quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Investigação urgente

Conforme reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo", o operador do mensalão e condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 40 anos de prisão, em longo depoimento à Procuradoria Geral da República, declarou que o ex-presidente da República petista, além saber da existência do esquema do mensalão, autorizou empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT, com a finalidade de alimentar os cofres responsáveis pelo pagamento de propina a parlamentares. Ele disse que parte do dinheiro serviu para pagamento de "despesas pessoais" do político petista. Os partidos da oposição demonstraram interesse no sentido de que o operador preste explicações à nação, na tribunal do Congresso Nacional, como forma de se buscar transparência sobre os fatos denunciados, colocando-os à luz da verdade, para que a sociedade dela tome conhecimento. Embora o Instituto do ex-presidente tenha se antecipado que ele não pretendia se manifestar acerca da reportagem, assim mesmo o ex-presidente disse que “Não posso acreditar em mentiras", ou seja, ele concluiu que as denúncias não passavam de inverdades. É extremamente lastimável que a autoridade que ostenta áurea de mito brasileiro, título conquistado sob mentiras e armações, não tenha a dignidade de se apresentar ao seu fiel povo, para se defender de graves acusações, que o qualifica como chefe de quadrilha e participante de esquemas de desvio de dinheiros públicos, preferindo que seus aliados se esmerem na sua inócua defesa, porque os fatos continuam obscuros e não esclarecidos perante à sociedade. Saltam aos olhos os gigantescos esforços dos governistas na montagem de argumentos, operações e contrarrazões destinados à blindagem do “todo-poderoso”, evitando que haja a convocação do relator do mensalão, para que ele esclareça com detalhes e inclusive provas, de forma convincente, a vinculação do ex-presidente com o maior escândalo da história republicana. É inacreditável como os órgãos competentes demonstram verdadeiro temor na apuração de fatos denunciados, deixando de cumprir a sua competência institucional, em nítida infringência ao ordenamento jurídico e às normas constitucionais e legais aplicáveis à espécie. Em muitos casos que envolvem fatos insignificantes e pessoas pouco importantes, as apurações são promovidas em ritmo acelerado e no primor dos levantamentos. A reafirmação do Estado Democrático de Direito não permite vacilo quanto à obrigação de investigar os fatos denunciados, não importando quem seja o envolvido, porque diante da lei não existem privilégios nem mesmo para ex-presidente da República. Não é mais admissível, diante da evolução da história contemporânea, que prevaleça o direito da dúvida contra a verdade, que seria revelada caso houvesse a irrecusável investigação, como deve, cujo resultado serviria para afastar o descrédito e a desconfiança sobre a legitimidade da recente gestão do patrimônio da nação. Seria bastante salutar para a consolidação da democracia se todos os fatos irregulares denunciados fossem apurados, a bem da verdade e transparência, a exemplo do que ocorre nos países desenvolvidos, onde os corruptos se acusam e são devidamente punidos, na forma da lei, diferentemente do que acontece no país tupiniquim, onde os suspeitos sequer são investigados e muito menos punidos, porque estão protegidos com o manto da completa desonestidade, em prejuízo da dignidade e da moralidade. A sociedade tem que se conscientizar com urgência sobre a necessidade de defender o brio de ser brasileiro de verdade e a dignidade na prática dos atos públicos, exigindo que os enganadores, inescrupulosos e os lesas pátrias sejam extirpados da vida pública nacional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de dezembro de 2012

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