve ser deturpada por defesa de ideologia política.
A suma importância do
cargo de presidente da República tem, sobretudo, responsabilidade para mostrar
ao seu titular que ele precisa se posicionar, com muitas firmeza e clareza, em situação
como essa dos militares que pretendem declarar apoio em movimento popular, como
partícipes.
Nesse episódio, eles
precisam ficar à disposição das autoridades de segurança pública, para a real
necessidade de intervenção, caso eles estejam em folga e não participando de convocação
em apoio ao presidente do país, que bem poderia perceber o quão é grave a sua
tolerância diante de situação tão delicada, a ponto de se exigir aconselhamento
de ponderação, para que possam prevalecer o equilíbrio, o bom senso e racionalidade
no seio dos militares.
Convém que o presidente
da República, para o bem da disciplina e da ordem nas corporações, se
conscientize sobre a necessidade do esclarecimento acerca da competência e da
responsabilidade estatutária dos militares de que o apoio deles às suas metas políticas
é de muita importância, mas a estrita dedicação às suas atividades funções tem
significado essencial para o benefício da sociedade e do Brasil, motivo bastante
para justificar o seu exclusivo trabalho às atividades das corporações.
Brasília, em 31 de agosto
de 2021
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