sábado, 1 de dezembro de 2012

Homenagem imerecida

Segundo reportagem publicada no jornal O Globo, o ex-presidente da República petista “roubou os holofotes da atriz italiana Sophia Loren na cerimônia de apresentação do calendário Pirelli 2013”. Ele, que foi um dos últimos a chegar à festa celebrada no Píer Mauá, desviou a atenção inclusive dos famosos estrangeiros, como atores e atrizes presentes. No evento, o presidente de uma empresa de pneus prestou-lhe homenagem com um prêmio por seu trabalho à frente do governo brasileiro. No seu discurso, o político, a par de elogiar a nominada atriz, ao dizer que ela é a maior estrela da noite, avaliou os avanços econômicos e sociais do país nos últimos anos, acreditando que o Brasil passou a ser mais “respeitado no mundo”. Ao mencionar que “O Brasil não desperdiçará o século 21, como fez com o 20” e que, no seu governo, 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza extrema e 40 milhões ascenderam à classe média, o ex-presidente foi aplaudido. Não deixa de ser lamentável que a empresa de pneus associe a figura da deusa do cinema mundial, pessoa prestigiada internacionalmente, à imagem de quem, no momento, tem andado se escondendo da imprensa, fugindo dos jornalistas, não respondendo aos pedidos de entrevista, em razão de ter seu nome envolvido com o escândalo do mensalão, sendo acusado de ser o chefe do esquema fraudador da gestão pública, ou seja, o corrupto-mor, por ter se beneficiado das operações objeto dos fatos julgados pelo Supremo Tribunal Federal. A sociedade lamenta que se preste homenagem a um cidadão que loteou o estado brasileiro para companheiros, aliados, de forma fisiologista, em prol de projeto de hegemonia política, contribuindo para fomentar a corrupção no seu governo; turbinou laços de dependência dos mais pobres com o Estado, mediante diversas bolsas e outras benesses assistenciais, objetivando se eternizar no poder; foi incapaz de promover, ainda que mínimas, reformas estruturais; renegou os programas econômicos do seu antecessor, mas os encampou no seu governo; foi completamente incapaz de criar programas de governo; deixou de investir na infraestrutura visando ao progresso do país; decanta melhorias sociais ancorada em mero marketing de governo, porque qualquer presidente medíocre teria feito o múltiplo do que foi realizado, a exemplo da atual mandatária que tem desempenho, embora ruim, pouco melhor do que o seu; entre outras deficiências que contribuíram para acentuar o atraso socioeconômico da nação. Não deixa de ser lamentável o texto do título da reportagem, ao afirmar que o petista teria roubado os holofotes da atriz italiana, por funcionar como infeliz ironia, ao suscitar literalmente o peso da fama do político, diante de tantas insinuações feitas em relação à sua reputação de solidariedade à corrupção e à delinquência. Diante do legado de sujeira e de desonestidade atribuído ao ex-presidente, a sociedade sente-se ultrajada e humilhada quando pessoa como ele, indiferente às causas nacionais, ainda é homenageada, por ficar a sensação ruim de injustiça quanto à realidade sobre a vida púbica de um político que não condiz em absoluto com a grandeza moral e ética do Brasil, principalmente pelo fato da relutância quanto à omissão da verdade lamacenta e infecta do seu governo, tão repleto de indignidades e de fatos vergonhosos, segundo as apurações dos órgãos competentes. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de dezembro de 2012

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