O Ibope, pela primeira vez, mediu o índice de
confiança no Supremo Tribunal Federal, tendo alcançado 54 pontos, da escala até
100, não permitindo avaliação quanto ao reflexo decorrente do julgamento do
mensalão, no período de 136 dias, com a sua evidência nos meios de comunicação.
Por sua vez, o Congresso Nacional demonstrou sensível regressão, com a avaliação
de 35 pontos, em clara evidência de que o conflito entre o Poder Legislativo e
o Supremo teve este órgão como vitorioso, por merecer melhor avaliação em se
tratando do quesito confiança, possivelmente tendo por base o seu
posicionamento firma na condenação dos envolvidos no citado esquema de
corrupção. Nesse caso, a opinião pública presta seu apoio ao órgão do
Judiciário que, enfim, cumpriu, com a dignidade que dele se espera, a sua
competência constitucional, apesar das fortes pressões demandadas sobre a sua
atuação, inclusive do presidente da Câmara dos Deputados, a partir do momento
em que o tribunal decidiu cassar os mandatos dos deputados condenados no
processo do mensalão. Na realidade, das sete instituições pesquisadas, o índice
de confiança do Congresso foi o que inspirou menos confiança na população. Seus
35 pontos são inferiores aos 40 da polícia, 54 do sistema eleitoral e 60 dos
meios de comunicação. Na pesquisa anterior, abrangendo número maior de
instituições, o Congresso foi o penúltimo, com 36 pontos, figurando à frente,
pasmem, apenas dos partidos políticos, estes em último lugar, com 29 pontos,
cuja desconfiança da população em relação aos parlamentares manteve-se
inalterada, depois de seis meses. Das instituições pesquisadas, o Corpo de
Bombeiros lidera a confiança dos brasileiros, com 83 pontos, sendo o órgão que
sempre colhe a melhor avaliação. A verdade é que os Poderes Legislativo e
Judiciário tiveram a avaliação que merecem, sob a ótica do público, que entende
que eles precisam melhorar muito, bastando apenas cumprir suas competências estabelecidas
na Carta Magna. É inacreditável como ainda existem pessoas que dão
crédito a um Congresso que nada produz em benefício da sociedade, tem a maior
remuneração do mundo, incluídos absurdos auxílios, ajudas, verbas de representação
e tantas outras vantagens e mordomias, com comparecimento ao serviço de tão
somente três dias semanais, contando com o quadro de pessoal descomunal.
Sinceramente, é uma irracionalidade o órgão inútil ainda merecer a confiança de
alguém. Os exemplos clássicos da inutilidade dos congressistas são a eterna
falta de apreciação dos vetos presidenciais, desde 12 anos que eles estão sendo
amontoados nos porões do Parlamento, atingindo inacreditáveis 3.060 vetos, e a
falta de aprovação do Orçamento Geral da União, cujas votações estão previstas
como matérias prioritárias e de suma importância no contexto das competências
dos parlamentares, que, de forma vexatória e irresponsável, não tiveram a
dignidade de apreciá-las tempestivamente, apesar de terem recebido seus régios
vencimentos sem atraso, desembolsados pelos sacrificados contribuintes, que têm
a obrigação legal de pagar em dia escorchantes tributos. A sociedade tem o
dever cívico de eleger seus representantes no Congresso entre brasileiros
cônscios da sua responsabilidade quanto ao fiel cumprimento dos seus deveres
previstos na Constituição Federal, de maneira que as atuais desaprovação e
desconfiança do Poder Legislativo sejam transformadas em produtividade, moralidade,
eficiência e eficácia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de dezembro de 2012
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