Momentos
após o presidente do Senado Federal ter rejeitado o pedido de impeachment contra um ministro Supremo
Tribunal Federal, o presidente da República compartilhou vídeo com seguidores,
no qual ele afirma que sabe onde está “o câncer do Brasil”.
No
aludido vídeo, publicado nas redes
sociais, o presidente do país também garantiu que pode vencer a guerra, sem
mencionar qual ela seja.
Segundo
levantamento, o referido vídeo é bem antigo, onde consta trecho de transmissão
ao vivo feita pelo presidente do país, em abril deste ano.
Em
tom ameaçador, bem ao seu estilo, o presidente do país afirma: "Sei
onde está o câncer do Brasil, nós temos como ganhar essa guerra se esse câncer
for curado. Estamos entendidos? Se alguém acha que eu preciso ser mais
explícito, lamento".
Naquela
ocasião, o mandatário brasileiro respondia às críticas em relação ao combate à
pandemia da Covid-19, que se alastrava pelo Brasil e cuidou de imprimir enorme queda
em sua popularidade, somada às decisões do Supremo, que o atingiam e o desagradavam
em cheio.
À
toda evidência a rejeição do pedido de impeachment em tela patenteia flagrante derrota
para o presidente do país, principalmente tendo por base argumento curto e
grosso: “falta de causa jurídica”, mostrando, de forma cristalina que, se o
presidente do país tivesse sido minimamente previdente e sensato, jamais teria
elaborado e dado seguimento a documento com esse teor permeado de precariedade
e insuficiência jurídica, deixando evidenciada total incapacidade para a percepção,
no mínimo, do momento de inconveniência político-administrativa para a adoção de
medidas estritamente incompatíveis com o interesse público.
Diante
da rejeição ao pedido, principalmente tendo por base a falta de causa justa,
fica a nítida impressão de que o presidente do país apenas tentou, em vão, suscitar
assunto de somenos importância, com gravíssimos prejuízos para os interesses do
governo, onde certamente há pletoras questões que reclamam saneamento urgente,
à vista da afirmação de que ele sabe “onde está o câncer do Brasil.” e
nada diligenciou nesse sentido, tendo em conta o longo decorrido desde o mês de
abril, por voltar a citar da sabença do câncer e nada ter feito para debelá-lo,
como é do seu dever, como comandante da nação.
Ora
se o presidente do país já sabia, desde abril, que tinha conhecimento onde se
localizava o câncer do Brasil e, então, por que, de lá para cá, nenhuma medida
foi adotada por ele, de modo que esse mal terrível e devorador só se agigantasse
e tomasse conta do país e do governo, quando este cada vez mais se atola em incompetência
e precariedade, à vista do acúmulo de crises sobre crises, em especial, em
termos políticos, administrativos, econômicos, sem a adoção de nenhuma medida para
combatê-las, pelo menos no que diz à efetividade por parte de quem tem
conhecimento sobre a existência de algo errado?
Neste
caso específico, ao ter anunciado que já tinha identificado o mal terrível,
seria normal que as suas causas deveriam, de pronto, ter sido atacadas com as
garras devoradoras da competência e da eficiência, mas há provas evidentes do
contrário, quando o governo apenas se definha nas teias da inação e da incompetência
e ainda se prontifica em anunciá-las, conforme evidenciam os fatos do cotidiano,
que são realmente notórios.
O
governo, com o mínimo do preparo administrativo, em termos de competência e diligência,
não só teria mostrado, em detalhes, à luz do sagrado princípio da transparência,
a natureza do mal que afeta gravemente o seu funcionamento, mas já teria deflagradas
todas as ações necessárias à sua extirpação.
Não
obstante, o próprio presidente deixa antever a falta de cuidados, com a republicação
de vídeo que ele diz que sabe do que está acontecendo de ruim no país e ele
ainda tem coragem de perguntar: “Se alguém acha que eu preciso ser mais
explícito, lamento?
Na
verdade, precisamente nesse caso, o presidente do país se houve sem explicitação
alguma e, o mais grave, se tornou extremamente omisso, por denunciar a
existência de câncer, sem mencioná-lo, e não se dignar, como é do seu dever
institucional, a adotar as medidas capazes de eliminá-lo, tanto é verdade que o
assunto volta à baila, para piorar ainda mais a sua inabilidade para fazer o
seu dever constitucional.
Na
verdade, nesse caso, a falta de transparência e mais especificamente de medidas
efetivas para combater o câncer anunciado, que somente o presidente da
República tem conhecimento dele, mostram e até podem justificar, com muita
exatidão, o porquê das derrotas dele junto aos poderes Legislativo e Judiciário,
que consistem na inabilidade para a resolução dos graves problemas nacionais,
em clara demonstração de falta de ação administrativa, à vista da repetição da
mesma constatação, que jamais poderia perpetuar sem a devida providência, de
forma enérgica e compatível ao caso.
Brasília,
em 27 de agosto de 2021
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