sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Desprezo à competência

Uma das mais importantes revistas do mundo econômico, a "The Economist", declarou que o mercado perdeu confiança no ministro da Fazenda brasileiro, após o resultado frustrante do Produto Interno Bruto, no terceiro trimestre, com a insignificante alta de 0,6% sobre o trimestre anterior. A revista, afirmando que a presidente da República é pragmática e se ela é assim, deveria demitir o titular da Fazenda, em razão de as suas previsões excessivamente otimistas terem ajudado a perder a fé dos investidores. Ela acha que conviria a indicação de nova equipe econômica com capacidade para o restabelecimento da confiança dos negócios. Ainda no entendimento da revista, há dois anos, logo depois da eleição da presidente, a economia vinha em expansão, mas em seguida “estacionou” e, no momento, ela vem lutando para se recuperar. Em que pesem os esforços “frenéticos” de estímulo, a “criatura moribunda”, tendo crescido, no terceiro trimestre, tão somente a metade do previsto pelo setor econômico. A sugestão da revista levou em conta os esforços governamentais para estimular o crescimento, citando o corte na taxa de juros para 7,25%, a mínima da sua evolução histórica; as desonerações de folhas de pagamento de empresas; os planos de investimento em infraestrutura; e a previsão de corte nos custos de eletricidade. Não obstante, os investidores estão cautelosos porque o governo “interfere demais”, disse a revista. Por último, a sua opinião é a de que a presidente parece acreditar que o estado deve dirigir as decisões sobre investimentos privados, o que caracteriza microinterferência na confiança do sistema macroeconômico, sendo preferível que o governo redobre os esforços para baixar drasticamente o altíssimo custo Brasil, deixando que o setor produtivo privado tenha condições de progredir com naturalidade. Em resposta à sugestão em apreço, a presidente afirmou que o Brasil não vai acatar de "maneira alguma" a sugestão da revista britânica "The Economist", tendo asseverado que “... em hipótese alguma, o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto do povo brasileiro vai ser influenciado por uma opinião de uma revista que não seja brasileira". Ela entende que o país tem tido crescimento econômico, ainda que no patamar de 0,6% no último trimestre, enquanto outras nações estão em fase de desenvolvimento decrescente. Ao invés de a presidente aproveitar as valiosas e especializadas sugestões para fazer avaliação de alto nível sobre a alarmante quebra de confiança dos investidores, altamente prejudicial à economia do país, preferiu menosprezá-las, considerando-as incorretas, ao estranhar o fato de nunca ter ouvido um jornal ou uma revista recomendar exoneração de ministros, quanto mais partindo de país em condições econômicas piores do que as do Brasil. Não deixa de ser sintomática a sugestão sobre a exoneração do ministro, por parecer que a revista inglesa se contrapõe às recentes críticas da mandatária tupiniquim, quando da sua última visita à Europa ela teve a ousadia de censurar as políticas de austeridades defendidas pelos países europeus, com a finalidade de combate à terrível crise econômica que assola o velho mundo. Por seu turno, as medidas brasileiras de estímulo à economia, tomadas pelo governo, permitiram, ao contrário, o declínio do desenvolvimento do país, demonstrando que há necessidade de mudanças estruturais, embora a incompetência governamental não atente para o perigo da sua inércia generalizada. A sociedade anseia por que o governo tenha a competência de promover urgentes reformas estruturais do Estado, com abrangência nas políticas econômicas, tributárias, previdenciárias, político-eleitorais etc., de modo que sejam extirpados os gargalos patrocinados pela incompetência, permitindo que as metas e ações de progresso e desenvolvimento sejam os verdadeiros vetores deste país gigante. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de dezembro de 2012

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