sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Acefalia econômica

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República afirmou que o pífio desempenho do Produto Interno Bruto, no corrente exercício, teria deixado o governo "perplexo". No seu entendimento, o crescimento maior do que o 1% pode ter ocorrido ainda nas últimas semanas, segundo previsão do Banco Central do Brasil e oficialmente medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tendo em vista que a metodologia aplicada para aferimento do índice pode não ter captado a economia na sua plenitude. Essa autoridade admitiu que o governo estuda a possibilidade de haver alguma imprecisão quanto ao cálculo do PIB, sem adiantar ou explicar se há intenção de serem promovidas mudanças na fórmula adotada. Na realidade, o governo não tem a mínima noção do que é real ou irreal na sua gestão, quando afirma que "Estamos ainda um pouco perplexos, tentando aferir se realmente é esse o PIB real" e que 2013 vai ser o ano do crescimento, ao lembrar que, nos primeiros anos do governo anterior, o PIB também foi muito fraco, porque eles serviram para a montagem do governo. Ele, de forma desleixada e irresponsável, ignora que o atual governo é apenas continuidade do anterior, também petista. Não deixa de ser estranho que autoridade, sem vínculo com a área econômica, questione a adequação ou não da fórmula adotada para o cálculo do PIB, no exato momento em que o desempenho deste é ridículo e longe das metas almejadas. Contrariamente e com toda certeza, essa mesma fórmula jamais seria questionada se utilizada para medir o desempenho extraordinário da economia, o que demonstra total falta de racionalidade e de equilíbrio das autoridades governamentais, que sempre têm a desagradável mania de arranjar culpado para o seu insucesso, quando o certo deveria identificar seus graves erros na condução da economia, que vem sendo administrada mediante políticas equivocadas e afastadas da realidade do contexto mundial, principalmente quanto à necessidade de reformas abrangentes, como forma de combater os gargalos impeditivos aos avanços e à competitividade com os países que já vislumbraram na modernidade e no aperfeiçoamento dos fatores da economia a fórmula mágica para o crescimento econômico. Não há dúvida de que o país não pode crescer se continuar esperando que o milagre econômico desça do céu, como presente dos deuses, sem a indispensável avaliação do conjunto dos fatores econômicos, como custo industrial, carga tributária, reciclagem e aperfeiçoamento da mão de obra, modernização do parque industrial, encargos previdenciários etc., que, no Brasil, contribuem de maneira decisiva para turbinar o custo da produção e dificultar a competitividade, fazendo com que o PIB tenha resultado desastroso, sem melhores perspectivas se não houver priorização governamental para reformulação do atual sistema retrógrado e contraproducente. A sociedade anseia por que o governo desperte da atual letargia gerencial, de modo que a sapiência político-econômica possa influenciar as decisões com vistas à reformulação da economia brasileira, principalmente quanto à sua estruturação à realidade mundial da competitividade. Acorda. Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de dezembro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário