Diante de mais uma
prova de irresponsabilidade do Congresso Nacional, o Orçamento Geral da União,
para o exercício de 2013, somente será votado no próximo dia 5 de fevereiro,
segundo acordo firmado entre as lideranças partidárias. A votação de projeto
tão importante para a governabilidade do país ocorrerá após o retorno dos
parlamentares do período de recesso legislativo e a escolha dos integrantes das
novas mesas diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Como o Orçamento
não foi aprovado antes do recesso legislativo, na linha da tradição do
Congresso de realizar a última sessão do ano para tal finalidade, o Executivo não
pode gastar no ano seguinte as verbas previstas para novos projetos, segundo
estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Embora a paralisia dos
investimentos possa ocorrer somente nos meses de janeiro e fevereiro,
considerado o tempo para votação e sanção presidencial do projeto, não resta a
menor dúvida de que a irresponsabilidade dos congressistas há de causar sérios
prejuízos à sociedade, diante da demora com vistas ao início das obras
pertinentes, fato este que não foi levado em conta pelos “ilustres”
representantes do povo. Com a finalidade de amenizar as trapalhadas do
Congresso, o governo foi obrigado a editar medidas provisórias, para garantir
investimentos em programas que ficariam prejudicados sem a lei orçamentária e
pagamentos essenciais no setor público, além da regulamentação do reajuste do
salário mínimo, com vigência já a partir do primeiro dia do ano. Na realidade, o
governo deve se ater à regra prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que
permite a utilização de 1/12 do Orçamento apenas para despesas específicas e de
custeio. O péssimo exemplo dos parlamentares brasileiros de não assegurarem a
eficiência quanto à responsabilidade no cumprimento dos seus deveres funcionais
já se tornou recorrente e contumaz, sempre em prejuízo das causas nacionais,
sem que a sociedade exija deles postura digna de representante do povo.
Enquanto houver essa prática de desleixo dos congressistas, descompromissados
com o estrito cumprimento dos seus deveres funcionais, há total cabimento para
que se possa afirmar, infelizmente, que o Brasil não é mesmo um país sério.
Ressalte que, neste mês, o Congresso Nacional foi avaliado, conforme pesquisa
realizada pelo Ibope, cujo índice, entre as instituições participantes, foi de
36 pontos, só ganhando de outra instituição igualmente desacreditada, qual
seja, os partidos políticos, justamente em razão das práticas e atitudes
contrárias à dignidade de verdadeiros parlamentares. O certo é que os
congressistas recebem seus régios vencimentos em dia, mas eles não mostram a
dignidade no cumprimento dos seus deveres constitucionais, quando somente
comparecem três dias ao trabalho, sem tempo para a apreciação dos vetos
presidenciais, do Orçamento Geral da União e de outras matérias prioritárias e
consideradas de suma importância para o país. A sociedade tem o dever de exigir
que seus representantes no Congresso Nacional trabalhem, produzam e cumpram
suas obrigações constitucionais, de modo a fazerem jus aos seus elevadíssimos
vencimentos, que são pagos religiosamente em dia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de dezembro de 2012
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