quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Incoerência monumental

No torvelinho das graves denúncias sobre possível envolvimento do ex-presidente da República petista no “famoso” esquema do mensalão, o líder do PT na Câmara dos Deputados conseguiu aprovar convite para que o ex-presidente da República tucano compareça em comissão do Congresso Nacional. O líder petista pretende que o tucano esclareça o suposto esquema de corrupção que teria sido implementado no seu governo, com a finalidade de abastecer os caixas de campanha de candidatos do PSDB. Não deixa de ser estranha a aprovação dessa medida, no momento em que o furioso furação se volta em direção ao político petista. Esse fato constituir represália contra a oposição, que pretendia convidar o operador do mensalão, autor das fortes denúncias contra o ex-presidente petista, vinculando-o ao mensalão, para falar sobre seu depoimento à Procuradoria Geral da República. O petista suscita o caso sobre suposto esquema criado no governo tucano e aflorado na CPI do Correios, em 2005, consistindo no surgimento da “Lista de Furnas”, que apontava supostas doações a políticos da base aliada do ex-presidente. Ao que se tem conhecimento, a mencionada lista foi considera falsa pelos órgãos de investigação, dando por encerrado o caso. Como é peculiar aos governistas, a indicação desse caso já sepultado poderá servir para desviar o holofote da mídia das possíveis falcatruas protagonizadas pelo ex-presidente petista, quando, na verdade, a aprovação em si, servirá para que o ex-presidente tucano se apresente ao Congresso, sem constrangimento, e de forma diplomática, como é da sua formação intelectual, deixe explícita a obrigação de o ex-presidente petista também comparecer ali, para esclarecer as inúmeras denúncias de irregularidades vinculando sua pessoa aos gigantes escândalos do mensalão e da operação Porto Seguro, o último a ser deflagrado pela Polícia Federal. Na realidade, o líder petista imaginou que a sua fúria incandescida poderia atingir a dignidade do ex-presidente tucano, mas, ao contrário, ele poderá ter que suportar os efeitos retardados do famoso tiro pela culatra, em que se mira determinado alvo e o resultado, na prática, será diferente, ou seja, caso o ex-presidente petista não se digne comparecer voluntariamente ao Congresso, a sua situação e a do seu partido simplesmente podem se complicar, por ficar claro que esses governistas ainda não aprenderam respeitar os princípios democráticos da transparência e da prestação de contas sobre os fatos objeto de acusações vinculando-os a possíveis irregularidades. Conviria se atentar que, no Estado Democrático de Direito, o que parece não ser o caso vivido no país tupiniquim, os direitos e as obrigações são iguais para os cidadãos, conforme preceitua, a princípio, a sua Carta Maior, mas, infelizmente e de forma absurda, os governistas colocaram o "todo-poderoso" numa redoma logo após as denúncias vinculando-o ao maior escândalo político da história republicana. O que se verifica, no caso em comento, é que o ex-presidente petista foi blindado com áurea da imunidade sobre quaisquer suspeitas e não tem obrigação de esclarecer absolutamente nada, enquanto as demais pessoas são passíveis a convocação, contrariando a racionalidade democrática, inclusive para falar sobre fato que já foi objeto de apuração por CPI, que o considerou inconsistente. A sociedade precisa se conscientizar com urgência sobre a necessidade de exterminar do cenário político os cidadãos públicos hipócritas e sem ética, exigindo dos seus sucessores a fiel observância aos princípios da moralidade, legalidade e transparência no exercício das funções públicas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de dezembro de 2012

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