Conforme
reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo", o operador do mensalão e
condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 40 anos de prisão, em longo depoimento
à Procuradoria Geral da República, declarou que o ex-presidente da República petista,
além saber da existência do esquema do mensalão, autorizou empréstimos dos
bancos Rural e BMG para o PT, com a finalidade de alimentar os cofres
responsáveis pelo pagamento de propina a parlamentares. Ele disse que parte do
dinheiro serviu para pagamento de "despesas pessoais" do político
petista. Os partidos da oposição demonstraram interesse no sentido de que o
operador preste explicações à nação, na tribunal do Congresso Nacional, como
forma de se buscar transparência sobre os fatos denunciados, colocando-os à luz
da verdade, para que a sociedade dela tome conhecimento. Embora o Instituto do
ex-presidente tenha se antecipado que ele não pretendia se manifestar acerca da
reportagem, assim mesmo o ex-presidente disse que “Não posso acreditar em mentiras", ou seja, ele concluiu que as
denúncias não passavam de inverdades. É extremamente lastimável que a
autoridade que ostenta áurea de mito brasileiro, título conquistado sob
mentiras e armações, não tenha a dignidade de se apresentar ao seu fiel povo,
para se defender de graves acusações, que o qualifica como chefe de quadrilha e
participante de esquemas de desvio de dinheiros públicos, preferindo que seus
aliados se esmerem na sua inócua defesa, porque os fatos continuam obscuros e
não esclarecidos perante à sociedade. Saltam aos olhos os gigantescos esforços
dos governistas na montagem de argumentos, operações e contrarrazões destinados à blindagem do
“todo-poderoso”, evitando que haja a convocação do relator do mensalão, para
que ele esclareça com detalhes e inclusive provas, de forma convincente, a
vinculação do ex-presidente com o maior escândalo da história republicana. É
inacreditável como os órgãos competentes demonstram verdadeiro temor na
apuração de fatos denunciados, deixando de cumprir a sua competência
institucional, em nítida infringência ao ordenamento jurídico e às normas
constitucionais e legais aplicáveis à espécie. Em muitos casos que envolvem
fatos insignificantes e pessoas pouco importantes, as apurações são promovidas
em ritmo acelerado e no primor dos levantamentos. A reafirmação do Estado
Democrático de Direito não permite vacilo quanto à obrigação de investigar os
fatos denunciados, não importando quem seja o envolvido, porque diante da lei
não existem privilégios nem mesmo para ex-presidente da República. Não é mais
admissível, diante da evolução da história contemporânea, que prevaleça o
direito da dúvida contra a verdade, que seria revelada caso houvesse a
irrecusável investigação, como deve, cujo resultado serviria para afastar o
descrédito e a desconfiança sobre a legitimidade da recente gestão do
patrimônio da nação. Seria bastante salutar para a consolidação da democracia
se todos os fatos irregulares denunciados fossem apurados, a bem da verdade e
transparência, a exemplo do que ocorre nos países desenvolvidos, onde os
corruptos se acusam e são devidamente punidos, na forma da lei, diferentemente do
que acontece no país tupiniquim, onde os suspeitos sequer são investigados e
muito menos punidos, porque estão protegidos com o manto da completa
desonestidade, em prejuízo da dignidade e da moralidade. A sociedade tem que
se conscientizar com urgência sobre a necessidade de defender o brio de ser
brasileiro de verdade e a dignidade na prática dos atos públicos, exigindo que
os enganadores, inescrupulosos e os lesas pátrias sejam extirpados da vida
pública nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de dezembro de 2012
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